Aventuras Fantásticas: uma jornada que transformou leitores em heróis

 

Ailton Silva dos Santos

Mestre em História (PROHIS/UFS)

Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)

E-mail: ailton@getempo.org

 

Capa da primeira versão do livro, “O Feiticeiro da Montanha de Fogo” (1985), publicada no Brasil. Link: https://gamebooks.org/Item/3442/Editions

Em um mundo cada vez mais instantâneo e dominado por telas, o ato de ler se torna um desafio para muitos. Mas, e se a leitura fosse uma aventura dinâmica, repleta de escolhas que moldam o destino do protagonista e em que cada página direciona para um acontecimento inesperado? É aí onde brilham as Aventuras Fantásticas, série de livros inspirados nos livros-jogos (1960 – 1970) e no RPG de mesa, sobretudo o Dungeons & Dragons (1971).

Essa história se inicia em 1975 com a Games Workshop, uma empresa fundada pelos amigos Ian Livingstone, Steve Jackson e John Peake. Inicialmente, focavam em jogos de tabuleiro, mas, em 1980, os dois primeiros tiveram a ideia de misturar RPG com livros interativos e assim nasceu a série “Fighting Fantasy”, que no Brasil recebeu o nome de Aventuras Fantásticas.

Dois anos depois, o primeiro livro da série, intitulado “O Feiticeiro da Montanha de Fogo”, foi lançado no Reino Unido e alcançou 20 mil cópias vendidas em poucas semanas. Com o sucesso do primeiro livro, novos títulos foram lançados a cada ano, expandindo o universo fantástico e cativando mais leitores. Entre os livros mais aclamados, estão “A Cidadela do Caos” e “A Floresta da Destruição”, que introduziram novos personagens, monstros e desafios para os heróis.

As obras se mantiveram em alta durante treze anos, nos quais foram publicados um total de 59 livros e vendidos mais de 15 milhões de cópias em todo o mundo. O sucesso comercial consolidou a série como um marco no gênero e influenciou diversas obras em variadas mídias que surgiram posteriormente.

No entanto, em 1995, a série de livros foi encerrada e as razões para o cancelamento nunca foram completamente esclarecidas. Contudo, em 2002, a editora Wizard Books a reviveu em novas edições revisadas, mas mantendo o conteúdo original. Entre 2002 e 2007, a editora, que agora detinha os direitos autorais, publicou 29 livros escritos por autores contemporâneos. Essa fase simbolizou a renovação do interesse pela saga e atraiu uma nova geração de fãs.

Mais que um livro, as Aventuras Fantásticas são experiências literárias interativas que colocam o leitor no centro da história, permitindo que ele faça escolhas que moldam o desenrolar da narrativa, a partir do lançamento de dados de seis faces, cuja soma do resultado define o que vai acontecer ou em qual página do livro a leitura deve continuar. Portanto, cada decisão leva a um novo caminho, criando uma vivência única e personalizada para cada leitor/jogador. Pois, ao longo da aventura, ele se depara com desafios, enigmas e problemas que precisam ser solucionados para avançar na história.

Além de incentivar a leitura e o aprendizado, tais obras possibilitaram e ainda possibilitam o desenvolvimento da criatividade e da imaginação, pois são um portal para o mundo da leitura e do conhecimento. Uma produção atemporal que, em 2017, foi continuado pela editora Scholastic a partir do lançamento de “The Port of Peril”, escrito por Ian Livingstone, um dos autores originais da série. Entrementes, segue sendo editada e publicada no mundo há mais de 40 anos e, no Brasil, a editora Jambô publica os livros até hoje.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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