Maria Luiza Pérola Dantas Barros

Doutoranda em História Comparada (PPGHC/UFRJ)

Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)

Que atire a primeira pedra quem, enquanto estudante, nunca se questionou sobre a utilidade em estudar um determinado assunto. Talvez, entre nós, haja alguns que se perguntem sobre o motivo em se estudar a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), passados mais de 80 anos de seu início. Qual seria a relevância dessa temática para nós?

Muitas são as justificativas que podemos utilizar para apontar a pertinência do estudo do conflito em nossos dias. Tal temática, por exemplo, pode colaborar na formação da consciência histórica dos discentes, com relação a todo o horror vivenciado, para que fatos como esse não tornem a acontecer. Isso se relacionaria com a função que temos, enquanto historiadores, de lembrar o que muitos querem deixar cair no esquecimento.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aponta a necessidade de que o professor busque, na educação básica, apresentar os conteúdos para os alunos, a partir da inserção do Brasil no cenário mundial. Novamente a temática em questão se destacaria como uma oportunidade ímpar para tanto, pois o pior conflito bélico do século XX chegou até nós de maneira direta com os torpedeamentos das embarcações brasileiras, no litoral entre Sergipe e Bahia, pelo submarino alemão U-507, em agosto de 1942, deixando um rastro de destruição e fazendo com que o cotidiano de uma pacata cidade como era Aracaju assistisse à cenas de destroços e corpos de náufragos que davam às praias pelo balanço das ondas, sendo esse episódio considerado o estopim para a entrada do Brasil no conflito.

O autor Marc Ferro, na obra A História Vigiada (1989), apresenta alguns critérios, por assim dizer, que justificam selecionar um fato histórico entre os demais: ter sido um fato importante nas sociedades que o vivenciaram, sendo, portanto, conservado na memória como um grande acontecimento, que ocasionou mudanças de efeito a longo prazo, que fez emergir múltiplas interpretações, ainda hoje debatidas, ultrapassando os lugares onde aconteceram os fatos, e permanecendo vivo por meios das inúmeras obras que o suscitam, tais como romances, filmes, textos históricos, por exemplo. E bem sabemos como a temática da Segunda Guerra atende a esses critérios.

Muitas outras justificativas poderiam ser utilizadas para mostrar a importância e a necessidade de estudarmos/debatermos sobre a Segunda Guerra Mundial. Aos interessados no tema cumpre mencionar que hoje se inicia o VI Visões do Mundo Contemporâneo: a Segunda Guerra Mundial em Perspectiva. Organizado pelo Grupo de Estudos do Tempo Presente e sediado na Universidade Federal de Sergipe, o evento conta com professores de diferentes estados, que participarão de atividades variadas a exemplo de Conferências, Painéis Temáticos e Mesas-redondas, e espera reunir interessadas (os) em debater e refletir os diversos aspectos inerentes ao estudo do maior conflito do século XX. Sem dúvida, mais uma oportunidade de nos debruçarmos sobre tão importante tema e, quem sabe, ampliar o entendimento sobre a relevância de seu estudo em nossos dias.