O Independence Day

 

Maria Luiza Pérola Dantas Barros

Doutoranda em História Comparada (PPGHC/UFRJ)

Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)

E-mail: perola@getempo.com

Imagem disponível em: https://revsz.com/11-best-places-to-visit-in-october-in-usa/

 

Muitos talvez não recordem a data de hoje em virtude das aulas de História, porém, graças aos filmes e séries que consumimos, quer produzidos, quer ambientados nos Estados Unidos, grande parte de nós tem uma ideia das comemorações alusivas ao Independence Day, neste 04 de julho.

Tal fato pode ser entendido como parte de um contexto mais amplo que pode ser denominado de Revolução Americana (1775-1783), que, juntamente com a Revolução Francesa (1789-1815), seria considerada um marco significativo para as Revoluções Liberais que marcaram o final do século XVIII e o início do século XIX, e visavam implantar as ideias do liberalismo político (garantia das liberdades individuais do cidadão; liberdade de expressão, imprensa e religião; igualdade perante a lei; tripartição dos poderes e soberania residindo nos representantes da Nação) e o liberalismo econômico (livre concorrência, liberdade de contrato, não intervenção do Estado na economia, divisão do trabalho, defesa da propriedade privada).

Autores como Leandro Karnal, na obra Estados Unidos: da Colônia à Independência (1990), associam as guerras coloniais à raiz da independência das então treze colônias, por auxiliarem a opor os interesses dos colonos aos interesses da Inglaterra.

Para o autor, se, durante todo o século XVII, as treze colônias foram deixadas à própria sorte, possuindo certa autonomia, com as guerras coloniais elas passaram a sofrer uma crescente interferência da Inglaterra. Somando isso a outros fatores que colaboraram para a mudança da política inglesa no século XVIII, tais como a Revolução Industrial, que fez ser necessário um mercado consumidor dos produtos produzidos; e a Guerra dos Sete Anos, que tornou necessária uma maior presença militar nas colônias de forma regular, custeada pelos próprios colonos, acabou propiciando um contexto que feria os interesses destes (principalmente os expansionistas).

De fato, após a Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra começou a desenvolver uma atuação crescente de domínio político e econômico, através de leis e impostos, como a Lei do Açúcar (1764), pensada para engrandecer a Metrópole; a Lei da Moeda (1764), que restringia a autonomia das colônias; a Lei da Hospedagem (1764), visando tornar as colônias menos onerosas; ou mesmo a Lei do Selo (1765). Para Karnal, a reação a essas leis foi crescente, criando-se a ideia tímida, que posteriormente ganharia maiores proporções, da separação das colônias em relação à metrópole. Nesse cenário, a 04 de julho de 1776, no contexto do Segundo Congresso da Filadélfia, foi redigido um documento explicando as razões, baseadas nas ideias iluministas, que levaram os deputados a promoverem tal separação.

Essa separação não ocorreria de forma tranquila, como escreve Leandro Karnal em sua obra. Choques armados entre colonos e tropas inglesas aumentaram; porém, com a ajuda da Espanha e da França, as treze colônias saíram vitoriosas. Mais que um movimento isolado, o que ocorreu nos EUA acabou por estimular o processo revolucionário francês e serviria para demonstrar, pela primeira vez, que era possível quebrar o pacto colonial, servindo assim de modelo para todas as outras colônias americanas se inspirarem em suas lutas.

A nova nação se organizaria como uma república presidencialista, porém a liberdade política seguiria restrita a uma pequena elite, comerciante ou latifundiária.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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