Diego Leonardo Santana Silva
Doutorando em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com bolsa Capes
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
E-mail: diego@getempo.org
O dia 27 de janeiro é dedicado à memória das vítimas do holocausto ou da shoah, se usarmos o termo hebraico padrão para nos referirmos ao extermínio dos judeus na Europa. Tendo sido um dos grandes traumas da Segunda Guerra Mundial, o projeto de extermínio nazista deixou milhões de mortos, entre os quais, a maior parte era judeu, mas também houve ciganos, testemunhas de Jeová e outros.
A escolha dessa data em especial ocorre em decorrência do fato de que, no dia 27 de janeiro de 1945, as tropas soviéticas chegaram a Auschwitz, na Polônia. Auschwitz se tornou um símbolo do genocídio praticado pelos nazistas por ser o maior campo de concentração criado por eles, funcionando como campo de execuções e trabalho forçado. Segundo os historiadores, ao longo de sua existência, mais de 1 milhão de judeus foram deportados para lá.
Certa vez, o historiador britânico Tony Judt escreveu que o reconhecimento do holocausto era o nosso ingresso para a Europa. A experiência histórica traumática faria com que o olhar sobre essa tragédia humana se tornasse referência para ações futuras. Os judeus são até hoje vítimas de preconceitos que foram normalizados ao longo do tempo. Além disso, várias teorias conspiracionistas surgiram para culpabilizar os judeus por males e responsabilizá-los pelas mazelas sociais. A Alemanha nazista foi a região na qual isso mais se radicalizou, ao ponto de haver um projeto de extermínio em massa de judeus.
Após o holocausto, o mundo ocidental seria marcado pela necessidade de evitar que um evento desse tipo ocorresse novamente. Nisso, noções como direitos humanos, o combate a projetos autoritários e a defesa das minorias ganharam força e se tornaram valores em prol de um mundo mais justo. Defender as minorias é uma necessidade humana para evitar a injustiça e a sobreposição do forte sobre o fraco através da força.
Em uma época na qual projetos políticos autoritários que estereotipam seus adversários ganham adeptos mesmo após ter sua real face revelada, o olhar a respeito dos riscos desse tipo de iniciativa se faz necessário. A negação do direito à existência de um grupo de pessoas, seja por questão étnica, política, religiosa, racial ou sob qualquer argumento, é um ato de violência e terror que deve ser repudiado. O autoritarismo traz consigo a ascensão de projetos de negação do outro.
É preciso evitar que aquilo se repita e, para isso, devemos lembrar. Olhar para o holocausto é um exercício de respeito à memória das vítimas e de autoanálise do nosso tempo.
Para saber mais:
EVANS, Richard J. O Terceiro Reich em guerra. Editora Planeta do Brasil, 2013.
JUDT, Tony. Pós-Guerra: uma história da Europa desde 1945. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.
UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM. Auschwitz. https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/auschwitz. Acessado em 19 de dez. de 2022.