Hipoglicemia

Suor. Zunidos. Tremor. Pulsação acelerada. Estes são os sinais que podem demonstrar uma queda alarmante dos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia). Mas o que é mais preocupante é que a hipoglicemia severa pode aparecer sem sintomas de alerta.

Muitos diabéticos têm histórias horríveis sobre as reações insulínicas, e de fato, segundo uma entidade americana a DCCT (Diabetes Control and Complications Trial), os diabéticos tem episódios de hipoglicemia muito mais frequentemente do que se poderia prever. Isto, no entanto não quer dizer que a hipoglicemia decorre de um mau controle, mas o fator psicológico pode exercer papel preponderante, o que fez com que esta observação tenha motivado cientistas a conhecer melhor as hipoglicemias severas.

A maioria dos diabéticos está familiarizando com os fatores que possibilitam queda do nível de açúcar no sangue, tais como o aumento da dosagem de insulina, o aumento da atividade física e a diminuição da alimentação.

Mas por que algumas pessoas têm hipoglicemias mais facilmente do que outras?

Por que algumas pessoas não sentem os sintomas clássicos da hipoglicemia?

É a partir disso que os cientistas começaram a perceber a ênfase dos fatores psicológicos por trás dessas manifestações, e é pensando nisso que eles vagarosamente, mas também vigorosamente estão tentando deslindar os mistérios dos mecanismos próprios do corpo que encobrem a hipoglicemia e como isso acontece nos diabéticos.

De maneira diferente de outros tecidos do corpo humano, que podem metabolizar gorduras e proteínas para gerar energia, o combustível do cérebro é somente a glicose, que por sua vez não pode armazenar glicose, mas conta com a glicose circulando no sangue.

Enquanto este limiar varia de pessoa para pessoa, alguns estudos mostram que a habilidade mental das pessoas começa a decrescer aproximadamente quando os níveis estão entre 40 a 60 MG/dl.

Este estudo tem mostrado que a hipoglicemia pode impossibilitar as pessoas a reações rápidas, solucionar problemas e lembrar de palavras, salientando que isto pode se prolongar até 45 a 75 minutos após a hipoglicemia ser resolvida e o nível do açúcar voltar ao normal, destacando que se o nível do açúcar continuar a cair, a pessoa pode desmaiar entrar em convulsão e até em coma.

Importante: Se o nível do açúcar ficar na faixa de 10 a 20 MG/dl ou menos pode ocorrer uma lesão cerebral irreversível.

Numerosos estudos em pacientes diabéticos e não diabéticos tem ajudado pesquisadores a entender as defesas naturais que o organismo desenvolve contra a hipoglicemia.

Numa pessoa saudável, sem problemas metabólicos, o corpo mantém um equilíbrio entre a produção de glicose e o nível a ser utilizada no organismo, uma série complexa de mecanismos de realimentação mantém os níveis de glicose dentro dos limites, com certeza os cientistas descobriram mecanismos que detectam a queda da glicose a níveis muito baixos.

A primeira linha de defesa de hipoglicemia em indivíduos não diabéticos é o decréscimo da secreção de insulina, nesse aspecto as células Betas do pâncreas (órgão situado atrás do intestino no centro do abdômen), que secretam insulina, como um computador avaliam constantemente os níveis de glicose no sangue.

Quando percebem que há pouca glicose, elas respondem secretando menos insulina, o que faz com que os níveis de glicose aumentem de novo, no entanto quando o nível de glicose no plasma atinge cerca de 50mg/dl a insulina deixa de ser totalmente secretada.

Por sua vez,quando a secreção de insulina não restabelece o nível normal de açúcar no sangue, um segundo mecanismo básico começa a atuar: há a liberação de hormônios contra reguladores.

Quando a glicose cai a determinados níveis, as células Alfa do pâncreas, respondem secretando o hormônio glucagon, que atua contra a ação da insulina e eleva a glicose.

O glucagon estimula o fígado a converter glicogênio armazenado em glicose.

O suor, tremor, o pulso rápido, precursores do início da hipoglicemia, são resultado de uma descarga do sistema nervoso e parte da descarga do hormônio contra – regulador adrenalina.

A liberação da adrenalina parece ser crucial apenas quando há uma deficiência no glucagon, chamando a atenção para o fato de que se o indivíduo perde a capacidade de liberar glucagon e adrenalina, perde as duas mais importantes defesas contra a hipoglicemia.

Se a glicemia alcança um nível baixo e permanece assim durante um tempo, o hormônio do crescimento e a cortisona ( hormônio produzido pelas glândulas supra-renais ) estão sendo secretados.

Esses hormônios parecem trabalhar no limite da utilização da glicose sanguínea nos tecidos do corpo.

Durante uma hipoglicemia severa, o fígado aumenta a produção de glicose se não houver a presença de hormônios contra- reguladores, porém certamente que existem outros fatores que agem contra a hipoglicemia, mas existem controvérsias entre a importância relativa entre eles.

A primeira defesa quando a hipoglicemia ocorre num indivíduo que não é diabético, é a diminuição da secreção da insulina, já mo caso do diabético que toma uma injeção de insulina, não tem esse mecanismo de defesa, porque uma vez injetada, é impossível parar a absorção e a ação da insulina.

A segunda possibilidade de defesa contra a hipoglicemia é a liberação de hormônios contra reguladores, mas infelizmente dentro de pouco tempo após o aparecimento do diabetes, a capacidade das células Alfa em segregar glucagon como resposta a uma hipoglicemia começa a diminuir, embora não se saiba ainda exatamente como isso acontece,estima-se que pode ser parte do processo do distúrbio que causa o diabetes.

Muitos diabéticos, especialmente os que têm diabetes há muito tempo, também perdem a capacidade de liberação da adrenalina como resposta ao baixo nível de açúcar no sangue.

Sem o alerta da adrenalina, o diabético não sente os sintomas usuais da reação insulínica, nesse caso ele pode sentir uma vaga sensação de ansiedade ou confusão, devido ao prejuízo do cérebro “esfomeado” por glicose, chamando a atenção de que algumas pessoas que tem o sistema de contra- regulação defeituosa pode ter hipoglicemias severas 25 vezes a mais do que outros, durante o tratamento insulínico intensivo.

Sem os mecanismos de defesa, a única proteção contra a hipo é a liberação da cortisona e do hormônio do crescimento, mas infelizmente esses hormônios demoram cerca de uma hora para reagir contra a insulina, limitando sua eficácia.

Agora que a natureza básica do problema está identificada, os cientistas estão tentando achar o caminho para prevenir a falta de ação dos hormônios contra reguladores.

Este fenômeno tende a ocorrer em pacientes que tem problemas no sistema nervoso vegetativo, chamado correntemente como neuropatia diabética.

Certos indivíduos submetidos a terapia insulínica intensiva , podem parar de segregar adrenalina , mas não até os níveis de glicose no sangue muito baixos, tanto quanto indivíduos com um controle moderado a ruim .

O primeiro indício na demora da reação da adrenalina é notado em pacientes com tratamento precoce com bomba de infusão de insulina, que sentem uma queda nos sintomas de hipoglicemia poucas semanas após o início do tratamento. A mudança no limiar para a reação dos hormônios contra-reguladores pode refletir em parte o aproveitamento do cérebro para a hipoglicemia. Essa adaptação pode minimizar o impacto de alguma deficiência na contra regulação.

Se hiperinsulemia provoca hipoglicemia, os diabéticos devem estar capacitados a aproveitar suas defesas contra a hipoglicemia ou hiper insulinemia o quanto antes, para evitar a hipoglicemia pelo menos por um dia.

Se pelo menos num período de 24 horas se prevenir a queda do açúcar no sangue, mantendo numa faixa de 100 mg/dl , poderemos diminuir a possibilidade de reações insulínicas por alguns dias .

Os conhecimentos recentes da relação entre a freqüência de hipoglicemia e os mecanismos que estão por traz estão oferecendo lições importantes em termos de controle do diabetes.

Controle sua glicemia constantemente, lembre-se de que algumas pessoas não têm sintomas de queda da glicose no sangue, enquanto que outras só têm os sintomas quando a glicemia está muito baixa, salientando que em alguns principalmente os jovens com mau controle, podem ocorrer os sintomas quando o nível de açúcar passa de alto para normal, demonstrando com isso que os sintomas não são indicadores confiáveis para detectar o nível de glicemia.

Quando se monitoriza regularmente o sangue, a freqüência de hipoglicemias tende naturalmente a cair, além do que convém lembrar que a reação insulínica não deve significar o abandono do tratamento, ou seja, o principal objetivo do tratamento é se conseguir taxas que impeçam a hipoglicemia.

Existem diabéticos que tentam se mantiver em hipoglicemia o tempo todo, com medo de manter taxas altas, no entanto a hipoglicemia deve sempre procurar ser evitada, pois pode levar a um sério problema neurológico, muitas vezes irreversível.

Ainda faltam respostas a várias questões ligadas a hipoglicemia: O que causa a perda da ação do glucagon e adrenalina no diabético? Isto pode se reverter?

A  hipoglicemia permanente pode influenciar o funcionamento do cérebro ?

As pesquisas estão prosseguindo, porém o que é certo é que se deve reduzir a freqüência de hipos nas pessoas com diabetes insulino – dependentes.

Lembrete fundamental: geralmente não é a dose de insulina que está alta para determinado paciente, mas sim a quantidade de Alimento e/ou o numero de refeições que está inadequado ( reduzida!!! ).

Uma Boa Semana com muita Saúde e Paz……..

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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