Inovação, o Brasil no ranking mundial: 68ª posição

Inovação, o Brasil no ranking mundial: 68ª posição (*)

 

Nos últimos anos o mundo tem testemunhado o poder da inovação e dos resultados da sua aplicação nos negócios e no cenário econômico.  Com o avanço e o desenvolvimento do conhecimento sobre economia tem sido patente como a inovação tem a capacidade de dar poder a indivíduos, comunidades e países e do seu profundo impacto nos negócios, na política e na sociedade. Portanto, é visível o papel da inovação na aceleração da economia e na promoção do desenvolvimento.

Todavia, mais do que antes, na atual situação da economia global, os políticos e os líderes dos negócios já reconhecem que há a necessidade de que seja criado um ambiente para propiciar a geração de idéias e a escolha daquelas que seja possível agregar valor econômico, ou seja, inovação, e a partir daí disseminar os seus benefícios em todos os setores da sociedade.

Embora a questão da inovação seja a palavra de ordem do dia em todos os discursos das instituições públicas e privadas uma publicação recente de um conceituado organismo internacional chama a nossa atenção. Trata-se do Global Innovation Report – GIR (2009/2010) um possante relatório que pesquisa o estado da arte da inovação em 132 países do mundo e que foi realizado pelo terceiro ano consecutivo pela Confederação das Indústrias Indianas em parceria com o  INSEAD – The Business Scholl for the World e com o apoio da Canon.

O relatório que utiliza uma metodologia consiste analisou 132 países e, ao final, com base em indicadores faz um escalonamento da posição de cada um dos países analisados. Como conclusão para o biênio 2009-2010 apresenta os 10 países mais desenvolvidos em termos de inovação, mostrando que são pequenos países e que cada um deles tem menos de 0,3% da população mundial. E, segundo o relatório, a razão pela qual esses países chegaram a essa posição é explicada através dos esforços políticos e econômicos adotados, aliados ao excelente gerenciamento desses recursos e à eficácia dos sistemas de benefícios sociais os quais permitiram que esses países se desenvolvessem muito rapidamente.

A pesquisa leva em consideração os estimuladores (enablers) e outputs.  Os estimuladores são aspectos que ajudam uma economia a estimular a inovação e outputs são os resultados das atividades inovadoras dentro da economia. São 5 pilares estimuladores: Instituições, Capacidade Humana, ICT e Infra-Estrutura Geral (alavanca o crescimento dos negócios e aumenta o padrão de vida na economia, elevando os níveis de produtividade e consequentemente a eficiência geral), Sofisticação do Mercado e Sofisticação dos Negócios e dois pilares de output: Produção Científica e Produção Criativa e Bem Estar.

 

Vale considerar que dos dez primeiros países que estão incluídos na lista de 2010, sete pertencem à Comunidade Econômica Europeia, a qual definiu 2009 como o Ano Internacional da Criatividade e Inovação na Europa e envolveu 35 países nesse processo. Ao analisarmos o relatório 2008-2009 observamos que dos seis países europeus que estavam na lista de 2008, dois saíram em 2010 (Alemanha e Reino Unido) e entraram 3 novos países (Islândia, Finlândia e Noruega).

 

Na pontuação geral o Brasil está em 68º lugar, mas em relação às três Américas (Norte, Central e Sul) está em nono lugar entre 25 países. Como a pesquisa está sendo efetuada por duas instituições mundialmente muito respeitadas, temos muito que pensar com tudo isto.

 

Na análise do comportamento do Brasil o relatório afirma que “a coordenação do governo em políticas de inovação com freqüência carece de coerência e os órgãos agenciadores são burocráticos e pouco eficientes. Além disto, a despeito das recentes melhorias, a educação e a infraestrutura ainda estão atrás da China e da Coreia do Sul.”

 

Apenas corroborando, um artigo da FGV[1] afirma que cada tonelada brasileira exportada para a China sai pelo valor médio de $ 115; ao passo que cada tonelada importada da China sai por $ 2, 857 e da Coreia do Sul $ 4,543.00. E qual seria a causa disto? Tanto a Coreia Sul como a China agregaram valor ao seu produto: educação, criatividade e inovação.

 

A realidade brasileira é que estamos investindo muito recursos financeiros em inovação e os resultados obtidos ainda são muito fracos; todavia, enquanto estivermos falando de inovação dissociada do conceito de criatividade, de ambiência favorável a geração de idéias e acreditarmos que a inovação poderá acontecer sem desenvolvermos as pessoas ou sem que elas aprendam a pensar de maneira criativa vamos continuar engatinhando e, cada vez mais, caindo no ranking mundial. Os países europeus a exemplo da Dinamarca e muitos outros estão investindo maciçamente em educação básica, moderna e diferenciada; com um forte apoio aos estudantes para que aprendam a pensar, a gerar e a buscar soluções ainda não pensadas para que resgatem e desenvolvam a sua criatividade. É assim se que gera inovação e não apenas melhorando processos e dando pequenos retoques inovadores. Podemos ter criatividade e não termos inovação, mas inovação sem criatividade é impossível de acontecer. Este é um caminho sem retorno!

 

(*) Fernando Viana

www.fbcriativo.org.br

 

 



[1] O Globo: 14/2/2010

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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