João-sem-braço e o Banese

Sindicatos, movimentos sociais, partidos políticos, parlamentares, jornalistas, colunistas políticos, bancários, integrantes do Governo do Estado. Não foram poucos os que imediatamente reagiram à proposta do prefeito de Aracaju em realizar uma licitação com vistas à escolha de um banco para operacionalizar a folha de pessoal da PMA. Em todas as vozes, um discurso consensual: a medida enfraquece o Banese – que, atualmente, detém 60% da folha do município – e aponta para uma possibilidade concreta de privatização do banco, caso o atual prefeito seja eleito Governador do Estado nas próximas eleições.

Esse já seja, talvez, o tema que mais gerou reação rápida e articulada de diversos setores da população de Aracaju durante os primeiros meses da gestão de João Alves. Reações que têm ajudado, inclusive, a população a compreender que a proposta do prefeito não se limita à folha dos servidores, mas acena para a venda de toda a conta da PMA.

Ao lado de dois dos seus principais secretários, Nilson Lima (Finanças) e Carlos Batalha (Comunicação), o prefeito “dá uma de João-sem-braço”, ignora as opiniões da população, nega que haja qualquer intenção de enfraquecer o banco estatal e afirma que as motivações para tal medida são meramente técnicas.

Não causa novidade essa postura de João Alves, afinal o prefeito também negou incansavelmente que pretendia privatizar diversos setores da administração municipal – como saúde, educação, cultura, meio ambiente, tecnologia, ciência e cultura – por meio do PL 118/2013, aprovado na Câmara Municipal em caráter de urgência e sem qualquer debate com a população. Assim como ocorre no debate sobre o Banese, João Alves dizia não haver qualquer motivação política, mas apenas questões técnicas e uma busca pela “eficiência”.

Quando pôs fim à gestão democrática nas escolas da rede municipal, por meio do PL 04/2013 (igualmente aprovado na CMA, sem debate público), João também negou questões políticas e, mais uma vez, arvorou-se no discurso da busca pela “eficiência” e pelo aumento nos índices da educação de Aracaju.

A mesma postura verificou-se quando o prefeito permaneceu em silêncio durante meses a respeito da tarifa de ônibus (enquanto a população cobrava o seu posicionamento), não enviou para a Câmara nenhuma proposta de reajuste e tentou se isentar da sua responsabilidade no posterior aumento da tarifa no transporte coletivo.

Ou seja, é da essência do prefeito de Aracaju não dialogar com os trabalhadores e o conjunto da população, se fazer de desentendido, fingindo não compreender o que está sendo criticado, e adotar medidas que beneficiam poucos.

Por isso, acerta o Sindicato dos Bancários ao decidir entrar com uma ação judicial contra a decisão da Prefeitura de Aracaju. Acertam também Governo do Estado e setores sociais  ao promoverem o debate público de defesa do Banese – um dos cinco bancos estatais que permanecem no país, único no Nordeste – como um patrimônio do povo sergipano.

A população não pode se enganar. Enquanto “dá uma de João-sem-braço”, o prefeito de Aracaju vai impulsionando um processo de privatização da saúde, da educação, da cultura, do transporte, enfim, de privatização da cidade. Com João Alves eleito  Governador, os riscos são os mesmos: a privatização não só do Banese, mas dos serviços públicos e demais empresas do estado.

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