Tardes de jogo de futebol no terreno baldio do bairro, onde existiam duas traves. Areia, grama e mato rasteiro, mas para os garotos uma verdadeira arena, onde se passavam as melhores batalhas das suas vidas de famílias pobres.
Debaixo da trave de um grande estádio, defendendo um clube da primeira divisão, Jean bem que lutava para afuguentar a imagem do campo improvisado no terreno baldio, mas não tinha jeito. As lembranças dominavam e não adiantava repetir que hoje era outro tempo: agora tinha mulher, carro, apartamento. Mas os amigos de infância apareciam e assaltavam á sua mente e sempre no terreno baldio nos animados jogos. Um dia, diante dos seus fracassos no ataque, Carlé, seu melhor amigo, lhe dissera: não adianta, você vai jogar de goleiro. E o que pensara ser seu fracasso, fora seu sucesso. Mas nesse momento, ali num jogo tão sério para o seu time, não se concentrava no que sabia fazer melhor e com muita destreza: agarrar a bola dos atacantes, sair de baixo da trave na hora certa ou esperar no lugar certo, para pegar firme ou dá-lhe um bicudo ou murro atirando-a para longe.
Tremeu, o atacante chutou forte, supreendendo-o distraído, os gritos de gooooool! seguindo-se a vaia, acompanhada da censura pública de torcedores e jogadores do seu próprio time: frangueiro!…
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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