No final dos anos sessenta ou início de setenta, Gerson, craque da seleção brasileira de futebol, gravou um comercial para televisão, no qual, num determinado trecho, ele dizia: “O brasileiro gosta de levar vantagem em tudo”. Esta frase, desde então, marcou um conceito que, de um modo geral, se faz do brasileiro. Isto, eu acredito, não deve ser exclusividade do brasileiro. Eu preferiria generalizar, como se fosse inerente do ser humano em geral, mas como vivo neste país, vou buscar exemplos e fatos que, corriqueiramente, encontramos no nosso dia a dia. Numa praça daqui de Aracaju, o DESO cortou o fornecimento de água, que era usada pela prefeitura na conservação dos jardins. Acontece que dessa fonte, um indivíduo usava a água para lavar os carros pertencentes aos moradores de um edifício próximo. O que fez este indivíduo? Simplesmente, reativou a saída da água. Quando contestado pela ilegalidade do seu ato, ele respondia que fazia isto para sobreviver. Nota fiscal. É comum ouvirmos de um fornecedor de um bem ou prestador de serviços: “Com nota ou sem nota fiscal? Sem a nota fiscal fica mais barato”. Quantos de nós, nesta situação, prefere com a nota fiscal? Outro fato, que mostra o quanto se gosta de levar vantagem, é uma prática comum, aliás, incentivada pelo estado. Deixa-se de pagar os impostos devidos e, constantemente, para fazer caixa, o governo permite ao devedor atualizar sua situação, pagando apenas o principal. Outra atitude que mostra o desejo de se levar vantagem é o desvio de recursos públicos, o que chamamos corrupção. Nos últimos anos, constantemente, fazem parte do noticiário magistrado, políticos e pessoas, ocupantes de cargo de confiança na administração pública, que desviam recursos públicos para as suas contas particulares. Estas constantes notícias de corrupção podem nos fazer pensar que corrupção é coisa de agora, mas não é. As notícias, hoje, são mais constantes, porque vivemos numa democracia onde a imprensa é livre e a sociedade começa a ter uma participação maior e mais ativa na vida do seu município. Quanto maior for a participação da sociedade na vida do município, mais difícil será a chance dos recursos públicos serem desviados. O desvio desses recursos se dá em função da burocracia e da corrupção que existem no serviço público. Evitar que isto aconteça é possível, desde que governos, federal e estadual, descentralizem suas ações, municipalizando atividades, que hoje, apesar de ocorrerem nos municípios, é o governo estadual ou federal que as administram e gerenciam. É preciso ser feito o que o Governo Federal fez com a educação e a saúde. Ele manda os recursos para o município e quem deve decidir onde e como gastar esses recursos é a sociedade, através dos Conselhos Municipais de Educação e de Saúde.
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