Mais uma eleição

E cá estamos nós às vésperas de mais uma eleição no país. Como é de costume, a cada dois anos somos convocados para a “festa da democracia”. É realmente uma festa, trios elétricos a cada cinco minutos nas portas das nossas casas. O Precaju perde de longe para todo o barulho gerado pelos “nossos” candidatos. Ver o programa político então… É mais engraçado que o Casseta e Planeta, tal a quantidade de piadas disparadas pelos participantes. Será que só eu que me incomodo com isso?

 

Mas vamos deixar isso de lado e falar de informática. A nossa eleição é uma das mais avançadas do mundo levando em conta toda a tecnologia utilizada nela. Ter uma eleição 100% digital é incrível para um país do tamanho do nosso e com uma diferença regional tão alta. Como sempre gostei das comodidades que a vida digital nos trás, adorei quando foi implantado o voto digital. Até cheguei a achar que iria votar na internet, coisa que ainda não aconteceu e acredito que não vai acontecer, mas isso é assunto para outra coluna.

 

Algumas semanas atrás o nosso brilhante Carlos Britto disse que a urna eletrônica era inviolável. É claro que a frase não é dele, até porque ele não é especialista em segurança de sistemas, ele é um jurista. A frase dita por Carlos Britto é uma idéia defendida pela área de tecnologia do TRE. De qualquer forma, sendo dele ou não, a frase tem um efeito psicológico na população. Que é passar segurança e transparência no processo eleitoral brasileiro. Quem iria querer votar sabendo que o processo todo poderia ser fraudado? Todos achariam que estão fazendo papel de bobos. Por isso a frase dita pelo nosso ministro é importante.

 

Entretanto, tanto a força (especialistas em segurança) quanto o seu lado negro (hackers e afins) sabem que é praticamente impossível deixar um sistema completamente inviolável. De qualquer forma passei alguns dias procurando na internet algo que pudesse me mostrar que as urnas eram realmente 100% seguras. Infelizmente não foi isso que encontrei. Olhando o processo de votação como um todo temos vários procedimentos de segurança que o deixam aparentemente a prova de fraude. Por exemplo, a urna não se conecta a internet, só pode ser ligada no horário da eleição, o software passa por um processo que permite saber se ele foi alterado, entre outros.

 

Mas isso não basta. Em primeiro lugar o processo eleitoral não se resume somente a urna eletrônica. Passa pelo processo de cadastramento, votação, apuração e finalmente a totalização dos votos. Qualquer um desses pontos pode ser fraudado comprometendo todo o processo. Eleitores fantasmas podem ser cadastrados, no dia da eleição votos podem feitos em eleitores ausentes, eleitores podem votar no lugar de outros, o software pode ser alterado para desviar votos para determinados candidatos. Enfim, cuidar de todos esses pontos, com certeza, não é tarefa fácil.

 

Especificamente no caso das urnas, como o boot é feito por uma unidade externa (uma memória flash semelhante as que são usadas nas máquinas digitais) é possível fazer a substituição do flash-card e inserir um programa que vai funcionar (visualmente) igualzinho ao original, mas que para cada voto realizado, independente de para quem seja, vá para o candidato X. Fácil de fazer? Não. Vai precisar de um bocado de engenharia social, mas está longe de ser impossível.

 

É claro que a adoção do processo eleitoral informatizado foi um dos maiores avanços tecnológicos do governo. As fraudes, antes quase que incontroláveis em todos os recantos do Brasil, foram praticamente anuladas. O processo de fraude em massa não conseguiu acompanhar os processos tecnológicos, mas não é por isso que o TSE precisa relaxar, ao contrário, a luta agora é contra criminosos muito mais inteligentes.

 

De qualquer maneira, espero que possamos escolher direito (esquecendo que a urna não é inviolável) quem vai nos representar e que nos próximos quatro anos a gente não passe se lamentando.

 

Até a próxima semana!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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