Terminado o serviço na casa onde trabalhava, em Aracaju, das sete às 18 horas, na função de empregada doméstica, Marineide dirige-se para casa. Graças a Deus, depois de 5 anos, parece que os patrões iriam assinar sua Carteira, pensou, espremendo-se dentro do ônibus.
Desceria no terminal do bairro Santos Dumont, para pegar outro ônibus até o conjunto Marcos Freire II. No seu trabalho desgastante e rotineiro, limpar a casa, cozinhar, lavar pratos e roupas, o consolo era a imaginação. Esquecer o seu ex-marido, estreitar seu namoro com Genelício, os shows, os pagodes no bar e a ânsia de chegar à casinha dos seus pais para assistir a novela na tevê. Ah, Genelício!…Desceu no terminal e pegou outra condução.
Já no seu bairro, quando entrou na rua viu uma aglomeração de pessoas, em frente da sua casa. Um carro da polícia. Meu Deus! Mais uma briga? Quando chegou, as pessoas abriram espaço para ela. Estendido no chão, esfaqueado, seu pai.
Policiais faziam perguntas. “Estavam bebendo…”, ouviu uma voz. “Eram dois cachaceiros…” O assassino fugira. Marineide abaixou-se e um policial disse: conheço ela… Incrível, os olhos do seu pai ainda estavam abertos.