MEIO AMBIENTE: TEMOS O QUE COMEMORAR?

É do conhecimento de todos a íntima relação que existe entre as condições do meio ambiente e a

Tartaruga engasgada com um plástico
prevalência de determinadas enfermidades, principalmente as de origem infecto-contagiosas. Apesar da tão propalada  e festejada condição “de cidade com a melhor qualidade de vida no nordeste brasileiro”, Aracaju tem problemas graves de poluição em diversas áreas, desde a poluição do solo , subsolo e dos recursos hídricos, passando pela poluição atmosférica, sonora, visual entre outras, com riscos para a integridade das pessoas. Aprofundar as repercussões sobre a saúde da população em função dessas questões,  não é porém o escopo desse artigo.

Apesar da atuação do Ministério Público através da promotoria do meio ambiente, que tem o dever constitucional de zelar pelo cumprimento dos serviços públicos relevantes, muitos problemas ainda permanecem insolúveis, entre eles a poluição dos rios que permeiam Aracaju. Segundo dados da Deso, 40% da cidade tem escoamento sanitário adequado, isso é, tem os dejetos tratados antes de ser lançado à natureza  mas o mais grave é que 60% desse patamar está ocioso, ou seja, falta a ligação das residências ao escoamento público. 

Preocupa ainda mais os problemas recentes surgidos na área de expansão de Aracaju onde as últimas chuvas provocaram inundações em aglomerados urbanos recém construídos. Que tenhamos enchentes em locais de existência remota, ainda se admite, mas vê-las em obras recentes denota falta de planejamento e execução adequados numa ação previamente ordenada. Este fato foi exposto pelo promotor de Justiça Gilton Feitosa, procurador do Ministério Público para o Meio Ambiente, em recente reunião ocorrida na Sociedade Médica de Sergipe.

Segundo ele, tivemos alguns avanços em Aracaju, como a solução do problema da poluição atmosférica provocada por uma fábrica de cimento e alguns termos de ajuste de conduta firmado no Ministério Público entre os órgão de controle e fiscalização do meio ambiente e a Prefeitura de Aracaju. Porém ainda se observa o crescimento e a ocupação desorganizadas dos espaços urbanos, principalmente na zona sul. A proibição para que o poder público conceda alvarás para novos empreendimentos imobiliários antes que sejam resolvidas todas as pendências ambientais presentes parece ser medida inadiável, apesar de suas  implicações políticas e das repercussões que causam aos  interesses econômicos em jogo. Não dá mais para conceder privilégios em nome do desenvolvimento sem ver atendidas as condições de respeito e atenção às questões ambientais. Tivemos recentemente um exemplo de irresponsabilidade e falta de cuidado com a população: o funcionamento durante décadas de um serviço de radioterapia no coração da cidade, sem alvarás nem licenças de funcionamento, contaminando o meio ambiente e,  pasmem os senhores, com o beneplácito dos gestores da saúde em Sergipe. Precisou a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária vir a Aracaju em plena sexta-feira da Paixão e lacrar os equipamentos.

Por outro lado a população  ainda não se conscientizou da importância de ter uma cidade limpa, livre de poluentes e agravos de toda a sorte. É comum vermos pessoas jogando lixo nos terrenos e nos canais, na orlinha do Bairro Industrial é triste ver a sujeira na beira do rio, jogada pela própria comunidade,  o mesmo acontecendo na região central e até na orla da Atalaia, onde  é comum ver lixo jogado por todo o lado.

Quem conheceu a cidade de São Paulo anos atrás e retorna hoje percebe claramente que o cenário mudou para melhor após a medida corajosa do prefeito Kassab ao proibir o uso de propagandas através de outdoors, paineis  gigantes e outras formas de poluição visual. A cidade é outra, mais bonita e agradável. Lutar com veemência por uma cidade limpa, sem poluentes, é dever de todos, sem exceções, com empenho e determinação,  mas sem sofismas.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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