Muda sucessão

A hipótese do prefeito Marcelo Déda (PT) ser alçado ao cargo de ministro das Cidades, substituindo ao gaúcho Olívio Dutra (PT), provocaria uma mudança radical no processo de candidatura à sucessão municipal, pelo grupo que faz oposição ao Governo do Estado. Como tudo está na base de uma forte especulação, embora as informações sejam firmes, não custa nada fazer uma análise desse novo quadro que surge nos meios políticos da Capital, tendo em vista que, se Marcelo Deda ainda não chegou a um Ministério, mesmo estando à frente de uma pequena capital do Nordeste, tem influência grande nas decisões políticas do Palácio do Planalto, além da competência demonstrada como deputado federal e nestes quase três anos à frente da Prefeitura de Aracaju. Hipótese ou boato, o convite para Deda ocupar o Ministério das Cidades, não importa. O certo é que ele hoje está muito mais para um cargo relevante no Governo Federal, do que para prolongar o seu mandato por mais quatro anos. De qualquer forma vamos trabalhar na hipótese de Marcelo Déda se transferir para Brasília e ocupar um cargo importante no Governo Lula. Está claro que o objetivo de Deda não é cumprir mais quatro anos de mandato, permanecendo à frente da Prefeitura por 16 meses e renunciar para disputar o Governo do Estado em 2006. Deda não está em campanha para ser reeleito, tanto que sua preocupação é com o interior do Estado. Pretende fazer o maior número de Prefeituras possíveis, para minar o campo do seu principal adversário, João Alves Filho, onde ele tem reconhecível densidade eleitoral. Os aliados de Marcelo Deda estão certos que se manterão Governo na Capital e todos trabalham para indicação do seu vice, ao mesmo tempo em que procuram ajuda-lo para fortalece-lo no interior. Deda ministro, o prefeito passa a ser Edvaldo Nogueira (PCdoB), um político hábil, cordial, que sempre atuou na esquerda com um desprendimento invejável. Mas com o trunfo na mão, não será tão solícito a ponto de deixar de disputar a reeleição e ter a chance de ficar quatro anos à frente da Prefeitura de Aracaju, para abrir dessa oportunidade única e apoiar outra candidatura, que o deixará na galeria anônima dos “ex”. Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para presidente da República, o Partido dos Trabalhadores tem outro perfil. Não é mais aquela legenda que definia situações através de assembléias, onde a militância participava, brigava, discutia, mas depois todos saiam com a decisão tomada pela maioria. O PT extinguiu as várias tendências. Agora, ou se aceita a decisão do comando único ou a expulsão está absolutamente garantida. Evidente que na questão de Edvaldo Nogueira assumir a Prefeitura definitivamente, nada tem a ver com as deliberações petistas. Mas não será assim. Deverá se fazer um acordo para que o Partido dos Trabalhadores não perca a Prefeitura de Aracaju, mesmo que Marcelo Deda alce vôo para o Planalto. Fala-se em José Eduardo Dutra para disputar a sucessão municipal, mas dificilmente um cidadão que esteja à frente da maior estatal da América Latina, sem problemas com a Coroa do Meio, bairro América, Bugio, Santos Dumont e tantos outros bairros e conjuntos, deixará essa posição privilegiada para vir tentar eleger-se prefeito de Aracaju. Mas, como quem determina é José Dirceu, Antônio Pallocci e José Genoino, tudo pode acontecer. Pode até ser outro nome indicado por Marcelo Déda, mas não terá o mesmo tratamento dos aliados que lutam pela vice, da qual, sendo prefeito, Edvaldo Nogueira pode não querer abrir mão. Com certeza haverá uma discussão interna para que seja solucionado um impasse que o Partido dos Trabalhadores não está avaliando, em caso de vingar a hipótese de Déda ser ministro das Cidades. Os aliados, entretanto, precisam entender que Marcelo Déda também está pensando nos quase dois anos que ficará sem mandato e, estando ministro, principalmente para cuidar dos problemas das cidades, terá muita força para se transformar, politicamente, mais importante e abrangente. Deixar de ser ministro para disputar o Governo, é muito mais lógico do que ser reeleito, cumprir o mandato por 16 meses e depois ficar à espera do novo pleito. Tudo isso é uma especulação sobre hipótese, mas que não se trata de impossibilidade nesses misteriosos lances do jogo político. Embora para engendrar todo esse projeto, seja necessária muita conversa, sentimento de grupo e excesso de compreensão, na formação da chapa majoritária. MINISTRO A informação é de fonte muito bem avisada: o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), estaria sendo convidado a assumir o Ministério das Cidades. Substituiria a Olívio Dutra, que seria remanejado para outra área, mais regional, dentro da reforma ministerial que vai ocorrer até dezembro. CONVENCER Segundo a mesma fonte, o objetivo da viagem de Marcelo Déda ao exterior, seria para que Lula tratasse do assunto mais à vontade com ele. É que o prefeito Marcelo Déda estaria relutando em deixar a Prefeitura e o presidente vai mostrar da necessidade de tê-lo no Ministério. REELEIÇÃO Caso Déda ocupe o Ministério das Cidades, o prefeito será Edvaldo Nogueira e pode haver uma reviravolta nas eleições municipais. É que, automaticamente, Edvaldo Nogueira (PCdoB) pode disputar a reeleição, mas não é isso que os partidos aliados estão pensando. De qualquer forma, Edvaldo sempre foi um político do diálogo e de coerência. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) disse, ontem, que todo Governo, em seu primeiro ano, consegue absolutamente tudo que quer. Lembrou do ex-presidente Fernando Collor, que nos primeiros dias de Governo confiscou a Poupança de todo o povo brasileiro com o voto do Congresso. MAIS FÁCIL Na opinião do deputado José Carlos Machado, os projetos das reformas da Previdência e Tributária passam sem problema no Senado. Acha que lá o Governo aglutina muito mais força e tem o poder de dialogar com os senadores com muito mais rapidez. DESAFIO Em audiência com o ministro da Educação, Cristóvam Buarque, o governador João Alves fez a seguinte colocação: se o MEC/FNDE ajudar financeiramente, Sergipe será o primeiro estado brasileiro alfabetizado”. O ministro, ao lado do secretário extraordinário de Alfabetização, João Luiz Homem, parece que topou o desafio. PEDRINHO O secretário de Turismo, Pedrinho Valadares, está com data marcada para filiar-se ao PFL: 29 de setembro. A data só será mudada se João Alves Filho ou Maria do Carmo estiverem viajando. Ao lado de Pedrinho Valadares vão se filiar alguns amigos e até lideranças com mandatos no interior do Estado. POLÍTICA Pedrinho Valadares acrescentou que a partir da próxima semana vai começar a conversar sobre políticas: “há oito meses não falo neste assunto”. Quanto à candidatura a prefeito, Pedrinho prefere não falar, mas diz que está apto a qualquer coisa que poderá vir: “cada dia com sua agonia”, definiu. LEONOR Pode ser dada como certa a filiação da ex-primeira dama Leonor Franco, e seu grupo, no Partido Liberal, atendendo a convite do deputado federal Heleno Silva. Leonor Franco se encontra em Portugal, mas um dos seus aliados disse que a decisão de filiar-se ao PL já havia sido tomada. JACKSON O deputado federal Jackson Barreto (PTB) virá pesado, nas críticas ao Governo do Estado, durante o programa do partido na televisão. O deputado Fabiano Oliveira (PTB) vai evitar as críticas. Preferiu fazer um balanço do seu trabalho quando esteve na Secretaria de Turismo. TRANSPORTE As Prefeituras do Interior estão sem recursos para pagar o transporte de alunos que saem de suas cidades para estudar em Aracaju. Gararu, por exemplo, não paga o transporte há três meses. Já há um movimento entre os prefeitos de vários municípios, para que não transportem alunos da Rede Estadual de Ensino. RELAÇÃO Um dos prefeitos revelou que as Prefeituras já pediram a relação de alunos do Estado que transportam, para um convênio com a Educação, mas até o momento não foi enviada. O objetivo dos prefeitos é sensibilizar setores do Governo a firmarem convênio com os municípios, para pagamento do transporte de alunos. ALMEIDA O senador José Almeida Lima (PDT) disse, ontem, que o Governo não tem recursos para investimentos no Nordeste e resolver graves problemas sociais. Mas enviou 3 milhões de dólares para Argentina, Peru e Venezuela (1 milhão para cada), além de liberar dinheiro para empresas falidas do setor energético. Notas VIAGEM O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), viaja hoje a São Paulo e à noite se integra à comitiva presidencial que viaja para os Estados Unidos – Washington e Nova Iorque – México e Cuba. Déda participa da Assembléia Geral da ONU, em que o presidente Lula fará o discurso de abertura. Marcelo Déda retorna a Aracaju no dia 28 próximo e no dia 1º de outubro toma café da manhã com jornalistas da área política, quando fará um balanço da viagem. O convite a Déda mostra seu prestígio com o Planalto. IMPULSO O deputado Gilmar Carvalho apresenta, segunda-feira, projeto-de-lei que obriga todas as empresas de telefonia pública fixa, no Estado de Sergipe, a colocarem junto ao telefone um Marcador de Impulsos, para que o consumidor tenha condições de acompanhar o uso do aparelho e a conferência da fatura apresentada. Gilmar também vai recolher assinaturas dos deputados, na segunda-feira, para instalação de uma CPI para apurar e procurar solucionar os péssimos serviços prestados pela Telemar no Estado de Sergipe. DEFICIENTE Tramita na Assembléia Legislativa projeto de lei, do deputado Augusto Bezerra (PMDB), que dispõe sobre a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas fazerem constar em seus editais de concurso, vagas para portadores de deficiências. Augusto está pedindo pressa na votação desse projeto. Augusto argumenta que haverá um concurso para professores, no Estado, oferecendo 2.350 vagas. Ele acha importante que já esteja reservado, no edital, o número de vagas para pessoas portadoras de deficiência física. É fogo O secretário de Comunicação, Carlos Batalha, está descansando, em casa. Convalesce de uma cirurgia de vesícula. Passa bem. É possível que já na próxima segunda-feira Batalha retorne à luta do dia-a-dia, mas em ritmo ainda lento. Edvaldo Nogueira (PCdoB) assume amanhã a Prefeitura de Aracaju, substituindo a Marcelo Deda durante 8 dias. O deputado Ulices Andrade está em plena atividade no interior, conseguindo novas filiações para o PSDB. O ex-governador Albano Franco, em termos políticos, tem apenas conversado com Ulices e Bosco Costa, para saber como anda o partido. Quem está cuidando do PFL no interior é a senadora Maria do Carmo Alves e o chefe da Casa Civil, Flávio Conceição. A senadora Maria do Carmo Alves também cuida de outros partidos menores que estão dando apoio ao Governo do Estado. O senador José Almeida Lima (PDT) acha que o Governo Federal está blefando quando diz que a Reforma da Previdência inclui 40 milhões de pessoas que estão fora do sistema. A questão do uso indevido do dinheiro do Fundef vai ter repercussão ampla, porque envolve um número grande de prefeitos. É bom lembrar que o Fundef tem sido utilizado para pagar salários o que caracteriza improbidade administrativa. O trabalho da Câmara Municipal não está sendo visto e acompanhado pela população. É o que revela pesquisa encomendada pelo vereador Antônio Góes. O resultado da pesquisa mos que os aracajuanos não têm o hábito de participar da vida política da cidade e 64,3% dos entrevistados não sabem em quem votou para vereador na última eleição. A pesquisa feita pelo vereador Antônio Góes é uma constatação que, mesmo na capital, o leitor não está preocupado com o político que vota. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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