O Partido dos Trabalhadores não se saiu bem no segundo turno. Perdeu em São Paulo, o seu maior reduto eleitoral e capital que domina há anos. Também perdeu em Porto Alegre, onde tradicionalmente elegeu o prefeito. Em Fortaleza ganhou a teimosia e persistência de Luiziane (PT), porque a cúpula do partido a abandonou e, no primeiro turno, apoiou a candidatura de um membro do PCdoB. Ministros como José Dirceu e Aldo Rebelo estiveram na capital cearense e subiram no palanque adversário da candidata. Mesmo assim, ela foi para o segundo turno e ganhou as eleições. Foi uma resposta à prepotência petista, à arrogância da cúpula e ao desprezo que deu à candidata do partido. O deputado federal João Fontes diz que onde o presidente Lula da Silva “botou a cabeça, perdeu feio”. Para o parlamentar, “o povo votou de forma plebiscitária contra o Partido dos Trabalhadores”.
É verdade que o PT fez a maioria das cidades no país, entretanto, numericamente – em termos de eleitores – vem bem abaixo do PSDB, que passa ser uma das maiores forças políticas do país. Há uma nova realidade política no Brasil e, a partir de 2005, haverá tendência do fortalecimento das oposições na Câmara e Senado, o que pode frear o projeto de poder do presidente Lula da Silva. É bom lembrar que o presidente sofre essa derrota no momento em que está com a popularidade em alta e, pelo demonstrativo da economia, o balão de ensaio que se formou em torno de um crescimento sustentável, tende a se esvaziar e retornar à triste realidade de um país que ainda não encontrou o seu rumo. Evidente que a equipe econômica do Planalto está atenta a isso, mas há necessidade de uma participação maior do presidente nesse projeto de crescimento, porque se percebe pensamentos conflitantes sobre os métodos de aplicação, fazendo com que o país se mantenha em crescimento instável.
O fortalecimento do PSDB vai provocar mudanças políticas no país. Segundo comentários de Brasília, o PFL, a nível nacional, tende a acompanhar os tucanos. Provavelmente, o PMDB rompe com o Governo Federal, se une às outras duas legenda, e forma um bloco forte de oposição dentro do Congresso Nacional e com força em todos os estados da federação.
Ainda não se tem um quadro exato de como ficará Sergipe, mas pode-se perceber uma perspectiva de fortalecimento de um grupo político que deve enfrentar o Partido dos Trabalhadores, rumo ao Governo do Estado. O senador Almeida Lima está em reta de pouso no ninho tucano e pretende formar uma opção a mais na disputa pelo Palácio dos Despachos em 2006. Sem alarde, está fixando bases em uma classe unida e forte, como a do comércio e dos diretores lojistas, em busca de novos nomes para integrar um pleito que, teoricamente, só aparecem o governador João Alves Filho (PFL) como candidato à reeleição e o prefeito Marcelo Déda como o nome da oposição. A nova formação política não vislumbra um entendimento com os dois blocos existentes, procurando um caminho paralelo na disputa pelo Governo do Estado. Esse é o flash da nova fotografia que será revelada na disputa eleitoral de 2006, cuja nitidez ainda depende do tempo e do bom ângulos que está por trás da visão do fotógrafo.
Há um problema em relação ao PPS. O partido está praticamente rompido com o Governo Federal e ensaia uma união com o PDT e outras legendas menores, para a formação de um bloco avançado de esquerda. Quer assumir o papel do PT de antigamente e oferecer condições para apresentar a senadora Heloisa Helena como candidata à Presidência da República. Com a saída de Almeida Lima e se o PDT em Sergipe não se mantiver ao lado do governador João Alves Filho, será dominado pelo deputado federal João Fontes, que já está em entendimento com a cúpula do partido no Rio de Janeiro. O objetivo dessa nova legenda é confrontar Lula, mas tem projetos definidos nos estados, que é eleger uma tendência de esquerda flexível, que trabalhe em favor do país e não radicalize em torno de ações políticas nos Estados.
Em Sergipe, por exemplo, está feita a confusão caso tudo seja fotografado de acordo com esse novo ângulo da paisagem política do país. O PSDB, que também tem o grupo de Albano Franco em seus quadros, terá que conviver com o senador Almeida Lima e ficar contra João Alves Filho. Ulices Andrade já disse que aceita a nova filiação, mas não o seu comando. O PMDB também se encosta ao novo PSDB e PFL, mas quer uma boa posição dentro da composição, enquanto o PPS se divide entre Lula e a nova tendência de esquerda. Ivan Paixão acompanha Ciro Gomes, mas o restante da legenda está com Roberto Freire. E nesse balaio de gato tem-se que chegar a algum lugar que não seja comum às novas tendências que disputam o poder no estado. A formação dos blocos para a disputa eleitoral de 2006 será muito complicada e pode se transformar numa caixa de surpresas para muita gente que já está projetando composições mirabolantes.
TUCANO
O senador José Almeida Lima (PDT) vai assumir o PSDB na próxima semana, ao lado de mais dois senadores de outros estados.
Almeida vinha mantendo essa filiação em segredo, mas a imprensa do sul já divulgou. A filiação vai fortalecer o PSDB no Congresso.
PARTICIPA
O senador suplente Max Andrade (PFL) viaja a São Paulo para participar da solenidade de filiação do senador José Almeida Lima no PSDB.
Max, já há algum tempo, tem conversado muito com o senador Almeida Lima e vai prestigiá-lo nesta mudança de partido.
FONTES
O deputado federal João Fontes confirmou ontem que vai filiar-se ao PDT, logo após a desfiliação do senador Almeida Lima.
João Fontes já conversou com a Executiva Nacional do PDT e deixa claro que sua filiação se dará com a desvinculação do partido, em Sergipe, com o Governo do Estado.
FUNDIR
João Fontes afirma que o PPS e o PDT vão se fundir para fazer um novo partido, que será de oposição ao presidente Lula da Silva.
Fontes disse que PPS, presidido por Roberto Freire, rompeu com o presidente Lula e ainda se discute se haverá mudança de partido ou será mantida a sigla PDT.
SERGIPE
O presidente regional do PPS em Sergipe, Ivan Paixão, está diretamente vinculado ao ministro Ciro Gomes e deve permanecer na legenda, ao ladro do Governo.
Já o chamado PPS histórico não segue Ivan Paixão e acompanha Roberto Freire, se afastando do presidente Lula.
GILSON
O secretário adjunto da Indústria e Comércio, Gilson Figueiredo (PFL), já entrou o pedido de demissão ao governador João Alves Filho.
Ainda não se afastou do cargo porque o governador pediu para conversar com ele para pedir que permaneça no cargo. Gilson está decidido a não aceitar.
DENÚNCIA
Um vereador não reeleito, que pediu omissão do nome, denunciou que a vereadora Conceição Vieira (PT) abusou na distribuição da Bolsa Família.
A mesma fonte acrescentou que Conceição fez campanha no Jardim Recreio distribuindo abertamente o cartão da Bolsa Família.
BOIADA
O governador João Alves Filho (PFL) está apurando qual o secretário que comprou uma boiada e pagou com dinheiro da Pasta.
Vai fazer uma rigorosa sindicância e, ao detectar o auxiliar que fez esse tipo de transação vai demiti-lo imediatamente.
DESO
Apesar na insistência sobre a demissão do presidente do Deso, Vítor Fonseca Mandarino, não existe uma indicação concreta, nesse sentido, dentro do Governo.
A informação é de um secretário da cúpula governista que considerou o Deso uma empresa muito complexa, que gera vários problemas.
BORGES
Há mais de um ano que o economista Antônio Carlos Borges, secretário do Planejamento, é um homem marcado para ser exonerado.
Primeiro para um ajuste da máquina e segundo porque tem feito coisas que destoa da orientação do Governo.
VALADARES
O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PPS) disse que o Governo não aprovará a PEC do senador Valadares (PSB) para revitalização do rio São Francisco.
A Emenda de Valadares, apresentada no Governo FHC, retira 0,5% do orçamento para a revitalização do rio, durante 20 anos. Equivale a R$ 300 mil por mês.
RETORNA
A senadora Maria do Carmo Alves (PFL) deixa a Secretaria da Pobreza e retorna ao Senado Federal ainda este mês.
Permanece no Congresso até o recesso e retorna à Pasta. Em seu lugar assume o suplente Carlos Alberto, ex-deputado estadual por Tobias Barreto.
REUNIÃO
O governador João Alves Filho (PFL) almoçou, ontem, com um grupo de prefeitos e vice-prefeitos eleitos e reeleitos de algumas cidades do interior.
Hoje e amanhã ele almoça com mais dois grupos…
Foi um almoço de confraternização pela vitória e de conhecimentos de todos os eleitos. O governador disse que a partir de 2005 iriam trabalhar juntos.
CANCELADO
O jantar que o governador João Alves Franco teria ontem com deputados estaduais e secretários de estado foi cancelado. Preliminarmente acontecerá segunda-feira.
O cancelamento se deu porque cinco deputados estão viajando e o motivo é uma conferência sobre a situação do Estado e projetos administrativos.
Notas
CALAMIDADE
O prefeito de Poço Redondo, frei Enoque (PL), decretou estado de emergência em seu município, porque não há água para beber e a Prefeitura dispõe de apenas dois caminhões pipas para distribuição com a população. Até o momento não houve participação do Governo para chegar a uma solução.
Em Brasília, os tecnocratas do Governo Federal imaginam que as enchentes que aconteceram em janeiro deste ano resolveram o problema da falta de água. Mas a realidade é outra e a situação é de calamidade na região.
VIAGEM
O deputado Jackson Barreto viaja Nova Iorque e participa da Assembléia da ONU juntamente com uma comitiva de mais sete parlamentares, que representarão a Câmara dos Deputados no evento. “É um momento importante para reforçar a idéia do Brasil ter assento definitivo no Conselho de Segurança da ONU”.
Jackson está contente de poder ir a ONU, num momento em que a Organização, de forma esmagadora, coloca-se contra o bloqueio que os EUA propuseram contra Cuba. “É um momento histórico”, diz ele.
INFLUÊNCIA
O horário de verão, que atrasa os relógio em uma hora, não está valendo para o Nordeste, mas influencia na vida cotidiana do cidadão que habita essa região. A começar pelos bancos, que abre mais cedo em todas as cidades nordestinas. O mesmo acontece com os vôos aéreos que são alterados na região.
A maioria da população habituada à programação da televisão também tem que se adaptar ao horário de verão. O Jornal Nacional, por exemplo, começa às 19 horas, seguindo a antecipação imposto pelo novo horário.
É fogo
O líder do Governo na Assembléia Legislativa, Venâncio Fonseca (PP) considera muito cedo para tratar sobre eleição da mesa diretora.
Venâncio Fonseca lembrou que a forma de escolha dos candidatos é diferente. Geralmente o nome surge duas horas antes das eleições.
A bancada federal permanece em Sergipe e só retorna a Brasília na próxima terça-feira. O feriado durou 12 dias.
O prefeito Marcelo Déda já está se preparando para viajar amanhã à Europa. Participa de eventos na Holanda.
Lideranças do comércio e dos diretores lojistas farão uma visita ao secretário da Fazenda, Gilmar Mendes, na próxima semana.
O ex-secretário da Fazenda, Max Andrade, integrará a comitiva que fará visita a Gilmar. Os dois são amigos.
O deputado Mardoqueu Bodano (PL) defende o projeto que proíbe venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolina.
O prefeito de Brejo Grande, Carlos Augusto (PL) disse que o turismo será o foco principal de sua administração a partir de janeiro.
Esta semana a Assembléia Legislativa terá apenas duas sessões. A que foi realizada ontem e a de hoje pela manhã.
O Governo do Estado deveria oferecer alguma justificativa para os salários tão altos de assessores da Secretaria da Educação.
As tarifas de telefonia fixa ficaram cerca de 4% mais caras desde segunda-feira. Trata-se da segunda parcela do reajuste definido pela justiça.
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal, calculado pela Fundação Getúlio Vargas ficou em 0,10% nos 30 dias encerrados em 25 de outubro.