L A N Ç A M E N T O 1 Cantor: ROBERTO CARLOS CD: “ROBERTO CARLOS” Gravadora: SONY & BMG Embora esteja ocupando um dos primeiros lugares atualmente na lista dos mais vendidos, a verdade é que o novo CD de Roberto Carlos vem constatar o que todo mundo já sabe: o Rei não vende mais como outrora. Até há bem pouco tempo atrás, cada lançamento dele não saía com menos de um milhão de cópias. Já o atual teve a tiragem inicial restrita a duzentas e sessenta mil, marca deveras invejável para qualquer um, mas tímida em se tratando dele. Muito dessa queda se deve à forma como Roberto vem administrando sua carreira. Mesmo mostrando melhoras quanto ao distúrbio obsessivo-compulsivo, doença que assumiu possuir há certo tempo, e mais conformado com a perda da amada Maria Rita, ele tem lançado discos muito fracos se comparados com aqueles de sua fase áurea nos anos setenta. O atual, por exemplo, saiu com apenas nove canções. Delas, embora “Promessa” (parceria dele e Erasmo Carlos e anteriormente gravada por Wanderley Cardoso), “Coração Sertanejo” e “Loving You” (do repertório de Elvis Presley) sejam inéditas em sua voz, a única canção inédita de verdade é “Arrasta uma Cadeira” (que conta com a participação especial de Chitãozinho e Xororó). E convenhamos: é muito pouco para o que aguardam os seus milhares de fãs, tão sequiosos por novidade! O novo CD (que, no geral, tem o seu conceito sertanejo realçado pela escolha do repertório e pelos arranjos adotados para as canções) é completado por mais três músicas já gravadas em discos anteriores do próprio Roberto (“O Amor é Mais”, “O Baile da Fazenda” e “Meu Pequeno Cachoeiro”) e pelas canções “A Volta” e “Índia” que o trouxeram de volta às paradas de sucesso, no ano passado, por conta de suas respectivas inclusões nas trilhas sonoras das novelas globais “América” e “Alma Gêmea”. É!… O Rei precisa ousar bem mais daqui pra frente para continuar garantindo o seu posto, já que o mercado fonográfico tem se mostrado cada vez mais competitivo e volúvel. L A N Ç A M E N T O 2 Cantor: LUIZ FONTINELI CD: “LUIZ FONTINELI” Gravadora: INDEPENDENTE Luiz Fontineli é sergipano de Porto da Folha e está lançando o seu primeiro CD, o qual foi gravado de maneira totalmente independente. Conhecido por abraçar a música regional no começo da carreira, neste trabalho o artista mergulha em um universo totalmente diferente daquele a que vinha se dedicando, revestindo o seu disco com uma roupagem voltada para o pop rock. Fontineli arriscou, surpreendeu e se deu bem. Ele canta legal e até já se notam as puxadinhas de voz características do novo estilo adotado. Quem diria, heim…? As suas letras são simples, porém bem construídas e dão fielmente os recados a que se propõem. Os arranjos, teclados e programações ficaram a cargo do polivalente Valdo França e a guitarra suingada de Álvaro Alexandre ajuda a criar a atmosfera dançante da maioria das faixas. A Canção “Nova Manhã” tem sido bastante executada pelas rádios sergipanas e é realmente muito bacana. Melodia gostosa e facilmente assimilável em versos que falam do mais decantado dos sentimentos: o amor. “Luzes” tem refrão de forte apelo popular e brilhante naipe de metais e “Sedução”, outro bom momento do CD, possui uma introdução que lembra um grande sucesso de Marina Lima. Outro ponto alto é o reggae “Tarde Demais” e a faixa “Ficou Claro” mostra a visível evolução de Fontineli como cantor, com a emissão de vibratos muito bem colocados. “Viajante” é um rock estradeiro da melhor qualidade, merecendo que se destaque a bateria precisa de Rômulo Filho e torna-se claro que “Preciso de Você”, com levada dance sobre base de baixo conduzido pelo competente Gilson Batata, foi concebida mesmo com o intuito de animar a galera. Por sua vez, a faixa “Só”, com seu arranjo grandiloqüente, transforma-se no momento romântico do disco, lembrando os tempos em que Léo Jaime compunha com afinco. “Sonho Azul” é a única música reminiscente da fase inicial da carreira do artista. É uma bela valsa, possuidora de melodia elaborada e letra suave, revelando um momento de grande inspiração e que merece ser ouvida com atenção. Enfim, um trabalho esperado que vem colocar Luiz Fontineli na linha frente da nossa música popular sergipana. Corra e ouça (à venda da Casa do Artista)! N O V I D A D E S · E segue, no Município de Pirambu, o Projeto Assaim de Música. Na próxima sexta-feira (dia 27) será a vez da cantora Célia Gil e da banda Java estarem se apresentando no palco armado na bela orla. Se eu fosse você, não perderia por nada deste mundo porque, com certeza, serão dois shows memoráveis! · A virtuosidade do gaitista Flávio Guimarães é demonstrada no homônimo CD recém-lançado pela gravadora Eldorado. São quatorze faixas (algumas delas pinçadas de trabalhos anteriores) que mostram o porquê de o artista ser considerado o melhor conhecedor da gaita atualmente no Brasil. Há participações especiais de Paulo Moura, Ed Motta e do grupo Blues Etílicos. Entre os melhores momentos estão as faixas “Berimbau Não É Gaita”, “Maracagroove”, “S Dobrado” e a contagiante “Dente de Ouro”, tema recolhido do folclore popular. · Falcão, o vocalista da banda O Rappa, confirmou recentemente que existe um projeto de ele gravar um CD de sambas juntamente com Maria Rita. Embora ambos estejam trabalhando ainda os seus discos mais recentes, trata-se de uma idéia interessante, pois poderia resultar em uma guinada nas carreiras dos dois. A experiência da participação da cantora no DVD da aludida banda foi bastante satisfatória, a se constatar através do resultado final das faixas “O Que Sobrou do Céu” e “Rodo Cotidiano”. É esperar para ver se o lance vai vingar! · O próximo CD de João Bosco deverá marcar de fato a reconciliação de sua parceria com Aldir Blanc. Previsto para chegar ao mercado este ano, mas ainda sem uma gravadora definida para lançá-lo, já existem pelo menos três parcerias totalmente prontas: “Mentiras de Verdade”, “Sonho de Caramujo” e “Toma Lá, Dá Cá”. João Bosco, todavia, não deixará de compor com seu filho, o inspirado Francisco Bosco, com quem vem desenvolvendo, nos últimos tempos, um trabalho muito interessante. · A gravadora Biscoito Fino pôs no mercado, no final do ano passado, nova edição do CD “O Sol de Oslo”, gravado por Gilberto Gil na Noruega e no Brasil entre 1994 e 1998. O álbum, que teve a produção do competente Rodolfo Stroeter, vem agora com duas faixas bônus: as inéditas gravações da canção “Músico Simples” e do tema nordestino “Watapá”. Falando em Gil, o atual Ministro da Cultura revelou recentemente que compôs um samba para a Copa do Mundo de 2006. Além disso, está em várias faixas do DVD que contém o registro do show “Viva Brasil em Paris”, gravado em julho passado na capital francesa, dentro das comemorações do “Ano do Brasil na França”. O baiano aparece em duetos com Jorge Ben Jor, Daniela Mercury, Gal Costa e Henry Salvador. Também estão presentes do DVD os cantores da moda Lenine e Seu Jorge. · A banda mineira Skank começou, na maior surdina, a gravar o seu mais novo CD cujo lançamento está previsto para meados deste ano. Deve vir coisa boa por aí… · Depois do retorno em 2004, após um período em que o vocalista Frejat preferiu priorizar a carreira solo, a banda Barão Vermelho está lançando um oportuno CD duplo (gravado ao vivo no Circo Voador – RJ) no qual revisita os maiores sucessos de sua carreira (o trabalho sai também em DVD, o primeiro lançado pela banda). Os rapazes são bastante competentes e, embora este atual trabalho não seja tão bom quanto o último gravado ao vivo (“Balada MTV”, em 1999), comprova que a pegada forte característica da banda continua intacta. Há apenas uma boa inédita (“O Nosso Mundo”, parceria de Guto Goffi com Maurício Barros), mas antigos hits ganharam novos e apropriados arranjos (“Ponto Fraco”, “Declare Guerra”, “Por Você” e “Down em Mim”, por exemplo). Cazuza, o primeiro vocalista da banda, é homenageado, seja através da canção “O Poeta Está Vivo”, seja através de uma participação especial em “Codinome Beija-Flor”. Para os eternos fãs e para os mais novos que ainda não conhecem direito e querem saber mais sobre o trabalho da banda, trata-se de uma excelente oportunidade! · Responsável por um dos melhores CD’s do ano passado, o excelente “Braseiro”, o qual foi apresentado como o seu trabalho de estréia, a cantora Renata Sá, na verdade, teve um disco anteriormente gravado. Trata-se de “Sambas e Bossas” que foi distribuído como brinde de uma grande empresa e levou a assinatura de Rodrigo Campello na produção. Para os já milhares de fãs da bela intérprete, as canções desse trabalho, indisponível no mercado, podem ser baixadas em sites especializados na Internet. Entre os sambas, há, por exemplo, “Essa Moça Tá Diferente” (de Chico Buarque) e “Falsa Baiana” (de Geraldo Pereira). Já as bossas se fazem representadas, dentre outras, por canções como “Coisa Mais Linda” (de Carlos Lyra) e “Chega de Saudade” (de Tom Jobim e Vinicius de Moraes). Há ainda uma canção desconhecida do grande público, a interessante “Novidade” (de Rodrigo Maranhão). Quem procurar, acha… RUBENS LISBOA é compositor e cantor
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