“Na cidade sem meu carro” (!?)

Eu tenho que confessar: gosto muito de dirigir, passei muitos anos da minha vida andando de ônibus e ainda não consigo ficar sem carro por muito tempo. Somente há 3 anos tenho automóvel, por isso mesmo acho difícil passar um dia que seja sem ele (foi muito tempo de espera). Quando necessário, é claro que a gente faz um sacrifício, mas fica contando os dias pra voltar ao conforto.

Se bem que com o trânsito que Aracaju tem atualmente nem é tão confortável assim, mas para quem já enfrentou um “Campus/DIA”, ou “Augusto Franco/Beira Mar” e outros do tipo, sabe que existe sim coisa muito pior. Ironicamente, ontem, 22 de setembro, no Dia da Jornada “Na Cidade Sem Meu Carro”, eu completei o terceiro ano da minha habilitação de motorista categoria A/B. Não pude não pensar no assunto, mas sim, eu dirigi…

Mas ontem também vi uma reportagem da TV Sergipe que tirou um pouco da minha sensação de culpa, pois sintetizou todo o sentimento dos usuários do transporte público, que já foi também o meu. Um verdadeiro “tapa na cara” dos empresários da categoria e da prefeitura municipal, quando a repórter Carla Susane falava da falta de esperança de melhorias no serviço que existe na massa de passageiros que o utiliza.

Me identifiquei totalmente quando uma senhora deu seu relato e confessou que não tinha nenhuma expectativa de um dia ver algo diferente do que ela enfrenta hoje. Era exatamente assim que me sentia quando ainda era usuária de coletivos e por isso, fiz tanto esforço para ter um carrinho de sei lá quantas mãos. Então, tudo isso é para expressar que, enquanto não houver um mudança para muito melhor no serviço que ai está, seria uma tremenda demagogia da minha parte falar em usar o transporte coletivo, bicicleta ou qualquer outro veículo, ainda que seja em benefício do Meio Ambiente.

E entendam todos: sou totalmente a favor da diminuição do uso do carro, mas não acredito que isso irá acontecer sem a melhoria significativa do transporte coletivo. Ou isso, ou em breve não teremos mais vias suficientes para a quantidade absurda de carros nas cidades.

Sou defensora do Meio Ambiente sim, mas me incluo nele, então tenho que defender o meu benefício também, ainda que pareça um pouco egoísta o que estou falando. Mas quem já saiu do Albano Franco (em Socorro) para chegar a UFS (em São Cristóvão) utilizando 3 ônibus, passando por 3 terminais de integração, se defendendo diariamente de assaltos e assédios (e repetindo tudo isso na volta), vai entender perfeitamente o que estou falando.

Como dizia Daniela, um ex-colega de faculdade, “quando desço (do ônibus) no terminal da UFS me sinto uma sobrevivente!”.

Link para a reportagem As dificuldades dos sergipanos no transporte público

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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