NOVEMBRO AZUL: CUIDADOS COM A SAÚDE DO HOMEM

O mês de novembro é internacionalmente dedicado às ações relacionadas à saúde do homem. Os homens apresentam uma maior mortalidade do que as mulheres em praticamente todos os ciclos de vida. A Vulnerabilidade maior dos homens está relacionada com fatores comportamentais: os homens apresentam mais resistência a procurar cuidados médicos e a realizar atitudes preventivas.  Desde cedo são educados para não entrar em contato com sua fragilidade, mantendo a aparência de que são fortes e saudáveis. Com isso constroem a fantasia de que nunca vão adoecer ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, alimentam um incrível medo de descobrir doenças.

O foco das ações do novembro azul não deve ser só com relação ao câncer de próstata

O objetivo deve ser de qualificar a saúde da população masculina na faixa etária entre 20 e 59 anos, oferecendo orientações corretas e atualizadas para o diagnóstico precoce e prevenção de doenças cardiovasculares, cânceres e outras, como diabetes e hipertensão. O infarto agudo do miocárdio, por exemplo, é uma das primeiras causas de óbitos em homens, entre as doenças crônicas não transmissíveis.

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem trabalha com cinco eixos prioritários: acesso e acolhimento; paternidade e cuidado; doenças prevalentes na população masculina; prevenção de violência e acidentes; e saúde sexual e reprodutiva. O Ministério da Saúde recomenda que as ações sejam realizadas durante todo o ano, sendo o mês de Novembro um momento de mobilização e sensibilização.

A Situação atual da saúde dos homens em Sergipe
Em Sergipe, os dados mostram que as causa de mortes masculinas na faixa etária de 20 a 59 anos são: 1º. Causas Externas, 2º. Doenças do Aparelho Circulatório (Doenças Cardiovasculares), 3º. Neoplasias (Câncer) e 4º. Doenças do Aparelho Digestivo.
Causas Externas
Atualmente as mortes por causas externas representam um importante problema de saúde pública e incluem violências (homicídios, suicídios, acidentes de trânsito).  Os homens apresentam índice maior de comportamentos de risco e estão mais propensos a acidentes ou a violência. O uso abusivo do álcool e outras drogas se constituem em importantes fatores de risco para o comportamento violento dos homens. Dados nacionais mostram que o brasileiro está bebendo mais e de forma mais nociva. O modo de beber em binge (quando se consomem 4 ou 5 doses de bebida no período de duas horas, uma vez ou mais por semana) é o mais preocupante. Vários estudos mostram que a situação econômica precária está fortemente associada com altos níveis de consumo de álcool, o qual é identificado como um importante mecanismo através do qual a tensão psicossocial é traduzida em saúde precária e mortalidade mais alta.

Doenças Cardiovasculares
As doenças cardiovasculares são aquelas que afetam o coração e as artérias, como os já citados infarto e acidente vascular cerebral, e também arritmias cardíacas, isquemias ou anginas. A principal característica das doenças cardiovasculares é a presença da aterosclerose, acúmulo de placas de gorduras nas artérias ao longo dos anos que impede a passagem do sangue. Quando as artérias fecham (aterosclerose), ocorre um infarto na região que não recebeu o oxigênio. Basta não receber oxigênio, para região entrar em colapso. As causas da aterosclerose podem ser de origem genética, mas o principal motivo para o acúmulo é comportamental. Obesidade, sedentarismo, tabagismo, hipertensão, colesterol alto e consumo excessivo de álcool são as principais razões para a ocorrência de entupimentos das artérias. Os estudos mostram que, o homem fumante tem cinco vezes mais chance de ter um infarto que o não fumante.
Para evitar sustos, a melhor conduta é a prevenção. Consultas regulares ao médico são essenciais para medir pressão arterial, controle de peso, orientação nutricional, além de avaliação física. O alerta para os sintomas cardiovasculares. Nesta fase 1 (inicial) a pessoa demonstra poucos sintomas. Na fase 2, a doença já se instalou, e os sintomas começam a aparecer – dor no peito falta de ar, palpitações, insuficiência cardíacas, isquemias, dores de cabeça. Na fase 3, ocorrem as dores agudas, sinal de complicações cardiovasculares severas. Infelizmente, a prevenção masculina começa apenas quando o homem está na fase 2, ou, até mesmo na 3. São comuns relatos de pacientes que sentiram cansaço repentino, uma dor de cabeça extremamente forte ou ainda uma falta de ar intensa e só no hospital, depois de exames, descobriram que tinham alguma doença cardiovascular.

Neoplasias
A cada ano que passa, o câncer se configura e se consolida como um problema de saúde pública de dimensões nacionais. Quando se analisam as neoplasias malignas, de um modo geral, entre os homens, predominam, o câncer de pulmão e do sistema digestivo (câncer de estômago, fígado). O câncer de pulmão está muito relacionado ao hábito de fumar (tabagismo). Embora no Brasil, onde as campanhas educativas e legislação (a proibição de propagandas de cigarro, o uso em ambientes fechados, aumento dos impostos e das advertências nas embalagens) promoveram uma considerável redução no número de fumantes, os casos de câncer de pulmão ainda são preocupantes.

Câncer de Próstata
Nas mobilizações do Novembro azul, a maior preocupação sempre foi com relação ao câncer de próstata. A próstata é uma glândula que só o homem possui, localizada na parte baixa do abdômen. Situa-se logo abaixo da bexiga e à frente do reto. A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. Ela produz cerca de 70% do sêmen, e representa um papel fundamental na fertilidade masculina.
Entre a população masculina total, o câncer de próstata representa a sexta ou sétima causa de mortalidade por neoplasias, na faixa etária de 20 a 59 anos. Na idade acima de 65 anos, o câncer de próstata passa a ser a primeira causa de óbito. Novas orientações estão sendo divulgadas, durante o Novembro Azul, pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias Estaduais de Saúde de todo o país, que vão modificar algumas atitudes dos profissionais de saúde. Através da nota técnica n°001/2015 conjunta (Ministério da Saúde e INCA – Instituto Nacional do Câncer), em um posicionamento respaldado em evidências científicas atuais, não recomenda a organização de programas de rastreamento em massa de câncer de próstata, pois a adoção das práticas de rastreamento podem trazer danos à saúde do homem. Portanto, a massificação da realização do PSA, para todos os homens, não é mais recomendada, pois estudos mostram que: resultados falso-positivos – os níveis elevados de PSA no sangue podem estar relacionados a condições benignas e não ao câncer, levando o paciente a realizar exames invasivos desnecessários, além da ansiedade que o resultado provoca; Sobrediagnóstico e Sobretratamento: o diagnóstico de um câncer encontrado pelo rastreamento não evoluiria clinicamente e, como consequência seriam realizados tratamentos desnecessários trazendo problemas graves com disfunção sexual erétil, incontinência urinária e outras.
O Ministério da Saúde trabalha com a perspectiva da detecção precoce, nos casos que o usuário apresente sintomas urinários, independente da idade, sendo essencial que os homens sejam orientados a reconhecer os sinais de alerta da doença para procurar atendimento junto a um profissional da sua unidade básica de saúde. São os principais sinais de alerta: Presença de sangue na urina ou no sêmen, necessidade frequente de urinar, principalmente à noite, dor ou queimação ao urinar, jato urinário fraco ou interrompido, perda do controle da bexiga.

Diante disto, os homens precisam compreender que estilo de vida determina a qualidade de vida, e com isso muitos adoecimentos poderiam ser evitados. Não podemos esquecer que novembro é o mês alusivo à Saúde do Homem e não apenas a prevenção do câncer de próstata.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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