O Brasil na vala

Acredito que não preciso ser redundante ao ponto de iniciar esse texto falando sobre as populações indígenas como os reais povos nativos e originários desse país. Após uma pausa necessária para colocar a saúde mental em dia, algo que tem se tornado uma utopia diante de tantas informações adoecedoras que tenho recebido, retorno para trazer algumas informações breves sobre a importância de órgãos como a Fundação Nacional do índio – FUNAI, para a população brasileira de maneira geral. Afinal, a preservação ambiental interessa, ou deveria, a todo mundo.

 

A FUNAI surgiu em 1967 com o propósito de promover e proteger os direitos dos povos indígenas do Brasil. Ao longo dessas décadas, o órgão atuava ativamente em prol da preservação ambiental, demarcação de terras, um dos pontos importantíssimos e fundamentais para proteger as diversas etnias indígenas que aqui temos, além da promoção de pesquisas importantíssimas e reconhecidas nacional e internacionalmente. O uso dos verbos no passado para me referir à FUNAI é proposital. Desde o seu plano de Governo, antes de ser eleito,  o atual presidente, cujo nome não pronuncio ou escrevo, destacou que acabaria com a FUNAI e a destruiria com uma foice e se tem uma coisa que ele tem cumprido é com suas promessas de destruição.

 

De fato, a FUNAI está sendo decepada junto com seus indigenistas atuantes e necessários ao longo de anos de atuação. Por conta do meu curso de doutorado em Antropologia, me aproximei e conheci alguns e algumas indigenistas importantes deste país, além de dialogar com grandes lideranças indígenas e buscar compreender a gravidade das questões que envolvem a grilagem e a demarcação de terras. Se antes já era difícil para quem é ativista, atualmente com os discursos que matam, fomentados pelo presidente e sua trupe do terror, a população que se identifica com tal linguagem, se sente confortável para normalizar a barbárie.

 

Sigo insistindo e lutando pela educação como forma libertadora, mas, nesse momento, a minha esperança morreu junto com os corpos de Bruno Araújo e Dom Philips. Não há esperança se não há justiça. O Brasil está entregue às milícias e parte de sua população não só concorda como tem agido de maneira similar em seu cotidiano. Pessoas cada vez mais agressivas, mulheres à margem de violência gratuita em locais festivos, com testemunhas, e homens que se sentem confortáveis para esmurra-las, pois sabem que não haverá punição, crianças sendo empurradas para o trabalho infantil e a exploração sexual de maneira torpe, imigrantes pretos sendo escravizados, humilhados e assassinados em plena luz do dia, como num episódio de Black Mirror com os celulares a postos para filmar, mas ninguém para impedir.

 

É importante pensar nas eleições de maneira crítica, buscando conhecer o histórico de cada candidata ou candidato e pensar em como essas pessoas eleitas atuarão em prol de causas importantes e comuns a todo mundo. Não há um salvador da pátria, há uma população que precisa mudar drasticamente a forma como lida com questões  sérias,  uma população que precisa aprender a importância do voto, da gestão pública e das políticas públicas, pois um país que degenera os seus, jamais irá prosperar.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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