Na frente do computador, os dois amigos discutiam a forma de como começar o conto. “Você não pode colocar logo um matando o outro”, deixe isso para o fim. Ou no meio. Não estrague o impacto.”O jovem narrador disse que começava como quisesse e não acabaria com nenhum impacto . Então o outro se afastou e o narrador digitou:
O roubo
Quando conseguiu entrar na sala, a primeira coisa que fez foi matar, a tiros de revólver, o vigia. Após, retirou do bolso um cartão e abriu a gaveta da mesa e procurou um papel. Encontrou: sabia daquele papel, em que o chefe anotava o segredo do cofre. Feito isso, abriu o cofre, encheu a sacola de dinheiro e saiu pelos fundos, descendo a escadinha. Tudo saiu como planejara. Se ouviram os tiros, estariam agora procurando o local de onde viera o barulho.
Apressado, pegou um ônibus, saltou na praça do seu bairro e subiu para o pequeno apartamento, onde morava sozinho. Colocou os maços do dinheiro em cima da mesa. Quanto? Dez milhões ou mais. Vinha vigiando isso há muito tempo. Fez um sanduíche e um suco e sentou-se na poltrona. Ligou a televisão, no noticiário local.
No instante em que ia colocar o sanduíche na boca, ficou parado, lívido, sem-saber: na tela o repórter exibia um cartão de CPF, com seu nome e número e dizia: esse cartão foi encontrado no local do crime , esquecido pelo ladrão, a polícia está à sua procura. Ouviu a campainha da porta tocando ou foi apenas impressão?