O curioso caso da falta de mulheres na política sergipana

A efervescência das eleições já começou. Em Sergipe, o burburinho sobre quem se candidata, quem sai para vice, para isso ou aquilo, já virou assunto nas redações e rodas de conversa de muitos grupos. Mas, uma coisa que sempre fica apagada a cada processo eleitoral é a participação das mulheres no pleito.

O menor estado brasileiro carrega também índices baixíssimos de representatividade feminina em seu quadro político. Certamente não é por falta de mérito ou competência. Temos nomes de mulheres extremamente potentes em todas as esferas, mas o que parece prevalecer, no gosto popular do eleitorado sergipano, é eleger mulheres que sejam aprovadas por um grupo seleto de homens poderosos. Além disso, há um padrão da mulher ideal a ser eleita, com expressa  feminilidade, esposa, dedicada à família, sobretudo, quando é o marido quem faz a sua campanha.

Temos nomes fortíssimos de mulheres que trabalham na linha de frente dos movimentos sociais, sindicais, de políticas de inclusão e assistência social, saúde, cultura. Por que, então, o eleitorado sergipano ainda insiste em não somente não eleger mais mulheres, como, quando as elege, subjuga-as a uma posição de sombra do marido, ou primeira-dama, mesmo quando essas mulheres estão exercendo sua liderança?

Quando eu olho para as bases do funcionamento de grandes instituições, quem compõe essa base, seja nos hospitais, escolas, universidades, associações, movimentos sindicais e sociais, entre outros locais, são as mulheres. Elas são a maioria na estrutura, no pilar de qualquer um desses espaços. E para que não achem que estou delirando, sugiro que pensem através de sua ótica, olhem ao redor, comecem por suas famílias, empregos, locais que frequentam, percebam quem está ali de maneira árdua fazendo o trabalho acontecer.

Se as mulheres estão lutando na base, por que há uma dificuldade imensa em escutá-las e levá-las ao topo? Precisamos pensar e repensar quem está conosco na luta pelos direitos, quem está batalhando por nós, quem ultrapassa a linha dos padrões para trazer políticas públicas que sejam benéficas de maneira geral. As eleições estão batendo na porta, e nós precisamos escutar, refletir e raciocinar, antes de deixar qualquer um entrar e ocupar esse lugar. Procurem saber sobre as mulheres candidatas, incentivem as mulheres que você conhece a se candidatar. Precisamos de mais mulheres na política, pois em pleno século XXI, a fama de Sergipe de ser a  terra de coronéis deve ser deixada de uma vez para trás.

Agora é que são elas!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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