O presidente regional do PSDB, deputado federal Bosco Costa, está de mangas arregaçadas, trabalhando por seus candidatos às Prefeituras e Câmaras Municipais em cidades que tem influência política. Exausto, ele desabafou: “a reforma política tem que acabar com as eleições de dois em dois anos”. Na realidade, estes pleitos alternados fazem o jogo de um grande número de eleitores, que sabe negociar bem os seus votos. Vende, sem qualquer caráter, a sua consciência e a da família. De preferência por dinheiro, mas também vale outros benefícios como óculos, dentadura, material de construção e até cestas básicas. Os candidatos entram naturalmente na jogada e corrompem mesmo, sem qualquer desfaçatez. É um comércio comum, tão corriqueiro que comentários desse tipo já se tornaram enfadonhos e repetitivos. O leitor estaria preferindo ler uma análise da situação dos candidatos em Aracaju, porque é desse resultado que se pode fazer um diagnóstico precário de como será a eleição ao Governo do Estado. Realmente é interessante saber se há ou não segundo turno em Aracaju, mas numa visão absolutamente neutra, ainda não dá para ver sinais reais de que ocorrerá uma nova eleição em novembro, embora se perceba um pequeno crescimento dos demais candidatos e uma permanência de Marcelo Deda entre a casa dos 52%, que não é uma posição confortável para definir o jogo sem ter prorrogação. Embora seja isso que o leitor da capital deseja saber, é importante que se insista nesta questão crônica e impune da corrupção eleitoral, como se um pleito que vai decidir os destinos de cada cidade, seja um mercado de secos e molhados. Em Aracaju tem um candidato a vereador que vai gastar R$ 3 milhões para se eleger. Faz uma campanha realmente milionária, como se fosse para prefeito, apenas para ter uma cadeira na Câmara Municipal. É verdade que quem banca tudo é o pai, enquanto o candidato fez uma verdadeira orgia com distribuição de uma série de serviços que custam muito dinheiro. Consegue emprego em certos gabinetes, com a facilidade com que distribui os milhões de santinhos que mandou imprimir, enquanto paga a cabos eleitorais da periferia de Aracaju para conseguir os votos necessários que lhe dêem a “medalha de ouro” das eleições municipais. Quer ser o mais votado – e será – já com vistas às eleições de 2006, onde pretende chegar a deputado estadual. Nenhuma capacidade, tudo por dinheiro. Com esse critério, onde um imenso numero de eleitores não tem consciência que o voto irresponsável os atinge diretamente, o país sempre terá câmaras municipais ineficientes, assembléias legislativas silenciosas e um Congresso Nacional mambembe. Mesmo que cada candidato proporcional se eleja para fiscalizar os atos administrativos da cidade, estado e país, a tendência de quem legisla é se acomodar sob as asas do poder executivo, com o objetivo de participar de benefícios, empregar parentes, conseguir benesses e não se envolver com os problemas da comunidade. Afinal, o parlamentar está ali porque comprou o mandato e não deve satisfação a ninguém. Evidente que não se trata de uma generalização, mas se pode chegar a uma constatação: todo o país tem um executivo dominante, para um legislativo permissivo. E, nessa situação de dominação, não se pode fazer uma nação forte, equilibrada, bem fiscalizada e sem o autoritarismo que emana dos palácios. Isso acontece exatamente porque o eleitorado é frágil, uma imensa maioria descomprometida com o desenvolvimento municipal, estadual e nacional e pouco se lixando para os políticos. Que se lixem para eles, mas que não encham os bolsos com o dinheiro sujo da corrupção eleitoral. Uma campanha como a que ocorre, hoje, em todos os estados, há uma exploração que não se pode calcular e muito menos controlar. O político vale pelo que tem financeiramente, não pelo que pode fazer em favor da comunidade. As pessoas não estão preocupadas com as propostas, quando elas acontecem, mas com o momento, com a grana, com qualquer tipo de esmola. Lógico que o político faz parte dessa engrenagem e, tendo dinheiro, sabe que compra o mandato sem nenhum risco e, claro, se atrela à cúpula para conseguir a boa fatia que cabe a uma elite que absorve o que rende o país. Essa é a fotografia de um país sem consciência eleitoral, sem responsabilidade com o futuro da pátria, sem compromisso com as mudanças sociais necessárias, para que todos tenham direito à comida, moradia, saúde, educação, segurança e trabalho, pondo um freio no abismo que separa as classes sociais. BRITTO O ministro Carlos Ayres Britto, do STF, revelou que, quando a matéria exige, cita, em seu parecer, nomes de poetas e compositores. Britto participou do Programa do Jô, terça-feira. Disse que nada melhor do que definir uma situação, numa questão social, utilizando o verso de Djavan: “Sabe lá! O que é não ter e ter que ter pra dá?” MINISTÉRIO Carlos Britto é de opinião que o Ministério Público deve ter competência pra fazer investigações que esclareçam o processo. Reconhece que não pode fazer isso como uma ação de polícia. As investigações são para seu conhecimento e ação. Carlos Britto está lançando um novo livro: “Ópera do Silêncio”. PEDRINHO O secretário de Turismo, Pedrinho Valadares, disse que não vai responder a acusações do deputado federal Jackson Barreto. Acha que se diminui ao responder a qualquer coisa dele. Pedrinho considera Jackson Barreto “um desqualificado em todos os sentidos”. O secretário está na Argentina tratando da vinda de turistas a Sergipe. FONTES O deputado federal João Fontes (Psol) considerou que a visita do ministro Aldo Rebelo (PCdoB), a Sergipe foi para consolidação do acordo com o Planalto. João disse que os entendimentos estão em andamento e, durante o café da manhã com o governador João Alves Filho, o ministro tratou do assunto. ABERTO Na realidade o ministro Aldo Rebelo deixou o café da manhã revelando que a conversa girou em tom político de aliado, sem queixas. “Ele (João) tem registrado interesse que as questões do Pacto Federativo sejam rediscutidas”, disse o ministro e concluiu: “ele não fez nenhuma outra queixa”. CONVERSA João Fontes tem se reunido com o candidato a prefeito pelo PRP, José Renato, mas não tem nada definido com relação a apoio formal. Segundo informou Renato Sampaio, o partido do deputado, o Psol, decidiu que não apoiaria ninguém neste pleito municipal: “se não fosse isso ele estaria conosco”, diz Renato. VEREADORES Os vereadores da coligação que apóia Marcelo Deda estão se recusando a subir no palanque com ele, por causa do segurança Luiz Fernando. O pessoal lamenta a passividade de Marcelo Deda para com seu segurança e já decidiu que enquanto Fernando estiver nos palanques e trios, eles não sobem. CAMPANHA O prefeito Marcelo Déda (PT), candidato à reeleição, praticamente tirou sua campanha das ruas. São vistas poucas bandeiras do candidato nas esquinas. Marcelo Déda está fazendo caminhadas, movimentação na praia e comícios nos bairros. O suficiente para liderar as pesquisas. MISSA Quem fez a homilia na missa de 7º Dia da morte de Caçulo, em Simão Dias, foi sua filha Mônica Matos, candidata a vice-prefeita de José Valadares (PSB). Alguns políticos importantes compareceram à missa, como o governador João Alves Filho e os senadores José Almeida Lima, Maria do Carmo Alves e Antônio Carlos Valadares. REUNIÃO Na reunião de segunda-feira à noite, o governador João Alves Filho pediu aos auxiliares que se empenhassem em favor da candidatura da deputada Susana Azevedo (PPS). Lembrou que nas eleições de 2000, exatamente nesse período, o senador Valadares estava com 40% e Deda com 10%. No final Deda ganhou no primeiro turno/ SUSANA A deputada Susana Azevedo também participou da reunião e pediu que os secretários e demais auxiliares entrassem nessa luta pela disputa da Prefeitura. Nenhum secretário fez manifestações e todos concordaram em apoiar a candidata do PPS e tentar levar o pleito para o segundo turno. ALBANO Apesar dos convites, o ex-governador Albano Franco (PSDB) tem evitado a participar de comícios. Recentemente foi a um em Riachuelo, onde seu sobrinho é candidato a prefeito. Albano vai iniciar suas atividades políticas no próximo ano e já está certo que disputará um mandato em 2006. Ainda vai se definir quanto a majoritário ou proporcional. CONVERSA O deputado federal Bosco Costa (PSDB) teve uma conversa, há 15 dias, com os senadores tucanos Tasso Jereissati, Arthur Virgílio e Antero de Barros. Terão um encontro com o senador José Almeida Lima (PDT), na próxima semana, em Brasília, para definir sobre o partido. Os três senadores não querem perder ninguém. ALMEIDA O senador Almeida Lima só quer voltar a falar sobre esse assunto quando conversar em Brasília e definir a questão do PSDB. Ele já está no ninho tucano. Almeida também concorda que não veta ninguém, mas deixa claro que seu entendimento político é com o governador João Alves Filho (PFL). Notas PESQUISA-1 A diretora de jornalismo da TV Sergipe, Lígia Tricot, faz observações corretas ao comentário publicado nesta coluna sobre a pesquisa do Ibope contratada pela emissora. Diz que a pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 22 de agosto e não 26 e 27 de julho e que foram ouvidos 406 eleitores em Aracaju e não 800. Ligia diz que a pesquisa foi registrada na 27ª Zona Eleitoral, como exige a lei, mas não foi feita apenas nesta Zona. As informações corretas foram divulgadas pelo TV Sergipe, no dia 24 de agosto, no SE-TV 2ª edição. PESQUISA-2 Plenário errou quando atribuiu ao Ibope a realização da pesquisa nos dias 26 e 27 de julho, ouvindo 800 eleitores e realizada em nove bairros da 27ª Zona Eleitoral. Esse levantamento foi feito pela Databrain, contratada pela revista IstoÉ, e publicada na segunda semana do mês de agosto. Nada a ver com o Ibope. Entretanto, apesar do Ibope não se inserir no comentário, pode-se dizer que em Sergipe este instituto nunca chegou perto do resultado real das eleições em Aracaju, mesmo fazendo pesquisas às vésperas do pleito. CONFAZ O Conselho Fazendário (Confaz), que congrega secretários da Fazenda de todo o país, vai se reunir em Aracaju, de 21 a 24 deste mês. Esses encontros geralmente chamam a atenção por debater os problemas econômicos que atingem os estados. As decisões, entretanto, só são levadas à prática se aprovadas por unanimidade. Um dos principais temas a ser debatido nesta próxima reunião será a medida adotada pelo governo de São Paulo, vetando créditos do ICMS de doze estados. Antes que o problema termine na Justiça, será debatido pelo Confaz. É fogo Não existe nada mais engraçado do que o programa político dos candidatos proporcionais. Não apenas pelos apelidos, mas pelos discursos. Além disso, dá uma demonstração de que não há a menor qualificação na escolha das candidaturas nas convenções. Esses candidatos proporcionais apelam para tudo, inclusive para crianças que gaguejam o nome do candidato. Será que o sujeito imagina que isso dá voto? O empresariado se recolheu neste período de campanha. Estão ajudando a dois ou três candidatos a vereador e pronto. O deputado federal João Fontes (Psol) tem se reunido muito com o bloco que apóia a candidatura de José Renato à Prefeitura de Aracaju. Os candidatos evitaram a praia no 7 de setembro. Preferiram a Barão de Maruim, onde se realizava o desfile militar e das escolas. Ninguém fala mais no jovem assassino do vereador Ventinha, que fugiu do Cenam três dias depois de praticar o crime. A Polícia não se manifesta, o sujeito continua foragido e não se tem uma única informação desse rapaz. É complicado… Uma média de 10 mil de evangélicos compareceu ao ato da Igreja Universal, no Batistão. Pagaram 10 reais para entrar. Um bom lucro. Com dívida de R$ 1 bilhão, a Bombril já tem o aval da Justiça para encontra um novo proprietário. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a criação de uma meta de crescimento para a economia brasileira e elogiou a proposta da CUT, estudada pela Fiesp, da criação de um pacto social entre trabalhadores e empresários. Por Diógenes Brayner
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