O Homem do Dinheiro

Muita gente estranhou o fato de que dois cidadãos, flagrados com a merreca de quase dois milhões de reais, para comprar o dossiê contra José Serra, não souberam dizer de quem receberam o dinheiro.

 

Tudo é muito simples. Vulfânia, a minha assistente free-lancer( que, evidentemente, faz free-lance para mim), que, entre outras qualificações, diz que é especialista em marcas, genéricos e tópicos gerais(nunca entendi o que é isso), e que tem um caso com um agente federal, explicou que a polícia trabalha com três hipóteses.

 

PRIMEIRA – os dois honrados cidadãos estavam sentados no banco de uma praça, conversando tranqüilamente, às 3 horas da madrugada, quando foram surpreendidos por um homem encapuzado, em uma moto. E antes que pudessem dizer qualquer coisa, o mascarado jogou uma sacola para  os dois e fugiu em disparada. Quando a abriram, viram que estava cheia de reais e dólares.

 

SEGUNDA – estavam os dois seríssimos cidadãos sentados no banco de uma praça, conversando tranqüilamente, às 3 horas da madrugada, quando foram  surpreendidos por um homem encapuzado, de revólver em punho, portando uma bolsa.

 

—- Isto é para vocês – falou o homem, apontando o revólver para os dois.

 

E jogou a bolsa no banco.

 

—- Abram – ordenou, agitando ameaçadoramente o revólver.

 

Um dos seríssimos cidadãos a abriu, com muito receio – pensando, talvez, que estivesse cheia de cobras venenosas. Viu o conteúdo e arregalou os olhos.

 

—- Mas…. mas… é dinheiro!

 

O mascarado sorriu.

 

—- Isso mesmo. E  é todo para vocês.

 

—- Para  nós? – os dois falaram ao mesmo tempo.

 

—- Claro. É tudo para vocês.

 

—- Mas  por que está fazendo isso ? – perguntou um dos seríssimos cidadãos.

 

—- Porque gostei do jeito de vocês. Parecem ser pessoas sérias e caridosas.

 

—- Mas o que vamos fazer com tanto dinheiro? – perguntou o outro seríssimo cidadão.

 

—- O que quiserem. Comprem balas, chicletes, picolés, dossiês, sei lá.

Um cidadão seríssimo protestou.

—- Não! Não queremos este dinheiro!

 

O encapuzado apontou o revólver para ele.

 

—- Vocês não têm escolha. Ou ficam com o dinheiro ou morrem !

 

E , ainda apontando o revólver, sumiu na escuridão da noite.

 

TERCEIRA – estavam os dois honestíssimos cidadãos sentados no banco de uma praça, conversando tranquilamente, às 3 horas da madrugada, quando um vento forte começou a soprar. E viram quando algo caiu junto aos seus pés. Um deles pegou a coisa e arregalou os olhos. E gritou.

 

—- É um maço de dinheiro!

 

—- De dinheiro ! – gritou o outro.

 

—- É. Um maço de dólares!

 

E mal acabaram de falar, outros maços, de dólares e reais, começaram a cair. E os dois, muito religiosos, ficaram de joelhos, agradecendo à Providência Divina por tamanho milagre, enquanto os maços caíam abundantemente.

 

Achei estranhas as hipóteses da polícia e pensei que tudo deveria ser fruto das bebedeiras de Vulfânia. Eu só admito os seus horríveis hábitos etílicos/pinguçosos porque ela é muito competente.

 

Ela convenceu Adelson Alves de que ele foi o vencedor do debate do dia 26. Por isso, ele já começou a escolher o seu secretariado. E a pinguça não me contou ( é muito modesta), mas eu soube que ela explicou a Ricardo Berzoini que ele não iria ter nenhum problema no esquema da compra do dossiê contra os tucanos.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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