Ano de 1964.Uma cidade qualquer do país. O rapaz de pouca idade, óculos escuros, calmo, estava ao lado da mesa onde um major do Exército, exibia uma farda bem engomada e uns olhos brilhantes.Os lábios apertados, compunham com todo o seu visual, uma figura autoritária. E era isso o que ele queria transmitir. Ao lado, sentado diante de uma máquina de datilografia , um sargento esperava as suas ordens.
—Vamos! Comece a falar tudo o que sabe, você é um comunista e vai falar tudo que sabe!
— Falar o quê? – indagou o rapaz, denotando um ar inocente. O major bateu forte com a palma da mão direita na madeira da mesa. O som repercutiu sua indignação.
— Está vendo, sargento? Tipo do comunista frio, nem afobado está. Mas aqui tem que falar, senão… — e fez um gesto arrogante. Emitiu um ”hannn…” misterioso.
O rapaz continuou calmo. Pensou: “comunista frio coisa nenhuma, o que está me agüentando calmo são os comprimidos de Librium…”