Asim caminha a humanidade.

Sirvo-me do título de um filme famoso da minha infância: “Assim caminha a humanidade”.

O filme, o épico longa metragem, “Gyant” (1956), ou “O Gigante”, dirigido por George Stevens e ganhador do Oscar de Melhor Diretor, tinha os atores Rock Hudson e Elizabeth Taylor, como casal apaixonado, ao lado de James Dean, ator famoso de “Rebel Without a Cause” ou “Juventude Transviada”, que logo depois morreria em acidente de automóvel, e vasto elenco onde pontuavam a veterana, Mercedes McCambridge, como Luz Benedict, a garota, Carroll Baker, e o jovem mancebo Sal Mineo, como herói de guerra, cedo imolado, estando hoje, todos eles esquecidos.

Assim caminha a humanidade, filme de 1956 sobre a saga de petróleo no Texas.

Na fita, o grandalhão, Rock Hudson, é Bick Benedict, um grande proprietário de terras no Texas que conhece Leslie Lynton, ou Elizabeth Taylor, na compra de um seu cavalo premiado, os dois se apaixonando e constituindo uma nova família Benedict

O Texas, onde o casal residiria, era então um vasto território pouco habitado onde o gado pastejava extensivamente sem fronteiras, sendo a fazenda dos Benedict, tão grande, cerca de 600 mil acres, que dava até para ser percorrida por várias léguas sem fim nas rodas de um trem.

Se Bick (Rock Hudson) era um gigante, ele tinha uma irmã solteirona, Luz Benedict estrelada por  Mercedes McCambridge, que tinha uma simpatia pelo jovem beberrão Jeff Rink, agregado da família e odiado por Bick, vivido por James Dean em seu derradeiro papel.

No filme, a solteirona Luz Benedict deixa por herança uma minúscula área para Jeff Rink que se recusa a vendê-la, restando como enclave mediterrâneo, cercado por todos os lados pelas terras dos Benedict.

Ocorre que a gleba minúscula herdada por Rink esconde uma notável jazida de petróleo, que o faz bem mais rico e poderoso que os Benedict, e assim a humanidade caminha por uma civilização norteada na energia barata do negro ouro, dissertando sobre os sonhos, seus anseios, em muitas carências e devaneios, que não vem ao caso explicitar agora, melhor valendo localizar a fita para bem assistir, quem assim o desejar, como um bom divertimento a perquirir.

Sirvo-me, do nome da fita, “Assim caminha a humanidade”,  para refletir sobre os nossos eternos descaminhos, o homem sendo o mesmo, e cometendo os mesmos erros e angústias.

Na fita, Jeff Rink cobiçando a riqueza de Bick Benedict, fica mais rico que este com o petróleo descoberto, mas continua invejando-o, sobremodo, por possuir dele o amor e o sorriso concedido por Elizabeth Taylor na pele de Leslie a potranca desejada.

Digo potranca, porque o desejo de Jeff não é o de busca da mulher, por complemento e partilha, mas de sua posse como se fora um animal premiado a tutelar, e dele auferir um gozo tenazmente desejado.

Hoje a humanidade continua percorrendo os mesmos caminhos, com o coração dos humanos insaciavelmente cometendo os mesmos erros.

Se a ciência descobre novas técnicas facilitando a vida, os homens empesteiam a sua passagem, deixando seu rastro, como o mongólico Átila, o Huno, aquele, segundo o qual a propaganda dizia ser um “Flagelo de Deus”, de quem nem relva nascia, nas trilhas de seu cavalo.

Na mesma cilha, e na mesma senda, o homem partilha sua miséria, sem seguir santos nem filósofos, nos mesmos desencantos, repetindo antigos erros.

Hoje, por exemplo, estamos a ver um cenário festivo de prévias eleitorais, com nunca tantas bandeiras espalhadas por nossas avenidas num gasto imoderado de dinheiro público, notável esbórnia em amplo desperdício.

Para mudar o que? Nada!

Nada!, porque os orçamentos já estão com seus desatinos já, dejá, estabelecidos, em ampla companheirada sedenta de novas vantagens sindicais asseguradas, sobretudo para aquele que ali se apossou de uma boa sinecura, adquirida por pura serventia de um apadrinhamento nunca conferido em valor real por prova e título, nem nunca bem aferido se ainda faz jus por merecer, que os impostos sempre escorchantes e insuficientes, sejam ampliados, todos os meses, para os remunerar, seguidamente.

Irá a Educação melhorar, se o sindicato grita mais forte, enquanto coorte, em clava forte; “Somos muitos! Somos fortes!”

Que tolice!; todos vencidos pelo analfabetismo crescente, com a matemática sendo a mesma, sem mudança; só bem somar, mal dividir, multiplicar e até subtrair, em quatro operações somente, não de agora, mas desde Euclides!

Irá a Saúde sanear a vida com tantas carências de vacinas, em libertinas várias de minudências e vitaminas, renhidas e jamais vencidas com tantas  pantomimas, em leguleios repetidos em amplo rebosteio, devaneios outros em pantonimas,  onde uma boa paralização por paredismo heroico, nunca restará imunizada, mas sempre poderá resolver todas as crises endêmicas, epidêmicas e até pandêmicas, só de  pisos, contrapisos, troca-pisos, e em largas ausências de sizos, respeito mesmo, com quem sofre por alguma carência, dessa verminose anêmica, seja ela; municipal, federal ou estadual, na pública saúde?

E a Segurança? O que dizer se a “cracolândia” sulista, sucedendo a favela, vem refestelando a vida das cidades onde a mendicância se faz crescente, a cada semáforo ou esquina, o espaço público sendo apossado por pedintes e flanelinhas, e tomadores de conta de automóvel, mesmo com bolsas-família, “pés-de-meias”, e outros cantos de sereias, onde ali se ganha melhor que aquele que mareja quebrando pedra, numa atividade útil qualquer, enquanto funcionário, ou empregado, remunerado?

Está a humanidade melhorando com tão crescente entropia a suscitar corifeus demonizando o Capital, essa coisa terrível que a uns confere a sobrevivência e a outros só a exploração e a insolvência?

Não iremos todos piorar com as bandeiras espalhadas pelas ruas e avenidas, nutridas com o nosso dinheiro, usado aos milhões, num fundão eleitoral?

Se continua assim a humanidade, sem falar de guerras outras de Rússia e Ucrânia, Israel e seus vizinhos, agora atacado pelos persas, e o Brasil caminhando igual, de pior a pior, sem esperança de mudança…

Estamos a viver algum momento de gigantes?

Assim caminha a humanidade…

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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