Hamas, Bolsominions, Bis e “cauda de xauxicha”.

Na semana que passou aconteceu um ataque terrorista disparado da Faixa de Gaza, enclave filistino ao norte de Israel, território espremido entre o deserto e o Mar Mediterrâneo com 41 km de comprimento e 10 km de largura.

O povo judeu tem sido rotineiramente atacado, isso milenarmente, sem refrigério, por seus vizinhos, seus primos inclusive, afinal os dois povos originários, israelitas e ismaelitas, derivam do mesmo pai Abraão, gestado em duas matrizes, Sarai e Agar, uma esposa assumida, e a outra em desprezo preterida, isso após ter sido bem-querida, por teúda, consentida e manteúda, como se dizia até bem pouco tempo das relações adulterinas, enquanto atração tesuda e proibida, por promessas descumpridas.

Em verdade, a se crer nos relatos primevos do povo hebreu, Abraão filho de Terá, descende vinte gerações depois de Eva e Adão, e dez outras depois de Noé, aquele que construindo uma grande nau, reunira os animais aos pares, escapando todos e a sua família, mulher, filhos e noras, do grande e derradeiro dilúvio que presenciara a humanidade.

A se crer neste relato poético, Abraão seria um dos muitos homens que se uniram a mulheres, sem as quais nada existiria em ampla família que desse ramo surgiu, povoando o abençoado “crescente fértil”, extensão de terra notável em frescor e fecundidade, permitindo o convívio comum da humana geração, em sonhos e continuidade.

 De Abraão, fala-se que, por chamado de Deus, tomara esposa, animais e servidores, e saíra da casa de seu pai em Ur, na Caldeia, vagueando por vasta caminhada ao longo desta fina meia-lua de terra, que ainda hoje existe, úbere e fecunda, contornada  e sitiada por aridez e secura de um deserto ensolarado, viajando da Mesopotâmia entre os Rios Tigre e Eufrates, encurvando-se pelas verduras do Líbano, em grandes Cedros encimados e contemplados, e findando lá pelas fraldas do Nilo, o Grande Rio Africano, matando a sede do Egito, terra dos Faraós divinizados em esfinges, pirâmides e múmias, nas corredeiras deltas do grande rio, em muita história conferida e grande húbris permitida.

Diz-se de Abraão e de seu amplo peregrinar, que estivera no Egito, terra mais fértil e fresca que outras dantes suas conhecidas, mas ali não se teria agradado em bem viver e conviver, momento em que por sobrevivência de própria pele, fizera-se conhecer como irmão e não marido de Sara, razão para refazer do caminho em volta ao deserto do Sinai, encontrando Canaã, a terra em que nas esperanças sonhadas bem correria leite e mel.

Fato é que às margens do Rio Jordão, Abraão apeou de seu camelo e ergueu sua barraca tomando posse daquela terra que, por promessas do Criador lhe fora conferida numa aliança sempre exaltada pela exposição de seu arco-íris em pleno céu, essa coisa muito comum, mas sempre bela, refração da luz visível em sua passagem por dois meios distintos transparentes.

Se a Física ainda é a mesma, o homem também o é em sonhos, medos e lutas.

E em miséria sobretudo, afinal o difícil no humano tem sido a sua ampla convivência, embora não faltem conselhos, recomendações filosóficas, exemplos de parcimônia e tolerância, muitas ações a merecer a coexistência de todos na fruição e repartição do mútuo esforço comum necessário.

Todavia, sem o uso da força, da dominação que oprime, da inveja que conduz ao crime, o bom esgrime de armas, nunca é possível menear tal insatisfação coletiva.

“Se vis pacem para bellum”, se queres a paz, prepara-te para a guerra, diziam os latinos, eles campeões que assim permaneceram, enquanto tal conceito lhes fora sua regra maior. Indo tudo à pique depois que se eximiram de possuir uma guarda permanente.

Nesse contexto a única arte latina de guerra que sobreviveu, o Epítome de Publius Flavius Vegetius Renatus foi por muito tempo uma parte essencial da educação militar do príncipe medieval. O núcleo de suas propostas, a manutenção de um exército e uma armada permanente, junto a profissionais altamente treinados, foi revolucionário para a Europa medieval , enquanto a sua teoria da dissuasão através da força continua vingou melhor a base à moderna política de defesa ocidental.

Estes conselhos de Vegetius, escritos pouco antes da queda do Império Romano no Ocidente, firmaram  época em que a economia a fraqueza e a desintegração política ameaçaram minar a estrutura defensiva estratégica que sustentou o Estado Romano durante tanto tempo.

O principal impulso das reformas preconizadas por Vegetius era enfrentar os problemas da fragmentação do exército, da barbárie do seu pessoal, da perda de competências profissionais e da substituição de forças permanentes por mercenários, recrutando e treinando novos exércitos e marinhas, modelo começando do zero, e sobre estratégias apropriadas para seu uso contra os invasores bárbaros do período, conselhos que se revelaram inúteis como sempre acontece, em tantos despreparos numa pátria dividida, frente ao terror nunca de frente combatido.

Agora, por exemplo, estava Israel uma pátria dividida numa democracia claudicante, estribada em sucessivas eleições em maiorias parlamentares exíguas e tênues, fruto de alianças em contínuas lutas intestinas, quando no seu entorno próximo campeava o seu verdadeiro inimigo, Hamas, Hesbollahs, e outros mais, Aiatolás, contemplando a fragilidade que lhe vulnerava o flanco.

E o resultado foi o que se viu com o Hamas na faixa estreita de Gaza, bombardear Israel sem dó nem piedade, justo assestando uma festa de sons e luzes, como ninguém esperaria, não tão infame como o ataque japonês à Base americana de Pearl Harbour nas Filipinas, nem aos  aviões suicidas do onze de setembro, no World Trade Center em Nova York, e nem de longe mais funesto que o nosso convescote de oito de janeiro, onde só ali, e ali somente, emBrasília, a democracia foi conspurcada e envilecida, com um relógio em poucas tralhas aluídas.

Não. Não se compara! No Brasil o que infama não se inflama, nem é inflamável. No Brasil o nosso Hamas é outro. O nosso Hesbollah também.

Aqui não vinga mártires nem heróis. Nem Santos!

Todos são falsários, quiçá bandidos, de preferência da mesma estirpe “bolsominium”, por mais perigosa, pois conseguem a suprema ousadia de conquistar um boicote de chocolate, a ressudar infames pogroms inusitados.

Digo assim, porque o boicote do biscoito Bis da Lacta entrou na briga do Ladrão com o Falastrão e está pedindo arrego frente ao vasto chamuscar recebido.

Já em Israel em tantos deixa-disso externados mundo à fora, deve recolher seus mortos e chorá-los sem pensar em vingá-los, afinal a retaliação não os ressuscitará nem os farão mais tolerantes. Muito menos comendo Bis!

Sofrimentos à parte o recado já foi dado, porque o terror saiu dessa vez vitorioso e agora todos querem que Israelsofra calado, se possível saindo de sua Terra Prometida em nova diáspora pelo mundo.

Estarão melhor seguros, diluídos e espalhados pelo universo?

Pergunta que vem sendo respondida mundo à fora pela turma do deixa-disso, porque o Hamas ousando o terror já venceu a guerra, embora muitas batalhas devam prosseguir porque a intolerância humana tem sua sede eterna.

No meu entender, o Hamas venceu a guerra porque já mostrou a vulnerabilidade de Israel, e porque perante o terror bem ou malsucedido, quem o ousar repelir com vigor e energia irá erigir uma vitima maior.

Nesse prosseguir, quando o terror é realmente funesto, ele não resta simples “água de salsicha”, como findou o relatório da vergonhosa “CPMI do terrorismo de 8 de janeiro”, aprovado ontem por 21 a 10 Deputados e Senadores, escoiçados e vaiados no final daquela reunião paspalha, sem nem mesmo requerer um vasto aparato em salvo-conduto de jagunços e coiteiros, como se esperaria de heróis nos retornos das batalhas.

O terror que não gera medo, não faz seguidores, nem fomenta aliados.

No máximo suscita uma vaia, o que não é nada, cócega que dá e passa, por simples aplauso de descontentes. Ou dor de barriga, que um bom entupitivo resolve.

E que não se diga que pegará mal uma cara mal exposta, no público espaço vital dos homens comuns e ordinários, porque estes indiferentes prosseguirão comendo o seu chocolate preferido, bis ou in albis,  imunes, impunes e até por infortunes, mesmo que aqui vinguem tantos Hamas, por piores vexames, de relatórios vis, denunciados.

Em terra onde um chocolate virou símbolo de revolta e a “cauda da xauchixa” vingou bochecho ideal pro céu da boca, o terror desfila em procissão, e a desgraça prossegue na charola, graças a Deus, sem matar, nem morrer ninguém!

Há tema melhor, por besteirol?

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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