Em tempos de Dólar ultrapassando a barreira dos R$ 6,20, eis que me permito externar as minha dilatadas ignorâncias no campo da Economia, esperando, quem o sabe, despertar espíritos mais lúcidos, para os insones temas nacionais, com o Brasil, rotineiramente, enveredando na insolvência, fracassando, para sempre, como o notável país que perde mais o rumo do que acerta na viagem, uma tristeza para mim, enquanto geração perdida, que tanto quisera construir, desde os idos “soixante-huitard”, de um mil novecentos e sessenta e oito, por inspiração francesa dita, “Sorbonnard”, só porque os alunos daquela Medieval Universidade, queriam livremente cortejar suas colegas, nos seus aposentos, livremente, o que lhes era ainda vedado, surgindo então um grito verberado mundo afora, em alvissaras de nova égide: “qu’il était iterdit, d’interdire”, onde era proibido proibir tudo, e muito mais!, afinal “On ne devrait pas faire confiance à quelqu’un de plus de trente ans”, nós não deveríamos confiar em alguém com mais de trinta anos.
Tudo citado em francês da época, só para dizer que uma tolice será sempre uma estultice em qualquer idioma.
Tal brado, era um grito uníssono, por excelência, da geração “Baby-boomer”, daqueles iguais a mim, nascidos entre 1946 e 1964, após as grandes explosões de Hiroshima e Nagasaki, lá no Japão, longínquo!, ecoados aqui e la fora, em todas as esquinas com berros que demonizavam os hoje reconhecidos anos que os europeus batizaram, como “Les Trente Glorieuses“, ou “trinta anos gloriosos”, que por aqui em eco próprio equivocado, foram anos demonizados como os piores, em que a “pátria-mãe fora subtraída por transações inconfessáveis, com tanta gente que partiu num rabo de foguete”, no verso e na canção, do Bêbado e do Equilibrista, nossa melhor música, sem dúvida!, sobretudo na voz de Elis Regina, enquanto a massa só queria se seduzir na cuíca, atabaque ou afoxé no pé e na marcha ré do “Pra frente Brasil, salve a seleção!, e no mais que ufanista: “Este é um país que vai pra frente!, sem falar que muitos grafavam na testa, por maleita assumida em bom aceite e contamino: “Brasil ame-o ou deixe-o!”,dístico recentemente exaltado pela comerciante do Magazine Luísa, justo em tempos felizes de Dólar acima de R$ 6,20.
Naqueles tempos, ditos de “chumbo” ninguém via o Dólar sendo trocado por Cruzeiro e seus centavos, valendo ainda por troco de tostões, com a Economia saneada pela dupla de Economistas mais famosos, Otávio Gouveia de Bulhõese Roberto de Oliveira Campos, o mais que difamado “Bobby Fields”, escritor notável de Lanterna na Popa, em “(in)gloriosos anos” dos Generais Presidentes, “cruéis ditadores” que se “perpetuavam no poder”, por quatro anos apenas, nenhum deles ousando se reeleger, afinal essa coisa de se eternizar no poder, só aconteceu com a redemocratização da pátria sofrida com a vinda de Fernando Henrique Cardoso, e com o Real que surgiu como nova moeda, em paridade com o Dólar, justo depois de um grande desfile de Planos Econômicos, a moeda perdendo sucessivos zeros, de três em três, em capação a macete, de mil em mil, ou de 103 em 103, se preferirem, onde as pessoas comuns e micuins como eu, da noite para o dia viravam “milionários”, “bilionários”, sem nunca o termos sido, com o tostão virando rejeito de esmola, por pura gabolagem ou tavolagem, numa sucessão continuada de congelamento de preços, em inútil desfile de Economistas bem-falantes, a dissertarem sobre a inflação, de demandas, de oferta, de custos, estrutural, espiral global, inercial, estagflação, hiperinflação, o escambau, batendo caixa e ate berimbau, para com ela lucrar e bem cevar as suas careiras, consultorias e os sempre louvados pareceres.
Dito assim, recolho-me, mais uma vez às minha sempre vastas ignorâncias, até no Latim do texto-título, sorumbático, “Ignorantiam meam”, esperando ter sido grafado na declinação correta, por uma ausência total de conhecimento da matéria em tantos Ministros da Economia que desfilaram ao longo do meu viver.
Nesse contexto de marcha batida e de desfile continuado, eu nunca vi uma profissão mais louvada que a dos Economistas.
Que o digam os Médicos que estudavam bem mais e os Engenheiros Cus-de-Ferros do meu tempo, enquanto os Economistas aprendiam tudo em aulas noturnas.
Não se pode, todavia, generalizar, pois há muitos que manuseiam o Excel muito bem…
O problema é a solução econômica para vencer a pobreza, todos ou a maioria preceituando que é preciso garfar dos ricos para dar aos pobres.
Nesse contexto, recentemente assisti um debate em que o renomado Economista Francês, Thomas Piketty, autor de “Le capital; au XXIe siècle” e de “L’Économie des Inégalités”, só para falar destes livros que possuo, tropeçou ao ser desafiado a partir de quantos Euros o cidadão Europeu precisava ser taxado a mais por já ser rico.
Algo em que para a Índia o francês sugeriu que as heranças dos super-ricos fossem taxadas em 35%, numa recomendação tão ousada, que se ele aparecer dialetando em Mumbai, afogá-lo-ão no mar.
É só conferir a matéria no site: If Piketty shows up in Mumbai, trebuchet him into the sea. https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://x.com/KapoorAviral/status/1868638085749387516&ved=2ahUKEwjZ-PX83LOKAxU4sJUCHbBCME4QFnoECB0QAQ&usg=AOvVaw2Oc_lhO19yYj4mxZFv08dL
O que não impede Piketty de alarmar qual nova Cassandra, a louca sacerdotisa que previra o incêndio de Troia, pelos Gregos, pois segundo ele, “Estamos em uma situação semelhante à que nos levou à Revolução Francesa”, ou seja; voltaremos ao nada!, pois a Revolução Francesa não mudou nada, só nos trazendo por final Napoleão Bonaparte, e tudo voltando ao mote inicial, com algumas cabeças aparadas, é verdade!
Nesse contexto de Cassandras tresloucadas, vale repetir a troça de Roberto Campos em vendo seus colegas destroçando o país, como agora estão Lula e Haddad e o Dólar passando de R$ 6,20 : “Há três maneiras de o homem conhecer a ruína: a mais rápida é pelo jogo; a mais agradável é com as mulheres; a mais segura é seguindo os conselhos de um economista”.
E mais, repetia o velho latinista que usava e abusava do “Ridendo castigat moris”, ou sorrindo castigamos os costumes: “Sou chamado a responder rotineiramente a duas perguntas. A primeira é: ‘haverá saída para o Brasil?’. A segunda é: ‘o que fazer?’. Respondo à primeira dizendo que há três saídas: o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo. A resposta à segunda pergunta é: aprendermos de recentes experiências alheias”
Mas, como ele bem dizia: “Para as esquerdas brasileiras, o socialismo não fracassou; é apenas um sucesso mal explicado”. Algo que agora estamos de novo tentando.
Todavia, em tempos de Dólar mais barato escrevi eu, e bem vale repetir, porque eram tempos outros de um outro grande Ministro da Economia: o Ministro Paulo Guedes.
Em tempos felizes, antes do corona vírus,…
- Disse o ministro Paulo Guedes: “O dólar barato levou as empregadas domésticas à Disney”.
Errado: As empregadas domésticas foram levadas à Disney como serviçais para o carrego das malas dos patrões, cuidar das crianças e outras conveniências burguesas.
- Uma empregada doméstica o replicou: – “Juntei R$25.000,00 e mandei minha filha à Disney!”
Errado: Melhor seria utilizar os R$25.000,00, preparando-a para a vida com um bom estudo.
- Disse ainda o ministro Paulo Guedes: “O funcionário público com aumentos de salários sucessivos é um parasita que está matando o hospedeiro”.
Errado: O serviço público é um primor de eficiência e não é parasita quem reivindica aumento de salário.
- Disse o Presidente Bolsonaro endossando o depoente Hans: A jornalista da Folha de São Paulo queria dar o furo pelo furo, da reportagem.
Certo: Tudo vale à pena para conseguir o furo, até o furo pelo furo. Igual às salsichas, na confecção da notícia, o que não se deve é conhecer os detalhes, como bem dissera Von Bismark.
- O ministro Paulo Guedes sugeriu que no lugar de viajar à Disney se visitasse o nordeste.
Certo: Poderiam conhecer as nove mediocridades que governavam o Nordeste, e Sergipe em particular onde até o empresariado estava dando tiro na própria cabeça. Lamentável!, mas não foi assim e em tempos de Dólar mais em conta?
- Por final, disse-me um Economista: “O Ministro Paulo Guedes colocou uma bomba relógio no bolso do funcionário público”.
Errado: Porque voltava-se à tautologia do parasita querendo matar o hospedeiro querendo ter aumento de salário em regime de “home office”, isso em plena pandemia.
Mas, deixando Paulo Guedes e em nova carestia, o preço do Dólar não é da conta de ninguém.
Para uns é bom porque barateia as nossas exportações, aumentando o custo do pão. “Quem manda consumir trigo! Vá comer cuscuz de milho, ora essa!”
– “E em novas elegias de vastas carestias, não estamos sendo convidados a degustar pés de galinha como ideal colágeno?”
– “Por que então reclamar do Dólar estar acima de R$ 6,20?”
– “Não é bem mais terrível ver a quantidade crescente de mendigos fingindo estar em necessária atividade de pastoreadores de automóveis e de limpadores de para-brisas, sempre sujos, tudo isso com auxílios brasis, bolsas famílias e pés-de-meia concedidos pelo Estado cada vez mais insolvente?”
E assim, de modo conivente e pouco comovente, estamos cada vez mais longe do tempo da mendicância desvalida, e do pedido da esmolinha, por moeda ou troco, e pelo amor de Deus de antigamente.
Uma certeza, que de Economia pelo menos, eu, como todos, estamos sobremodo ignorantes, com o Dólar cada vez mais valorizado, e o Real nos prometendo novas emoções de inflação nos esperando.