Quando Ludwig Van Beethoven concluiu sua 3ª Sinfonia quis dedicá-la a Napoleão Bonaparte, então Consul da nascente República Francesa, que surgira para cumprir os ideais românticos e revolucionários que, àquele tempo, percorria o mundo em sonho pleno de liberdade.
A peça estava pronta para publicação, quando o compositor recebeu a notícia que o Corso virara Rei dos Franceses, entronizando-se como seu Imperador, o que lhe foi uma tremenda decepção, a ponto de rasgar a folha titulo na qual constava o seu nome como autor, logo abaixo daquele que se fizera agora um simples e mortal usurpador.
Segundo testemunho de Ferdinand Ries, assistente do compositor, em sua Biografia de Beethoven colhida na Wikipedia, “ao escrever esta sinfonia, Beethoven tinha pensado em Buonaparte, mas Buonaparte como Primeiro Cônsul”.
“Naquela época – relata o Assistente – Beethoven tinha a maior estima por Napoleão e o comparava aos máximos cônsules da antiga Roma. Não só eu,– continua – mas muitos dos amigos mais próximos de Beethoven, vimos esta sinfonia em sua mesa, lindamente copiados à mão, com a palavra “Buonaparte” inscrita no topo da página-título e “Luigi van Beethoven” na parte inferior. …Eu fui o primeiro a dizer a notícia de que Buonaparte havia se auto-declarado imperador, quando de repente teve um acesso de fúria e exclamou, ‘Então ele não é mais do que um mortal comum! Agora, também, ele vai pisar no pé de todos os direitos do homem, saciando somente a sua vontade; agora ele vai pensar que é superior a todos os homens, se tornando um tirano!’ Beethoven foi até a mesa, pegou a página-título, rasgou ao meio e jogou-a no chão. A página tinha de voltar a ser copiada e foi só agora que a sinfonia recebeu o título de “Sinfonia Eroica”.
Posteriormente, quando da sua publicação, a 3ª Sinfonia passou a ser conhecida como “A Eroica”, do italiano Heroica, perante quem o auditório que a escuta é convidado a reverenciar a figura de um Herói, um ser humano além do comum, superior, que conseguiu vencer os desafios da vida, alguns críticos vendo ali uma expressão de coragem do próprio Beethoven, que já estava sendo confrontado com uma surdez crescente, desafiando-o a reconhecer e separar o acorde perfeito, no contexto da melodia, alternando movimentos de alegria e de tristeza, exibindo uma revolta indomável de energia criativa, culminando após marcha fúnebre, a morte sendo para todos um transe inescapável, com a vida continuando sempre num derramamento continuo de energia e criação.
De lá para cá, A Eroica tem sido lembrada, sobretudo sua Marcha Fúnebre, ideal homenagem a todo féretro que transporta o humano herói ao descanso final acontecido de retorno a terra onde descansam os seus pais.
Destino comum de cada um, ficamos todos os que vivos continuam, festejando o dom da vida no movimento final continuado, com a sua sempre alegre por exuberante efusão de energia criativa.
Sirvo-me Da Eroica em efusão por homenagem, do passamento da heroica figura de Maria do Carmo Alves, “Dona Maria”, aquela mesma Maria que nunca largara seu tênis e calça jeans comum por traje nas andanças, onde se fez Maria do Povo, mulher e mãe, sendo para todos um refrigério, um apoio e companhia…
Poder-se-á dizer que nada disso era feito, executado, sem augurar um retorno, algo que a política faz e desfaz.
Quem, porém, não aufere um ganho do feito realizado, um aplauso a um texto inútil publicado, que seja, um canto trinado, mesmo que desafinado acontecido?
Que nota bem versejada não suscita só a maldade, a inveja, o desprezo e o menosprezo da vaia imerecida, sempre vinda e sobrevinda, do proselitismo comum que aos homens e mulheres tudo fracionam?
Ah, a humanidade! Os homens são heróis, como o fora Buonaparte, o Consul, e que depois se apequenara como Napoleão agarrado a um Cetro, qual carrapicho preso ao rastro do seu existir, por decepção a muitos como a Beethoven que não ouvia nem se reunia a tanto aplauso em louvação, frente ao infausto Herói corso, desde agora amiudado, e daí para frente, perante seus acordes imortais agigantados, que lhe sobrariam maiores.
A humanidade é assim: gigantes e anões todos o somos.
Em Sergipe porém, goste-se ou não, Maria do Carmo e João do Povo também, sobressaem na nossa história, embora lhes faltem as necessárias homenagens.
Infelizmente, elas, as homenagens, nunca são gratuitas, vindas do âmago intimo do existir.
Mais das vezes os reconhecimentos são falsos e as estátuas dos heróis são cultuadas como símbolos comuns de eventuais herdeiros que buscam se lhes apossar do vácuo incomodo, acontecido.
Não foi à toa que em Sergipe tudo foi feito para apagar a História de João e de Maria que agora partiu, firmando exemplo a tantos pigmeus acontecidos.
No entanto repete o tolo: “fulano foi o maior governador, sicrano foi o pior” Tudo mentira, aleivosia comum, do que é remunerado, pelo que fala e pelo que o contradiz.
À parte de tudo isso, os homens são mortais; os homens e as mulheres!, é bom ressaltar porque há mulheres que se sentem excluídas no coletivo humano exaltado, um incomodo nunca exarado por Dona Maria do Carmo, uma mulher que se fez notável como exemplo dos humanos nascidos de mulher. E que mulher!
Para terminar por acréscimo comezinho indispensável, ressalto que essa homenagem não vem de uma gratidão banal e trivial. Ela não resulta também de uma graça comum requerida e alcançada, em tantos pedidos comuns acontecidos e imaginados… E não vem de qualquer proselitismo político partidário sobrecomum interessado…
Esta homenagem é fruto de um voto sempre dado e repetido por um seu comum eleitor, sempre de graça! Sempre de graça! É bom repeti-lo!
É um tributo meu explicitado, enquanto seu admirador permanente e continuado, e que em frases singelas tenta homenagear via corbeille perfumosa, mas necessária, algo tosco e pequeno por derradeiro, como devem ser e permanecer as palavras, junto a seu esquife, enaltecendo o seu heroico viver entre nós.
Quanto aos homens e mulheres que em lágrimas continuamos nessa vida, seja Dona Maria um exemplo para todos.
E para ela, por que não?, solfejemos, o 3º Movimento, por Marcha Fúnebre de Beethoven, destinada ao Herói, e ao herói por excelência!
“Deo gratias”