Era um jovem casal, ele já formado, ela, estudante. O rapaz era um técnico e trabalhava em uma grande empresa. Alugaram a casinha, afastada do final da rua. Viviam agarrados, afogueados, apressados, entravam e saíam de casa geralmente juntos, em um carro modelo utilitário. Beijos, abraços, mãos dadas, alguns vizinhos estranharam e uns diziam que era uma sem-vergonhice. Não deu outra: uma noite, a casa ardeu levantando labaredas para o céu, uma grande fogueira escandalosamente bonita. Quando os bombeiros chegaram, só restavam cinzas. Onde era a cama, só os peritos viram dois corpos carbonizados. Pareciam dois galhos queimados, entrelaçados um no outro.
Ficavam trancados, com uma luz acesa no quarto e parece que só comiam e bebiam coisas que traziam ou pediam pelo telefone: pizzas, quentinhas, pães, queijos, frutas, garrafas de sucos e de vinho. “Eles só têm tempo de amar”, repetia um senhor, “é uma paixão das fortes, dali sai fogo!”
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