Cartas do Apolônio Lisboa, 12 de agosto de 2005 Caros amigos de Sergipe: A vida de recém separado é uma loucura! Nunca pensei que ia assumir tamanha responsabilidade. Não me refiro a pensão ou questões de administração da casa, pois isso, definitivamente, a Sulamita, minha secretária bilíngüe e boazuda não sabe fazer de maneira nenhuma. Já acostumei. O problema é o assédio feminino. As mulheres não me deixam mais em paz, meus amigos. Depois que uma tal de Etevalda Fausta criou a comunidade “Sou fã do Apolônio” no Orkut, não tive mais tranqüilidade neste mundo de meu Deus. A Etevalda é uma baiana reboculosa que conheci no show de uma banda brasileira que está fazendo o maior sucesso aqui pela Europa. Chama-se “Os Únicos que Prestam” (para que prestam mesmo sinceramente eu não sei, mas que estão fazendo sucesso, lá isso estão!). O fato é que eu e a Etevalda Fausta (que faz rocambolescos poemas parnasianos) resolvemos ir a este esdrúxulo espetáculo, cujos ingressos custaram uma fortuna! O baticum do samba e os requebros da cabrocha Etevalda acabaram despertando os meus instintos mais primitivos. Resultado: forniquei com a dita cuja nas coxias do teatro, onde, aliás, ninguém era de ninguém (e pra falar a verdade, estava todo mundo desprovido das vestes). Depois desse idílio musical, a mulata isoneira da boa terra resolveu me fazer esta homenagem virtual. Foi o suficiente para tirar a minha paz. Desde então o telefone fixo toca a toda hora, torpedos pululam no celular qual pipocas na panela, a caixa de mensagens do meu e-mail então, está mais cheia que cueca de ex-assessor. Sinceramente não sei mais o que fazer! Tudo bem que eu sou herdeiro de uma das mais prósperas vinícolas das terras do vinho verde, mas ainda assim, o alto consumo diário de Viagras, Cialis, Moet Chandons, preservativos e outras cositas pornô-eróticas, já está começando a abalar meu orçamento. De fato, o casamento é a base da verdadeira economia doméstica. Outro dia mesmo achei de ir a um motel chic com uma estudante de filosofia. que usa um daqueles óculos fundo de garrafa. Pra quê? A pobre moça ao levantar sem os óculos, tropeçou no tapete indo apoiar-se num painel de Di Cavalcanti afundando o centro da tela. Nervosa com o que chamou de pequeno incidente, acabou quebrando sem querer um vaso da Dinastia Ming que decorava a suíte. Resultado: fingi que ia ao banheiro e fugi pela veneziana tentando me safar do prejuízo. A estratégia resultou infrutífera pois a gerência acabou me localizando e tive que pagar uma fortuna pelas restaurações. Seqüela inevitável: Não transo onde tem vasos chineses nem obras de Di Cavalcanti. Ainda bem que tenho um Picasso em casa! Até semana que vem Um abraço do Apolônio Lisboa.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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