Os grandes temas nacionais, principalmente os econômicos, não conseguem atrair, o suficiente, a atenção da sociedade, que prefere permanecer inerte às discussões travadas nos corredores de Brasília. Assim foi com a reforma da Previdência, a tributária e a privatização dos bancos federalizados. Agora, o mais novo debate é o 6º leilão de petróleo, previsto para acontecer entre os dias 16 e 17 de agosto. A pretensão do Governo Federal é licitar 913 blocos de exploração pesquisados pela Petrobras, envolvendo 12 bacias e uma área total de 202.739 quilômetros quadrados. Mas o que tem a ver o bancário, o médico, o estudante, o comerciário, o advogado ou a dona-de-casa com isso? Muito! Mas muito mesmo. Pois se for levado em conta que esse leilão pode gerar um retrocesso de 40 anos ao Brasil, tornando o país importador de petróleo daqui a uma década, com graves conseqüências negativas à economia nacional, esse seria um tema levado muito mais a sério, que os desfechos das novelas globais ou o desempenho do time no Campeonato Brasileiro. Mas sério até do que as especulações políticas que se discute ao léu ou as intrigas nos corredores dos podres poderes. Segundo o deputado federal João Fontes (P-Sol), o 6º leilão vai entregar, às empresas multinacionais, áreas nas quais a Petrobras encontrou 6,6 bilhões de barris de petróleo. “Isso representa 50% das reservas nacionais provadas. Se o petróleo continuar sendo nosso, o país garantirá, a partir de 2006, a auto-suficiência nos próximos 10 anos”, adverte. Com dados da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), o parlamentar adverte que a estatal não tem previsão de novas descobertas no País: “daí a necessidade do Brasil de manter essas reservas sob seu controle”, insistiu. No mercado internacional, a situação do setor petrolífero é de extrema delicadeza, inclusive pelo aumento constante do barril de petróleo, que pode afetar a economia mundial. Todos sabem que os Estados Unidos invadiram o Iraque de olho na bacia petrolífera daquele país, auto-suficiente em petróleo. Também tenta derrubar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para “invadir” aquele mercado promissor. Mas isso tem um motivo: Os Estados Unidos, responsáveis por 25% do consumo mundial, compram 60% do petróleo que necessitam. Suas reservas próprias devem durar menos de cinco anos. Além disso, tem a forte concorrência da China, que ainda nesta década dobrará sua carência de petróleo, passando a consumir cerca de 16% da produção mundial, exportando 80% da sua necessidade. Nessa guerra de gigantes, que provoca uma elevação do consumo, o mercado mundial mergulhou em inúmeras incertezas. Em 2001, o barril custava em média US$ 13,00. Hoje está em torno de US$ 40,00. Um aumento de 300% em três anos. E onde fica o Brasil nisso? Citando estudos do economista César Benjamin, um dos maiores especialistas no tema, o deputado João Fontes mostra que o país, até esse leilão, está em situação privilegiada em relação à nossa produção de petróleo. “Benjamin lembra que na trajetória econômica medíocre do Brasil, nos últimos 24 anos, destaca-se o excepcional desempenho da Petrobras. Graças à sua competência, o país tem hoje reservas de 16 bilhões de barris, suficientes para assegurar seu consumo interno, nos níveis atuais, durante cerca de 18 anos”, relata o parlamentar. Só para se ter idéia da importância desse salto da Petrobras para a economia brasileira, se nos anos de 80 e 90 a estatal naufragasse, como naufragaram outros setores da cadeia produtiva nacional, o Brasil estaria gastando hoje US$ 23 bilhões por ano com a importação de petróleo. Isso não quebraria somente o saldo comercial, mas todo o país. Infelizmente, não estão dando importância e ignorando a argumentos técnicos e consistentes. A demonstração disso é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara o 6º leilão, dando continuidade à desastrosa política iniciada no Governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A Lei 9478/97, no seu artigo 26, estabelece que a concessionária que descobrir petróleo será sua proprietária, ou seja, essas reservas não pertencerão ao Brasil. O artigo 60 permite que todo o petróleo seja exportado, sem a menor consideração com o mercado nacional. Só para lembrar, dos cinco leilões já realizados, quatro foram por FHC. Todos, na época, duramente criticados pelo Partido dos Trabalhadores. A quinta rodada foi preparada pelo Governo Fernando Henrique, mas Lula preferiu mantê-la sob alegação de que não interviria num processo já iniciado. Agindo, assim, o PT joga fora mais um dos seus compromissos de campanha, o de suspender os novos leilões. Nada menos do que 50% das reservas nacionais (comprovadas) de petróleo estão em jogo nesse mega-leilão. É um golpe duro contra a soberania nacional. Ou o governo recua, ou o Brasil se tornará mais dependente ainda dos países desenvolvidos. O tempo é cada vez menor. Falta pouco mais de uma semana para esse famigerado leilão. A sociedade, as organizações não-governamentais e os poderes Legislativo e Judiciário precisam agir o mais rápido possível para que esse “entreguismo” não se torne uma realidade, transformando o governo Lula na maior tragédia da história do país. LEILÃO O deputado federal João Fontes (PSol) vai propor ao presidente da Assembléia Legislativa, que entre com uma ação judicial contra o leilão da Petrobras. João disse que será feita uma manifestação na Assembléia Legislativa, apartidária, para protestar contra o leilão da Petrobras. RODOVIA João Fontes também está fazendo um movimento para que fechem a BR-101, para protestar contra o descaso do Governo Federal para com a rodovia no trecho Aracaju/Pedra Branca. O deputado diz que ninguém está querendo brigar com o Governo e lembra que o deputado Heleno Silva foi quem indicou o diretor do Denit em Sergipe. MINISTRO O ex-ministro dos Transportes, deputado Anderson Adauto, veio a Aracaju, garantiu a continuidade das obras e não fez absolutamente nada. O trecho da BR-101, entre Aracaju e Pedra Branca, está com dois viadutos para fazer, além de sua duplicação. O percurso se tornou perigoso. APOIO O PSol, em uma reunião preliminar, já decidiu não apoiar o prefeito Marcelo Déda, pela questão nacional, já que há uma vinculação com o Governo Lula. A questão em Aracaju é porque o prefeito Marcelo Déda não teve coragem de indicar uma chapa puro sangue e manter Edvaldo Nogueira (PCdoB) como vice. RETORNO Segundo o deputado João Fontes, Marcelo Déda será o prefeito tampão, porque quem vai assumir mesmo é Edvaldo Nogueira, que é ligado diretamente a Jackson Barreto. E acrescenta: “com esse pessoal no poder vamos ter o retorno de Rosalvo Alexandre, Emanuel Nascimentos e outros que têm o comando de Jackson”. LIBERAR Durante a reunião do PSol o pessoal, inclusive alguns membros do PT, resolveu liberar para que, cada um, vote em quem considerar melhor. O pessoal também não defende ninguém do outro grupo de candidatos, porque “seria chancelar o projeto do governador João Alves Filho. E isso ninguém aceita”. ALMEIDA O senador Almeida Lima (PDT) em nenhum momento esteve em Brasília esta semana de recesso branco no Senado Federal. Ele estava em São Paulo e já desembarcou em Aracaju, onde fará reunião com candidatos do partido. Diz que estava viajando a negócios. ALBANO O ex-governador Albano Franco (PSDB) viajou ao Rio de Janeiro e há dois dias esta em Brasília. Acomoda-se no gabinete do deputado federal Bosco Costa (PSDB). Albano Franco evita falar sobre política, principalmente à imprensa. Diz que está revendo amigos e que não tem agendado conversa com o senador Almeida Lima. SEM VETO Em contato telefônico com Plenário o ex-governador disse que essa questão de Almeida ingressar no PSDB, quem tem que conversar é o presidente regional Bosco Costa. Deixou claro, entretanto, que “não sou homem de vetar ninguém”. De qualquer forma, os entendimentos não serão feitos com ele. ENCONTRO Nos corredores do Congresso Nacional, Albano Franco se encontrou com o senador Arthur Virgílio (PSDB), “que lhe garantiu: o partido não resolve nada sem lhe comunicar”. O senador disse ao ex-governador que realmente tem alguns senadores tucanos tentando convencer Almeida Lima a ingressar no PSDB. OLIMPÍADA De Brasília, o governador Albano Franco participa hoje, no Rio, da missa de um ano, do jornalista Roberto Marinho. Atendeu a convite pessoal Lili Marinho. Albano deixou de ir a Belo Horizonte, para a Olimpíada do Conhecimento, do Senai, que foi criada por ele. Viajaria no avião do vice-presidente José Alencar. Lula estará presente. HOTEL O deputado Fabiano Oliveira (PTB) conversou com o ministro do Turismo, Mares Guias, sobre o fechamento do Hotel da Ilha. Surpreso. Mares mostrou interesse em falar com os donos do hotel. Chamado, o empresário Sérgio Dantas foi a Brasília e esteve como o ministro. Disse-lhe que não tinha mais interesse no hotel. Mares vai procurar um investidor para reabri-lo. PROJETO Os deputados da oposição vão continuar unidos contra os quatro projetos da reforma do Estado, porque eles não definem nada. Falam em incorporar, extinguir ou autarquizar. O Governo tem que decidi, em cada projeto, o que vai fazer com os órgãos citados e não ficar à vontade para escolher uma das três opções. MATERIAL O deputado Gilmar Carvalho (PV) diz que não tem motivos para elogiar a candidata Susana Azevedo (PPS), mas reconhece que ela não tem culpa pela falta de material de campanha. Segundo Gilmar, a candidata à vereadora Rivanda Farias (PV) foi chamada ao comitê central para entrega de material e recebeu apenas 23 santinhos. Notas AUDIÊNCIA Algumas inconveniências políticas durante os dois dias que o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra (PT). Uma delas foi a necessidade de intervenção do presidente municipal do PT em Lagarto, Juquinha, para que Dutra atendesse o ex-deputado Jerônimo Reis e o prefeito de Lagarto, Zezé Rocha (PTB). Jerônimo e Zezé passaram mais de uma hora, dentro do carro, estacionado na porta do apartamento de José Eduardo Dutra, nos Jardins, mas não foram autorizados a subir. O atendimento ocorreu no prédio da Petrobras. BUROCRACIA Para serem atendidos na sede da Petrobras, Jerônimo Reis e Zezé Rocha esperaram algumas horas na ante-sala, onde enfrentaram uma enorme burocracia para entrar. No final tudo acabou bem, inclusive com a chegada do deputado federal Jackson Barreto, que conseguiu abrir uma brecha na agenda de José Eduardo. De qualquer forma, ficou uma certa chateação para lideranças do interior da importância do ex-deputado Jerônimo Reis e do próprio Zezé Rocha, que sempre foram fieis ao grupo e recebem bem quando esse pessoal vai a Lagarto. PROGRAMA Os programas políticos começam dia 17 próximo e deve ser assistido por um grande número de pessoas, porque acontecem antes das novelas. Mas é bom que os eleitores assistam e ouçam bem as propostas dos candidatos a prefeito, para assimilar a qualidade das propostas e os projetos de Governos. É através do programa que o eleitor vai escolher, conscientemente, quem tem condições de administrar Aracaju e promover um melhor trabalho, principalmente na periferia da cidade. É preciso ter cuidado pra não eleger maus políticos. É fogo A periferia de Aracaju tem recebido, todos os dias, a visita de candidatos a prefeitos, em suas caminhadas para o corpo-a-corpo. Geralmente garante melhoria nas ruas, calçamento e até empregos. Depois de eleitos a vida continua como sempre. A candidato do PPS, Susana Azevedo, está começando a expor as suas peças publicitárias. Só agora estão saindo os outdoors. O ex-presidente da Codise, Norman Oliveira, está se mantendo em silêncio e já disse que continua amigo do governador João Alves Filho. O deputado Marcos Franco (PMDB) defende que o Pronaf, que beneficia agricultores em pequenas áreas produtivas, seja a solução para reduzir a pobreza no semi-árido. Marcos Franco elogiou a decisão do Banco do Brasil em financiar kits de irrigação para famílias de pequenos agricultores com juro de 1% ao ano. O candidato a prefeito José Renato Sampaio (PPR) já disse que está no segundo turno. Não sabe ainda com quem… O deputado Belivaldo Chagas (PSB) vai estudar os projetos encaminhados pelo Governo do Estado, dentro do processo de reforma administrativa, para poder se pronunciar. Todos os candidatos a prefeito de Aracaju já gravaram seus primeiros programas para a televisão, O primeiro dia será de apresentação… A candidata à prefeita pelo PSTU, Vera Lúcia, é uma mulher tímida, que fala pouco e não demonstrar ter a voz firme de que faz oposição. O presidente Lula da Silva está otimista com o número de empregos criado até julho. São 1.2 milhão de pessoas empregadas com carteira assinada. O deputado Gilmar Carvalho (PV) quer que os 10% dos garçons não sejam pagos aos restaurantes, mas que o consumidor a quem o serviu. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br