À época em que o país vivia à beira de uma hiper-inflação obtinha-se através da imprensa, uma unanimidade de informações sobre o momento econômico e social. Em todos os meios de comunicação lia-se ou ouvia-se:
– As altas taxas de inflação eram um imposto perverso, que penalizava brutalmente as classes de menor poder aquisitivo.
– Os ganhos da ciranda financeira eram um incentivo para que os empresários deixassem de investir nas suas empresas e nos seus negócios.
– As altas taxas de inflação afastavam, cada vez mais, os preços dos salários.
– Inflação, quanto mais alta, maior a distância, que separava os mais ricos dos mais pobres.
Eram tão unânimes as informações nos meios de comunicação que todos, sem exceção, afirmavam que somente seria possível construir um país mais justo e menos desigual se a inflação galopante, que assolava o país, fosse debelada.
Hoje, com a inflação quase sobe controle, as notícias que encontramos nos meios de comunicação são controversas, nos deixam atônitos, pois ficamos sem saber qual é a real situação do país, senão vejamos:
– Ora lemos ou ouvimos que a situação atual asfixia os salários. Ora que as vendas dos produtos da cesta básica cresceram, que estouraram as vendas de produtos eletro-eletrônicos, que a indústria automobilística vem batendo recordes na sua produção e vendas.
– Ouvimos, também, que o Estado está falido, que compromete quase toda sua receita com o pagamento do seu pessoal ativo e inativo, que não consegue cumprir o que determina a Constituição. Por outro lado, não temos conhecimento nem notícias da vontade de nossos políticos de criar condições para que o Estado possa equilibrar o seu orçamento.
O Presidente Lula continua afirmando que desconhece o esquema de corrupção envolvendo o PT e seus principais subordinados.
Apesar dos deputados garantirem que as CPI’s não terminarão em pizza, nós vimos que o primeiro parlamentar que foi a julgamento após os dois deputados, principais protagonistas da crise política, terem sido cassados, foi absolvido, mesmo tendo recebido recursos de Marcus Valério.
Por desinteresse e divergências políticas, projetos como o Orçamento para 2006 deixaram de ser votados em tempo hábil e, por conseguinte, o Congresso se auto convocou para funcionar após 16 de dezembro, período do recesso parlamentar. Na segunda quinzena de dezembro e na primeira quinzena de janeiro, com exceção da CPI dos Correios, o Congresso esteve totalmente vazio, mesmo os parlamentares recebendo “salário extra”.
Tudo isto faz-me lembrar de uma conversa que tive com um garoto de quatro anos, na Praia de Boa Viagem, em Recife. Ele perguntou o meu nome e eu disse-lhe chamar-me Edmir Pelli.
Ele, ouvindo esse nome que lhe pareceu tão estranho, ficou em silêncio por alguns segundos, tentando entender o que eu dissera e por fim falou: “Olhe moço, me chamam de Ninho, mas meu nome verdadeiro é Jonatan”, e completou com os seus dois sobrenomes, “por isto eu quero que o senhor me diga: qual é o seu nome verdadeiro”.
Hoje, por estar tão confuso como ele, é que vou parafraseá-lo e perguntar àqueles que são notícias:
Por favor, senhores, qual é a verdade, verdadeira!