Refúgio em Pedrinhas

A única salvação para nós será a educação!

Cerca de 40 minutos de carro, saindo de Aracaju, chegamos ao povoado Pedrinhas, município de Areia Branca. Lugar escondido depois de uma subida íngreme e empoeirada numa estrada que deve ter dado nome ao lugar. Mas tudo estava valendo a pena para passar um final de semana tranqüilo num pequeno sítio, tendo a natureza como companhia, sem trânsito, e (dependendo da operadora) sem celular. O meu até que pegava, mas não tive nenhuma vontade de usá-lo.

Frutas colhidas no pé, minante de água doce, trilhas para os aventureiros (eu teria me arriscado se não estivesse em estado interessante), só entrei um pouco para sentir o

clima da mata que te cerca por todos os lados, inclusive por cima. Até aqui eu já estava muito agradecida aos céus por ter um local como aqueles para levar meu filho quando ele nascer e puder aproveitar um mínimo que seja.

Quero muito que ele possa ter uma infância parecida com a minha, perto da natureza, em contato com a terra, tomando banho de rio, conhecendo os bichos mais simples como boi, cabrito e não como uma “criança de prédio”, que vi certa vez numa reportagem de televisão que nunca tinha visto uma galinha viva de perto.

Mas o passeio ainda reservava uma ótima surpresa: uma espécie de açude, ou represa não sei ao certo sua designação, com água fresca e limpa onde pudemos todos do

nosso pequeno grupo, incluindo ai um cachorrinho pudle, nos banhar a vontade, sem mais ninguém de testemunha além do céu e do sol forte que fazia no dia. Minutos divertidos e inesquecíveis em toda aquela simplicidade.

A experiência só não foi melhor para mim porque já na chegada se percebia a presença maléfica do ser humano pelo local. Latas de cerveja indicavam um caminho triste por onde haviam passado pessoas que não mereciam nenhum pouco ter acesso aquela maravilha de lugar. E mais espanto me causou ao perceber que aquele não era um local de livre acesso a um grande número de pessoas, pois ficava dentro de uma propriedade privada, era preciso permissão para entrar.

Foram várias latas encontradas e cada nova que eu avistava eu tinha uma sensação de descrédito na humanidade. Sei lá, uma falta de esperança de que aquilo mude com o tempo. E também um medo de que até o meu filho ter idade para conhecer e desfrutar de todas aquelas sensações experimentadas por mim em dois dias de refúgio no meio do mato, talvez o mato não esteja mais em condições de ser freqüentado, restando apenas mais um depósito de lixo construído pela ignorância. 

A única salvação para nós será a educação!

(Fotos tiradas em 03 e 04 de março)

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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