Renovação à vista e o mata-burro da Assembleia

Quando os deputados estaduais eleitos neste ano forem empossados no dia 1º de janeiro de 2019 a Assembleia Legislativa de Sergipe deverá experimentar a maior renovação da sua história. Além do expresso desejo do eleitor de limpar o ambiente um tanto encardido pela corrupção, a Justiça tem nas mãos o poder de contribuir com a higienização da política paroquiana.

O Tribunal Superior Eleitoral marcou para o próximo dia 8 de março o julgamento coletivo dos nove deputados acusados de terem feito mau uso das verbas de subvenção da Assembleia Legislativa de Sergipe.

É um processo que remonta a 2014, quando o Ministério Público Federal ajuizou ações contra 23 deputados por irregularidades no repasse e na aplicação de verbas de subvenção social. Mais de R$ 12 milhões teriam sido desviados.

Augusto Bezerra (eleito pelo DEM e hoje no PHS), Capitão Samuel (PSL), Gustinho Ribeiro (eleito pelo PSD e hoje no PRP), Jeferson Andrade (PSD), Paulinho da Varzinhas (PT do B), Venâncio Fonseca (PP) e Zezinho Guimarães (MDB) ficarão de fora do próximo pleito se forem condenados pelos ministros do TSE.

Também correm o mesmo risco e por igual motivo os agora deputados federais Adelson Barreto (eleito pelo PTB, hoje no PR) e João Daniel (PT).

Os sete que permaneceram na Assembleia estão entre os 15 deputados estaduais que conseguiram a reeleição em 2014, juntamente com Ana Lúcia (PT), Francisco Gualberto (PT), Garibaldi Mendonça (MDB), Gilson Andrade (PTC), Goretti Reis (DEM), Luiz Mitidieri (PSD), Maria Mendonça (PP) e Pastor Antônio (PSC).

A renovação naquela eleição foi de 37,5%. A Assembleia Legislativa recebeu então nove deputados que estavam estreando ou retornando: Georgeo Passos (PTC), Jairo de Glória (PRB), Luciano Bispo (MDB), Luciano Pimentel (PSB), Padre Inaldo (PC do B), Robson Viana (eleito pelo PMDB, hoje PEN), Silvia Fontes (PDT), Valmir Monteiro (PSC) e Dr. Vanderbal (PTC).

Gilson Andrade, Padre Inaldo e Valmir Monteiro não disputarão a reeleição em 2018, porque seguiram outros caminhos e hoje são prefeitos de Estância, Nossa Senhora do Socorro e Lagarto.

Quando se despediram da Assembleia Legislativa foram substituídos pelos suplentes Adelson Barreto Filho (PSL), Moritos Matos (Pros) e Gilmar Carvalho (eleito pelo SD, hoje sem partido).

Portanto, se houver a condenação dos sete deputados estaduais acusados de desviar as verbas de subvenção, pelo menos 10 parlamentares eleitos em 2014 deverão estar excluídos do pleito deste ano.

Não esqueçamos que os deputados Robson Viana e Adelson Barreto Filho têm pendência no Tribunal de Justiça de Sergipe depois de serem flagrados, quando vereadores, pela Operação Indenizar-SE, que culminou com denúncia contra 15 parlamentares municipais envolvidos no esquema para desviar verbas indenizatórias distribuídas pela Câmara de Aracaju. O prejuízo causado por 16 vereadores foi calculado em R$ 30 milhões.

Vai que a Justiça resolve ser ágil com os processos deles também…

E não se pode desconsiderar que urna eleitoral é coisa sagrada,mas seletiva, e atende somente às almas mais legítimas ou generosas. Portanto, é natural que alguns dos atuais deputados não passem na peneira dos eleitos, engrossando ainda mais a tropa dos que não mais ultrapassarão o mata-burro instalado na porta da Assembleia Legislativa.

A propósito, era assim que o deputado general Djenal Tavares de Queiroz se referia à capacidade dos que conseguem se eleger. Quando presidente da Assembleia, uma vez ele encerrou uma discussão afirmando que ali dentro não entra ninguém desprovido de inteligência, pois na porta da Casa existe um mata-burro justamente para impedir o acesso aos animais de quatro patas.

Os que pensam serem muito sabidos poderão se dar mal.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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