Salário é sempre o maior atrativo para os empregados? *

“As pessoas são o maior ativo da organização, mas as pessoas certas (em atitudes, posturas, conhecimento, valores e ética)”.

Jim Collins (Autor de Feitas para Durar)

 

 

A maioria das empresas acredita que o salário é o fator preponderante no peso para as pessoas decidirem se vão dedicar o seu tempo e energia da sua carreira para a empresa na qual trabalham. Percebe-se que esse era um aspecto importante e preponderante até alguns anos atrás. Atualmente com a globalização desenfreada, sem que a maioria das empresas possa acompanhar essa evolução, os salários – cada vez mais – deixam de ser o atrativo maior. Além do aspecto da globalização, outros pontos já são analisados e avaliados pelos empregados.

 

Uma pesquisa recente realizada pela Towers Perin[1] da qual participaram organizações de mais de 16 paises do mundo envolvendo 1.000 participantes e 500 empresas mostra que o foco das pessoas cada vez se concentra nos seguintes aspectos: 1o – oportunidade de crescimento; 2o – oportunidades de treinamento e desenvolvimento; e 3o – salários. Além desses aspectos outros fatores estão sendo considerados importantes tais como: qualidade de vida, trabalho desafiador, reputação da empresa, saúde financeira, responsabilidade social, além dos aumentos salariais atrelados ao desempenho individual.

 

Um outro aspecto deixado claro e considerado muito importante pelas pessoas é a transparência da organização ou, em outras palavras, a sinalização clara do que se espera de cada empregado e a capacidade de permitir que o mesmo exprima suas idéias sem ser podado ou perseguido.

 

Todavia, um aspecto considerado importante, não só nessa pesquisa, mas em todas as pesquisas sobre desenvolvimento de pessoas nas organizações é a importância do papel do gestor nesse processo. Vias de regra os gestores não gostam de chamar a atenção dos seus subordinados, assim sendo, terminam por tratar de uma maneira igual os colaboradores de excelente desempenho com aqueles de desempenho mediano. E, por não darem esse retorno natural, muitas vezes, as pessoas deixam de evoluir porque não percebem que não estão indo tão bem como acreditam que estão e um belo dia são pegas de surpresa, seja por uma demissão, seja por perderem uma oportunidade que acreditam estar pronta para ela.

 

O papel dos gestores é fundamental tanto na retenção como no desenvolvimento dos talentos da organização; todavia, como tudo que demanda pessoas, trata-se de um assunto delicado e estratégico e a maioria dos gestores acredita que não deve ser envolver com isso, pois são assuntos do Departamento de Pessoal. No entanto, mais do que qualquer DP o gestor é quem mais conhece o seu subordinado e é também quem mais pode ajudar a sua equipe e se desenvolver rapidamente. Não é por acaso que os especialistas em potencial humano, muitas vezes, ao invés de analisarem os gestores preferem conversar com as suas equipes, pois as mesmas nada mais são do que um reflexo imediato do seu gestor.

 

Infelizmente constatamos que, grande parte dos gestores acreditam que devem ser “bonzinhos” e é isso que significa que ele é um bom líder, pois está compreendendo o “problema” de todos e que assim a sua equipe estará se auto-regulando. Por entender que esse processo de “lavar as mãos” é o mais eficaz, fecha os olhos para posturas inadequadas de colaboradores da sua equipe, o que faz muitas vezes com que os bons e eficientes colaboradores se desmotivem porque não verem os seus esforços compensados ou reconhecidos e pouco a pouco deixam com que os processos sob a sua guarda não funcionem da fluidez que deveriam funcionar.

 

Não resta a menor dúvida que as pessoas são o maior ativo de uma organização, mas as pessoas certas e não aquelas que não conseguem cumprir as suas tarefas por falta de comprometimento, de interesse ou até mesmo de boa vontade. Cada vez mais as empresas precisam aprender a selecionar suas equipes e, por outro lado, cada vez mais as pessoas – por sua vez – precisam oferecer às empresas um diferencial de competência. Muitas vezes, por mais incrível que possa parecer, esse diferencial não guardado em um conjunto de certificados/diplomas.

É bem verdade que isso é importante e fundamental, pois se trata de conhecimento, competência, mas atrelado a isso é necessário trazer também um conjunto de atitudes que irão fazer a diferença, tais como: estar aberto ao novo, saber enfrentar desafios, saber viver e conviver com a mudança, saber trabalhar em equipe, proatividade, ser o protagonista da sua vida, capacidade de aprender continuamente e cada vez mais se conhecer como pessoa, como ser humano.

 

Aqueles empregados “certinhos”, considerados eficientes, mas que só aprendem o que é necessário, que entram na hora certa e saem exatamente na hora certa, cada vez mais estarão perdendo espaço, pois o mundo atual está mais para os que ocupam – eticamente – os espaços, do que para “os certinhos” que só cumprem exatamente as tarefas para as quais foram contratados. É tudo uma questão de escolhas, como tudo na vida.

 

 

(*)

Fernando Viana

Presidente da FBC



[1] Gazeta Mercantil, 19-1-2006 –Seção Plano Pessoal.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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