Não é nada do que os moralistas sempre pensaram. Eles estão completamente errados. A corrupção, que achavam, ignorantemente, ser fruto apenas de uma fenomenal vontade de locupletação desmedida, é simplesmente uma doença. Isso mesmo, a corrupção é uma doença. Quem garante é o médico e psicoterapeuta João Augusto Figueiró, pesquisador do Hospital das Clínicas de São Paulo. Ele afirma que os corruptos querem a satisfação imediata dos seus desejos, sem medir conseqüências. O corrupto é um sociopata( na Psiquiatria, esse comportamento é chamado de transtorno da personalidade) e tem uma personalidade doentia. Ele explica que os transtornos mais diretamente envolvidos são o anti-social, o narcísico e o borderline. No anti-social há um padrão de violação dos direitos dos outros, ocorrendo desde os 15 anos de idade. Nesse caso, o corruptozinho – futuro corruptozão – não segue a lei. Mente, usa desculpas e engana para o seu benefício pessoal ou prazer. É impulsivo, agressivo, não se preocupa com o bem-estar alheio, é indiferente ao sofrimento dos outros e não tem remorso. No transtorno borderline, o corrupto está no limite entre o normal e o patológico. Apresenta relações instáveis de amor e ódio. Hoje está unido a alguém, mas pode imediatamente se virar contra esse alguém. Ufa! Não, não acabou. O corrupto se sente grandioso(transtorno narcísico), com funções muito importantes. Ele requer atenção excessiva e está sempre tirando vantagem de tudo. É arrogante e invejoso – ou acredita que os outros o invejam( cita como exemplo o ex-presidente, e agora senador eleito- cruz credo!-, Fernando Collor de Mello). E um aviso aos moralistas de plantão e os que combatem a corrupção: os transtornos de personalidade são intratáveis, incuráveis e irreversíveis – Deus tenha piedade do suado dinheiro do contribuinte. E o médico garante que se o corrupto permanecer na situação( poder) locupletadora a chance de repetir seus atos é total.Daí, podemos concluir que mensaleiros e sanguessugas que foram reeleitos voltarão a fazer tudinho novamente. E viva o povo brasileiro !, com licença do João Ubaldo. Vulfânia, a minha assistente free-lancer, que, entre outras qualificações, diz que é especialista em marcas, genéricos e tópicos gerais( nunca entendi o que é isso), quando leu a matéria foi às lágrimas. Perguntei o motivo de tanto pranto e ela explicou que estava com pena de Severino Cavalcante, Marcos Valério, Delúbio Soares, Maurício Marinho( aquele sociopata , diretor dos Correios, que foi filmado recebendo três míseros mil reais – comentam que ele foi expulso sumariamente pelo Conselho de Ética da Ascobra- Associação dos Corruptos do Brasil, por aceitar propina tão irrisória), Edilson Pereira de Carvalho( aquele árbitro de futebol que vendia resultados dos jogos), Roberto Jefferson e todos os mensaleiros e sanguessugas. Ela acha que os coitadinhos não têm culpa de gostar tanto de locupletação. Fiquei irritado com a pinguça – só admito os seus horríveis hábitos etílicos/pinguçosos porque ela é muito competente. Ela, por exemplo, convenceu Aloísio Mercadante de que a caso da compra do dossiê contra Serra o favoreceria – o povo iria achar que era safadeza da oposição – e que ele ganharia do tucano no primeiro turno. Ela não me contou ( é muito modesta), mas eu soube que depois de conversar demoradamente com a pinguça, Collor decidiu disputar a Presidência da República , em 2010. Ela provou, com seus costumeiros gráficos e cálculos, que o povo o receberá freneticamente, porque hoje sabe que, comparado com os atuais escândalos de corrupção, ele é um anjinho com harpa e roupinha branca. Liguei para um amigo, psicoterapeuta, e ele confirmou as afirmações do pesquisador de São Paulo. E contou um caso de um cidadão que foi consultá-lo. —- Qual o problema, senhor ? – perguntou o meu amigo. O cidadão hesitou , parecendo um tanto envergonhado. O meu amigo deixou que ele relaxasse e esperou pacientemente. —- O caso, doutor, é que eu sou prefeito de uma cidade do interior. —- E….? —- E quando vejo dinheiro entrando nas contas da prefeitura eu logo meto a mão.Diga-me, doutor, essa doença é grave ? O meu amigo, um tanto constrangido. —- Depende. O senhor mete a mão em muito dinheiro ? —- Meto, doutor.Meto a mão no dinheiro do Fundef, meto a mão no dinheiro da merenda escolar, meto a mão em tudo que é dinheiro. Por favor, doutor, seja franco, o meu caso tem cura? —- Infelizmente, não. Esses transtornos são intratáveis, incuráveis e irreversíveis. O cidadão deu um pulo do sofá. —- O senhor tem certeza, doutor? Tem certeza? —- Claro. Sou especialista em sociopatas. O senhor não tem cura. O coitado do prefeito abraçou efusivamente o meu amigo e saiu pulando e gritando que “graças a Deus a minha doença não tem cura”.
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