Está claro, junto ao eleitorado, que os partidos de oposição estão bem organizados em relação às eleições municipais. Têm candidato certo e forte à Prefeitura, que é o próprio prefeito Marcelo Déda, e ampla compreensão no que diz respeito a uma definição eleitoral. Evidente que a escolha do nome do vice ainda vai suscitar discussões, mas dentro de um certo limite, porque os partidos que integram o bloco já deliberaram a Marcelo Déda, poderes para fazer a escolha, desde que o vice não seja do PT. Exatamente isso que será a grande discussão para a candidatura vingar. À primeira vista está tudo bem, mas há uma tendência petista que não abre mão de uma chapa puro sangue. No encontro que acontecerá entre o pré-candidato Marcelo Déda e a militância, essa questão será posta em discussão. É verdade que Marcelo Déda assimilou bem, essa proposta de uma chapa com a participação de um dos partidos do bloco, mas o pessoal está consciente de que o Partido dos Trabalhadores não pode entregar uma Prefeitura, como a de Aracaju, a qualquer outro partido. Lógico que isso será um problema pesado e enfadonho para ser resolvido, mas a informação de que o PT não pode passar a Prefeitura para outra legenda, é uma constatação de que Marcelo Déda será candidato ao Governo do Estado e só vai administrar Aracaju por mais 16 meses, em caso de reeleito. Evidente que todo esse imbróglio, para escolha do vice, chegará ao caminho natural do consenso. Basta lembrar que Marcelo Déda é o único em condições de disputar as eleições, com chances reais de ganhar. Se tudo não acontecer da forma que ele deseja, basta um recuo seu na intenção de reeleger-se, para cessar qualquer reação contra o seu pensamento e seus compromissos. Déda está com a faca e o queijo na mão. Vai saber utilizar muito bem o seu estilo de fazer valer sua vontade, sem demonstrar autoritarismo, apenas ameaçando permanecer à frente da Prefeitura até o final do mandato. Déda sabe que, se não houver unidade no bloco, pode comprometer seriamente sua candidatura e não vai correr o risco de deixar os partidos aliados sem participar da chapa majoritária, embora isso talvez sequer mudasse o quadro. Exatamente ao contrário do que ocorria antes, quando a oposição tinha dificuldade de entendimento e se dividia para disputar eleições majoritárias e proporcionais, hoje o bloco que dá sustentação ao Governo sequer definiu candidatos. Existem lançamentos isolados de pré-candidaturas, ainda sem consistência e não oficializado. O PFL deixou de lado a intenção de disputar a Prefeitura, depois que o secretário do Turismo, Pedrinho Valadares, desistiu da candidatura. As lideranças mais expressivas do partido têm estranhado a posição do governador João Alves Filho, que demonstra pouca vontade de tratar sobre o assunto. Um dos seus auxiliares revelou que João atende qualquer político por mais de duas horas, desde que fale sobre questões técnicas e estruturais do Estado, incluindo desenvolvimento, mas não suporta mais de cinco minutos quando o assunto é eleição. Esse aparente fastio está fazendo com que alguns partidos esbocem candidaturas, mas, estrategicamente, o próprio governador João Alves Filho sabe que um enfrentamento plebiscitário define o pleito para Marcelo Déda. O deputado estadual Gilmar Carvalho (PV) lembra que a oposição conta com a Prefeitura de Aracaju, o Governo Federal e a Petrobrás, enquanto um nome do grupo que apóia o Governo, tem apenas o Estado. Mesmo assim já há certeza de que não há a menor condição de se jogar dinheiro em uma campanha eleitoral. A impressão é que o Governo está preferindo deixar como está, para não criar problemas com o Planalto e conseguir os recursos que precisa para tocar a Administração na área da infraestrutura. Tudo isso se faz imaginar, porque está muito próximo do pleito e não há reação maior para a disputa municipal na capital. Coincidentemente o interior também espera por definições e esse lado político não é animador. É possível que João Alves esteja sem pressa, embora as convenções já ocorram em junho. Como político experiente deve saber exatamente o momento de começar a armar o seu esquema de candidatos no interior e na capital. Enquanto isso não ocorre, o pessoal está à base de tranqüilizantes… CHAPA Uma liderança de partido do bloco da oposição confirmou que Marcelo Déda terá trabalho de convencer grupos do PT a aceitar uma chapa sem ser puro sangue. O mesmo líder fortaleceu a tese de que o prefeito está liberado para indicar o candidato a vice, mas terá de escolher das legendas que o apóiam. RECEIO Segundo ainda informação desse político, que prefere não revelar nomes, qualquer que seja o vice terá compromissos definido pela coligação. Na sua opinião a unidade do bloco só pode se manter como a identificação de objetivos e pensamento. Sem isso nada vai dar certo. RETORNO Quando o prefeito Marcelo Déda retornar de sua viagem à Europa é que vai conversa com a militância e discutir sua candidatura à reeleição. Marcelo Déda está consciente de que os partidos têm que participar da chapa majoritária, porque ninguém se dispõe apenas a apoiar. ELBER O PSB ficou fora do novo secretariado da Administração Marcelo Déda. Em razão disso, o vereador Elber Batalha não aceitou ser líder do prefeito na Câmara Municipal. Elber, inclusive, está fazendo um movimento, dentro do Diretório Municipal, para que o PSB lance candidato próprio à Prefeitura de Aracaju. VALADARES O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) é absolutamente contra e está tentando apagar esse incêndio. Valadares está muito vinculado a Marcelo Déda. Amanhã, o senador Valadares chega a Sergipe e viaja ao interior para falar com lideranças e ver nomes do partido que disputarão mandatos de vereador e prefeito. RECURSOS Setores da oposição estão convencendo a lideranças do interior a disputar a Prefeitura, garantindo que o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, vai ajudar na campanha. Na realidade, José Eduardo Dutra só terá participação física nas campanhas eleitorais, porque não tem como ajudar de outra forma. FOTOGRAFIA Uma foto publicada em O Globo de ontem circulou no plenário do Congresso e foi assunto entre todos os parlamentares. Mostra deputados petistas irritados com o aumento de 5% concedido pelo ex-presidente FHC, com gesto de pequeno feito pelo polegar e indicador. Na foto está Marcelo Déda. FONTES O deputado João Fontes diz que pretende exibir um out door da foto, mostrando como Déda se comportava antes e agora, no Governo Lula. Segundo, ainda, João, o presidente Lula da Silva deu apenas 1% acima do ganho real, depois de prometer duplicar o salário que pegou quando assumiu (R$ 240,00). PARALELA O Câmara Federal está votando a PEC paralela da Reforma da Previdência e ontem foi posta em plenário a cobrança de taxas dos inativos. Segundo anunciou o deputado João Fontes, de Sergipe apenas ele e o deputado Jorge Alberto votaram contra. COMISSÃO O deputado federal Jackson Barreto (PTB) foi designado pelo partido para compor a Comissão que analisa o PEC do senador Valadares (PSB), já aprovada no Senado. O PEC trata da criação de um Fundo, para a revitalização hidro-ambiental e desenvolvimento da bacia do rio São Francisco. GILMAR A deputada Susana Azevedo (PPS) perguntou, ontem, a Gilmar Carvalho (PV) se ele ainda era candidato à Prefeitura de Aracaju. Respondeu que sim. Entretanto, mantém a posição de que só levará adiante essa candidatura, com o fim da Comissão de Ética em tempo hábil. INJUSTA O deputado Gilmar Carvalho considera que a formação da Comissão de Ética para analisar um ato profissional seu, foi injusta. Mas, depois de convoca acha que deve conversar com os seus membros, para que não saiam fragilizados. SUSANA A deputada Susana Azevedo (PPS) deu uma parada estratégica em seu trabalho como pré-candidata à Prefeitura de Aracaju. É que um dos seus projetos para se manter na linha de frente e levar o pleito para o segundo turno, não está dando certo. Notas CHAPA O Partido dos Trabalhadores em Japaratuba está com problemas para lançamento da chapa à Prefeitura daquela cidade. O prefeito Geraldo Oliveira (PT), que voltou atrás e resolveu disputar a reeleição, exige que seu vice seja o ex-prefeito Hélio Sobral (PMDB), mas a maioria do diretório municipal não aceita. O pessoal defende o nome de um dos membros do PT naquela cidade, porque o prefeito Geraldo Oliveira está com problemas sérios de saúde e, em caso de necessidade de afastamento, a Prefeitura será entregue a Hélio. RESISTÊNCIA Essa resistência ao nome do pemedebista Hélio Sobral decorre não apenas dessa questão da saúde, mas porque o ex-prefeito teve problemas de irregularidades junto ao Tribunal de Contas, referentes à sua administração. Essa questão é que também fortalece a posição do Diretório em não aceitar Hélio como vice. O padre Geraldo Oliveira, entretanto, considera que tendo Hélio Sobral como seu vice terá condições de disputar as eleições, mas os seus aliados acha que isso pode tirar o discurso que o PT sempre fez em campanha. DEBATE Hoje, às 18 horas, será realizada audiência publica da Câmara Federal e Comissão Especial da Juventude, na Escola Técnica Federal, que tem o objetivo de acompanha e estudar propostas de políticas públicas para os jovens. O deputado Heleno Silva participa do debate, como membro da Comissão em Sergipe. Cinco grupos vão debater temas que envolvem o jovem no trabalho, na educação, na cultura, na saúde, na sexualidade, dependência química, cidadania, política e minorias. Após os debates, será feita uma Carta do Estado. É fogo O prefeito Marcelo Déda (PT) continua em Paris participando de um encontro. Segunda-feira passada ele jantou com a filha do empresário Walter Franco. O empresário Walter Franco, inclusive, está entusiasmado com o lançamento de sua pré-candidatura à Prefeitura de Aracaju. Walter já começou a manter contatos com outros partidos e lideranças políticas, para futuras composições. Até o momento o vereador Antônio Samarone (PDT) ainda não se manifestou em relação a uma possível candidatura à Prefeitura de Aracaju. O prefeito em exercício, Edvaldo Nogueira (PCdoB) participará da rádio conferência de amanhã na Rede Ilha. O governador João Alves Filho já está de malas arrumadas para viajar ao Japão na próxima semana. O empresário José Alves está disposto a ir para o sacrifício e disputar a sucessão do prefeito Marcelo Déda (PT). Tudo vai depender das negociações políticas do seu partido, o PTdoB. Em Lagarto, os candidatos Walmir Monteiro e José Ribeiro (Cabo Zé) ainda não se entenderam e ambos estão anunciando candidatura. O governador João Alves Filho (PFL) já disse que não vai subir em nenhum palanque na cidade de Lagarto, caso não se chegue a um consenso. O deputado Garibalde Mendonça (PDT) pediu ao Governo do Estado que não desconte os dias de greve dos salários dos professores. O deputado Antônio dos Santos quer que o Governo do Estado pague salário integralmente aos professores. Em troca eles vão repor as aulas para evitar prejuízo aos alunos. Aracaju foi uma das capitais que apresentou uma queda no preço da cesta básica em abril, comparado ao mesmo mês de 2003. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br