Tejupeba (SE): casa e colégio jesuíticos em Itaporanga

Igreja vista do sobrado da primeira residência jesuíta do Estado. Foto: Sílvio Oliveira

Historicamente Sergipe está apto a disponibilizar mais um roteiro turístico para o país: “Caminhos dos Jesuítas”. Turisticamente, necessita-se de um estudo de viabilidade. Mas é de conhecimento que as construções da Companhia de Jesus em solo do Sergipe del Rei são dignas de serem visitadas. Vale à pena percorrer o caminho dos jesuítas por Sergipe. Tejupeba é a primeira da série.

Os jesuítas aportaram em Sergipe em 1575 por meio da missão de São Tomé, de Santo Inácio e São Paulo, lideradas pelos padres Gaspar Lourenço e João Salônio. O principal foco era levar a civilização cristã a essa localidade, primeiramente, na região onde hoje é o município de Santa Luzia do Itanhy. A capela de Santa Luzia era um marco do início do período dos jesuítas no Estado, porém não mais existe.

Nas proximidades do rio Vaza-Barris, os jesuítas instalaram-se na região hoje de domínio de Itaporanga D’Ajuda, com a construção de um colégio, residência e igreja, complexo chamado à época de Tejupeba. Há indícios de que lá também funcionou um estaleiro da Companhia de Jesus no Brasil, com destaque além das terras de Sergipe del Rei.

Detalhes externos chamam atenção pelo rebuscamento. Foto: Sílvio Oliveira

Tejupeba também é um dos marcos das principais construções do gênero no Estado por apresentar uma arquitetura bastante harmônica entre as edificações, e por ter uma sofisticada arcada na parte externa da igreja. Ao fundo, tem-se uma vista privilegiada do rio Vaza-Barris, o que denota que a construção não estava ali por acaso, mas também por questões econômicas e estratégicas.

Tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1943, o complexo arquitetônico abrange a edificação da casa-escola, a igreja, a casa maior e o local onde eram as senzalas. Fica em propriedade particular da família Mandarino,localizada hoje no povoado Nova Descoberta.

As partes artísticas e decorativas da igreja e do casarão já não existem mais e a construção está em constante deteriorização. As paredes do casarão são impregnadas de história, com andar térreo amplo, costumeiramente dos colégios jesuítas. No andar superior, a sacada mostra uma visão da propriedade e privilegiada da igreja.  A divisão aparenta partes da residência, com bastantes janelas.

Sobrado residencial e igreja. Foto: Sílvio Oliveira

Ao adentrar a igreja, partes do altar deteriorado motiva certo descontentamento ao ver tamanho patrimônio ao chão. Na parte de trás, onde provavelmente funcionou uma sacristia, os túmulos dos proprietários pós-expulsão dos jesuítas também contam parte da história, mesmo que o piso esteja completamente aos pedaços. São lápides indicando restos mortais da tradicional família Dias Coelho e Mello. “Aqui jaz os restos mortais da Baronesa de Estância”, diz um deles. No outro, restos mortais de Antônio Dias Coelho de Melo, o Barão de Estância, filho de Domingos Dias Coelho e Melo (Barão de Itaporanga) e de Michaela Coelho Dantas e Melo.

Para se ter uma ideia da história mais recente da fazenda, em meados de 1920 o italiano Nicola Vibonatti Mandarino comprou a fazenda Colégio (Tejupeba) aos herdeiros de Antônio Dias Coelho e Mellore batizando-a com o nome de Iolanda, em homenagem a uma de suas filhas. A família Mandarino detém a propriedade até os dias atuais. Houve restauro de parte da fazenda em 1953, 1955, 2004 e último em 2006, mas a família luta por uma reforma mais ampla. Porém, a questão do tombamento e a falta de recursos os impedem de retocar o patrimônio histórico.

Vista dos arcos da igreja, com casario mais morderno. Foto: Sílvio Oliveira

A questão está na Justiça e é um exemplo clássico que o tombamento não corresponde a garantia de conservação e proteção do bem histórico e cultural. Enquanto isso, parte da história do Brasil cai em ruínas e vira somente documentos e memória.

Fonte: Viagem realizada com participantes do III Ciclo de Visita Técnica “Caminhos dos Jesuítas”, do Grupo de Pesquisas Culturas, Identidades e Religiosidades – GPCIR, do Departamento de Histório da Universidade Federal de Sergipe. Pesquisadores: Antônio Lindvaldo Sousa e Josineide Luciano.

Dicas de viagem

  • A fazenda Iolanda, também denominada de fazenda Colégio e antiga Tejupeba, está localizada a cerca de 40 km de Aracaju, no município de Itaporanga d’Ajuda, às margens da rodovia estadual SE 228, recentemente denominada rodovia Humberto Mandarino (que liga a BR 101 à praia da Caueira). Da estrada avistam-se as torres da igreja, mas a visita é feita com a autorizaçãodos proprietários, que não refutam em concedê-lo.

  • Lápides dos restos mortais dos primeiros donos, pós-jesuítas. Foto: Sílvio Oliveira

    Tejupeba sempre manteve as características de um local eminentemente rural, diferente de outras construções que de uma igreja ou escola formaram povoados no entorno.

  • Há de observar que o conjunto fazenda Iolanda (casa, igreja, senzala e entorno) começou a ser construído no século XVII e vem se modificando ao longo dos anos. Basta verificar que a igreja e a casa-escola têm um formato peculiar típico dos jesuítas e mais antigo. As outras edificações são mais novas.

  • Como a época não existia energia elétrica, as construções possuem bastantes janelas para ventilar e melhorar a luminosidade. Basta verificar o casarão e a própria igreja.

Gastroterapia

Guaimum é um dos tipos de carangueijo bastante apreciado na culinária de Sergipe. Foto: Sílvio Oliveira

O garfo e a faca são trocados por batedores.  A farinha engrossa o caldo com bastante cheiro verde e coentro para fazer o pirão. Tomate, cebola, pimentão bem cortados embebecidos de vinagre e bom azeite para acompanhar. O Guaiamum (caranguejo escuro azulado na língua Tupi) é um dos pratos bem apreciados na culinária sergipana. Mas há quem diga que melhor ainda se for cevado, ou seja, em regime de engorda, geralmente em cativeiro. E o dito popular é verdadeiro. Quanto mais esse tipo de caranguejo passa no sistema de engorda, mas fica saboroso. Vale a pena apreciar.

Na Bagagem

Bariloche faz promoção para brasileiros

De 1 a 9 de julho e nos meses de agosto e setembro, brasileiros menores de 16 anos terão acesso liberado para esquiar no Cerro Catedral e hospedagem, também gratuita, em qualquer estabelecimento da Asociación Hotelero Gastronomica de Bariloche. Os menores de 16 anos deverão estar no mesmo apartamento dos pais e haja disponibilidade de lugares. Para esquiar basta apresentar um documento que comprove idade e moradia no Brasil.

Recuperação de voos para Sergipe

A Avianca anunciou nos últimos dias, em reuniãorealizada com representantes do trade sergipano, que a empresa colocará em operação voos direto Aracaju/ São Paulo e Aracaju/ Rio de Janeiro. Os voos da companhia deverão retornar em setembro. Agora em junho há previsão de substituição das aeronaves Fokker 100 e Airbus 318, que fazem atualmente a rota Aracaju/Brasília/Aracaju, por Airbus A320, com capacidade para até 180 passageiros, sem aumento no valor das tarifas.

Exposição “Noivas do Palácio”

O Palácio-Museu Olímpio Campos completou cinco anos de reaberto ao público na sexta-feira última (22) com destaque para a exposição “Noivas do Palácio”, uma coletânea de fotos de pessoas que escolheram espontaneamente o palácio para ser cenário do álbum de casamento.

Polo gastronômico Inácio Barbosa

Seo Inácio, Almeida, Al’Bar, Boteco do Almeida são alguns espaços que tem contribuído para melhorar a qualidade dos serviços e boa gastronomia em Aracaju. A região cada vez mais atrai consumidores exigentes, que gostam de uma boa música acompanhada de bons pratos.

Orla das praias do Saco e Caueira

Recursos do Prodetur através do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) poderão tirar do papel as orla das praias da Caueira (Itaporanga D’Ajuda) e do Saco (Estância). Uma equipe do BID esteve em Sergipe para discutir a ata de ajuste com deveres de cada parte envolvida, ou seja, o Governo de Sergipe e o BID, com investimentos de US$ 100 milhões, sendo US$ 60 milhões do Prodetur e US$ do Estado. A infraestrutura da orla de Canindé do São Francisco também está no bojo das ações.

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silviooliveira@infonet.com.br

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