TEMPOS MODERNOS

A evolução tecnológica nunca aconteceu com tanta rapidez como nos dias atuais e, além da quantidade de inovações que aparecem a cada momento, é perceptível também a melhoria em qualidade, funcionalidade e utilidade. São idéias, equipamentos e práticas que surgem quase do nada para melhorar a nossa faina diária.

Os equipamentos interagem numa interface com o homem como nunca aconteceu neste mundo. Locomovemo-nos em veículos mais modernos e funcionais, nossas ruas são asfaltadas, iluminadas; os rios estão transpassados por pontes, o território do mundo parece ter diminuído, devido às estradas que cortam em todas as direções; o espaço aéreo é rompido cada vez mais rápido e confortavelmente por aeronaves mais velozes; as comunicações acontecem na velocidade da luz, temos à nossa disposição, carros climatizados, computadores, dinheiro de plástico, pagamentos on-line, celular, internet, além de uma infinidade de máquinas para fazer quase tudo o que necessitamos.

Nos dias atuais dispomos dos melhores medicamentos, melhores médicos, melhores hospitais. Tudo muito moderno, muito fácil, muito funcional. 

Essa tecnologia, aliada à mudança de comportamento havida exatamente por conta desse avanço cultural e tecnológico, elevou a nossa expectativa de vida para lá dos setenta e dois anos, quando, há pouco, ainda no século passado, a sobrevida não ia além dos cinqüenta.

Este desenvolvimento está interferindo, influenciando e, sobretudo, modificando o nosso dia-a-dia, o nosso desempenho e as nossas relações com o mundo, com as pessoas, coisas e entidades que nos cercam.

Já não chega mais a ser surpresa, surgirem, quase do nada, fórmulas que, quando empregadas, mudam tudo, desde a maneira como observávamos os acontecimentos que nos circundavam, até as nossas profissões, os nossos relacionamentos, as nossas vidas, enfim.

São choques que se sucedem numa velocidade nunca vista. O que ontem parecia ser a coisa mais avançada, mais perfeita, hoje, está superada, inventaram outra mais útil, mais rápida, mais econômica e muito mais funcional.

O irônico disso tudo é que, paradoxalmente, não sentimos este alívio em nossas atribulações diárias. Parece que o tempo diminuiu, e as tarefas aumentaram.

Todos os benefícios emprestados por este amontoado tecnológico que, à primeira vista, serviriam para nos desonerar de muitas tarefas e ocupações, têm se demonstrado exatamente ao contrário.

O que sentimos é que cada vez temos menos tempo, os anos parecem ter menos meses, os meses menos dias, os dias menos horas e as horas menos minutos… 

Tentem imaginar há quantos anos aconteceu o ataque ao World Trade Center, as tão conhecidas Torres Gêmeas. Meu Deus, parece que foi no mês passado. Está muito vivo na nossa memória aquele fatídico dia em que, ao vivo, assistimos perplexos, a dois aviões numa das mais ousadas e cruéis ações terroristas de toda a história do mundo. Quando a intolerância extrema do terrorismo fez ruir o símbolo da riqueza mundial. 

Lembrou a data? 11 de setembro de 2001, há sete anos.

Ao exercer as nossas atabalhoadas jornadas diárias, cumprindo uma agenda que, infelizmente, parece não ter mais fim, corremos de um lado para o outro: compramos, pagamos, respondemos, reunimo-nos, freqüentamos, trabalhamos, estudamos, escrevemos… Tudo, num bailado louco. E, à noite, extenuados, sentimos que algo ficou por realizar, algum compromisso não foi devidamente cumprido, alguma conta não foi paga, algum contato não foi feito, alguma correspondência não foi respondida…  Sobrou tarefa, faltou tempo.

Mas, como? Todas aquelas invenções não vieram para nos auxiliar? Para que ganhássemos mais tempo, para que nos desonerasse das atividades que tomam tempo, energia e raciocínio? 

O que está acontecendo mesmo? Por que está sobrando tarefa e faltando tempo? Por que vivemos tão angustiados com as ocupações do nosso dia-a-dia, que nunca concluímos?

Na verdade, não há nenhuma notícia de que o tempo tenha efetivamente diminuído. Ele só parece estar menor. Porém, um dia continua tendo 24 horas, a hora, sessenta minutos… O que realmente está acontecendo?

Sinceramente, acreditamos que a explicação para esse desajuste não é coisa fácil de fazer. Ela é bem mais complexa do que imaginamos. No entanto, confiamos que gerenciar eficientemente o tempo é comportamento, é atitude, é organização, é atenção, tanto diante de uma tarefa como diante de uma vida. Esta eficiência, nos nossos dias, reside exatamente em saber utilizar “proativamente” estes recursos tecnológicos. 

Quem sabe se efetuarmos pequenas mudanças na nossa rotina, se aprendermos a diferenciar o que é urgente, importante ou prioritário, poderemos, enfim, encontrar o tempo e a paz perdidos nas emaranhadas dobras dos nossos dias.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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