A luta contra a transposição do rio São Francisco para o semi-árido do Nordeste setentrional já se faz há quase oito anos. Desde o então ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, usou técnicos do seu extinto ministério, para levar água do São Francisco para os estados do Ceará, Paraíba, parte de Pernambuco e Rio Grande do Norte, onde nasceu. O fez sem medir conseqüências e nem avaliar o que poderia acontecer com os estados que integram a bacia do Velho Chico. Houve uma reação dos estados que integram a bacia do rio, principalmente Bahia, Alagoas e Sergipe, que serão os mais prejudicados pela transposição. Para os dois últimos será um verdadeiro desastre, já que acomodam em suas margens uma população que sobrevive do que oferece o rio. Come e bebe dele. Mesmo assim, a região ribeirinha do São Francisco é onde se detecta os bolsões de pobreza dos dois estados.
A pressão de baixo para cima funcionou e o projeto de transposição do rio São Francisco foi praticamente arquivado e parecia ter sido incinerado para nunca mais retornar. No período FHC o Partido dos Trabalhadores se manifestou contrário à transposição, sem que fosse feita a revitalização. Até o então candidato derrotado Lula da Silva se manifestava contra o projeto alimentado pelo Governo FHC, que tinha à frente o então ministro da Integração, Fernando Bezerra, por coincidência nascido no Rio Grande do Norte, estado que seria beneficiado. Durante a campanha presidencial de 2002, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva garantiu, quando visitou Alagoas e Sergipe, que não faria a transposição do rio São Francisco. A promessa foi feita por insistência das lideranças políticas dos dois estados, diante da publicação, por jornais do Nordeste, que Lula teria prometido a transposição num encontro com forças políticas dos estados que serão beneficiados.
Evidente que o então candidato Lula mentiu e conseguiu os votos nas duas áreas que disputam as águas do São Francisco, iniciando a sua estratégia para acomodar contradições, com o objetivo de conquistar o poder a qualquer custo. Já estava absolutamente tomado pelo vírus da incoerência, da mentira, do cinismo e de outros pejorativos que ele mesmo encontrava nos seus adversários.
Passados os dois primeiros anos de Governo, a transposição do rio São Francisco virou prioridade e foi diretamente encampado pelo Partido dos Trabalhadores, que está fazendo inserções de uma peça publicitária em seu programas de televisão, mostrando a importância da obra para o semi-árido dos estados integrantes do Nordeste Setentrional. E a luta voltou à tona. Há um movimento de lideranças políticas dos estados da bacia do rio para tentar impedir a transposição sem que seja feita a revitalização. Não é verdadeiro o discurso governista de que se está impedindo a transferência de água para a região mais sofrida do Nordeste. Ninguém contesta isso, mas quer primeiro que se fortaleça um rio moribundo, recupere o seu leito, assista as cidades ribeiras para evitar que se joguem dejetos no rio e conclua projetos irrigados que estão paralisados. Só depois disso é que se pode pensar em transpor águas do São Frâncico para atender aos latifundiários do Nordeste Setentrional, que têm projetos de irrigação de frutas nobres.
A impressão é que a transposição foi posta em pauta, como prioridade, através de um bem montado lobby de empreiteiras, que movimenta grupos influentes dos estados que serão beneficiados com a obra. Dá para desconfiar que os tentáculos dessa ação atingiram o presidente Lula, que se prepara para uma reeleição e precisa fazer fundo de campanha para enfrentar a força que emana do tucanato e apresentará como candidato a presidente o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Lógico que ninguém vai jogar a toalha nesta luta contra a transposição, mas tudo indica que não conseguirá afastar o Planalto da decisão de levar as águas, por canais, para o Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, mesmo que para isso decrete a falência do rio e torne a obra faraônica tão inútil quanto a transamazônica.
AUMENTO
Para se ter uma idéia da insignificância do aumento que o Governo está oferecendo aos funcionários públicos (0,1%), quem tiver salário de mil reais terá R$ 1,00 a mais. Como a grande maioria percebe uma média de 300 reais, terá um aumento humilhante de 30 centavos. É uma brincadeira.
QUEIXAS
Quando retornar, segunda-feira, a Aracaju, o governador João Alves Filho (PFL) vai ouvir algumas queixas políticas de aliados. Também deve encarar alguns pequenos problemas administrativos, que ainda não chegaram ao seu conhecimento.
CONVERSA
Durante uma demorada conversa que teve com um empresário e correligionário, o governador João Alves Filho confirmou sua candidatura à reeleição. Avisou, também, que a partir da próxima semana vai conversar com os aliados para iniciar o trabalho político.
DÉDA
O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT) terá apenas mais um ano de administração, porque deixará a Prefeitura para disputar o Governo do Estado. Déda já disse que vai trabalhar muito esse ano, porque está decidido a disputar a sucessão estadual em 2006.
VALADARES
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) já disse ao prefeito Marcelo Déda que ele é sua prioridade nas eleições do próximo ano. Com isso manda um recado a alguns prefeitos do interior que não vai disputar o Governo do Estado, como muitos deles estão querendo.
UNIDADE
Ontem um influente político com mandato em Sergipe, disse que se Albano Franco e Antônio Carlos Valadares se unissem em uma chapa majoritária deixaria Marcelo Déda acuado. Insistiu que os dois são muito fortes no interior e também têm boa penetração na capital, o que poderia fazer o prefeito Marcelo Déda recuar.
INTERIOR
Na opinião de um dos parlamentares de oposição, muita água ainda vai rolar sobre a sucessão estadual e considera que não tem nomes definidos. Acrescentou que para aglutinar o prefeito Marcelo Déda no interior, será necessária a presença do ex-governador Albano Franco e do senador Antônio Carlos Valadares.
CONVERSAS
O grupo do governador João Alves Filho (PFL) também não está de braços cruzados e tem procurado reconquistar lideranças fortes que estão na oposição. Uma pessoa ligada ao governador teve contato com dois bons nomes da oposição e ofereceu posição na chapa majoritária.
NILSON
O secretário das Finanças do Município, Nilson Lima (PT) é candidato a deputado federal e está na fase de organização para levar o seu nome ao partido. Disse que “alguns companheiros estão fazendo um projeto preliminar” e que ele está mantendo contatos com lideranças políticas do interior.
ÓRFÃO
Nilson Lima disse que o PT em Sergipe está órfão de uma representação na Câmara e que ele retende ser uma opção para a legenda. Antecipou que é um candidato das bases de diversos segmentos do partido, porque se o prefeito Marcelo Déda disputar o Governo, não pode apoiar só um nome do PT para deputado federal.
FLORO
É de conhecimento da Justiça que o foragido Floro Calheiros tem um faturamento anual de 80 milhões de reais. Na opinião de um ilustre delegado federal, com um dinheiro desse ele não poderia ter ficado em uma delegacia de ponta de esquina.
ALMEIDA
O senador José Almeida Lima (PSDB) disse que já está muito bem entrosado com seus companheiros de bancada e tem acompanhado as decisões do partido. Almeida não discute a questão de uma ação do Diretório Nacional para definir posições em Sergipe e diz que isso será coisa para se resolver depois.
PERDA
Um pretenso candidato majoritário da oposição em 2006, disse ontem que se as coisas forem resolvidas de cima para baixo, o bloco pode sofrer uma dispersão. Acrescenta que tem gente dentro da coligação pensando que vai fortalece-la introduzindo outros nomes que jamais tiveram coragem de ser oposição no Estado e em Brasília.
Notas
REFORMA-1
O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP) manteve a palavra e colocou a Reforma Tributária como uma das prioridades do plenário na próxima semana – terça-feira – como tinha se comprometido com os governadores, inclusive o de Sergipe, João Alves Filho, que deve ir a Brasília na segunda-fera. João Alves Filho tem acompanhado de perto a tramitação da matéria e praticamente deve-se a ele a rediscussão da Reforma, porque na semana passada, quando esteve em Brasília, conseguiu colocar a matéria em debate.
REFORMA-2
A Reforma Tributária também tem provocado divergências, especialmente em razão da proposta de unificação das alíquotas de ICMS, criticada por governadores do Nordeste. As matérias, porém, só poderão ser votadas após a apreciação das medidas provisórias 229/04 e 230/04, que estarão trancando a pauta. A reação da unificação das alíquotas por pequenos estados, é porque eles não têm as mínimas condições de concorrer com os estados industrializados. A única forma oferecendo redução de impostos para atrair investimentos.
CHUVAS
As chuvas que estão caindo em Aracaju ainda são muito tímidas para que o Deso determine o fim do racionamento. Segundo a direção da empresa, será mantida a escala de regiões para a suspensão do fornecimento, até que a vazão do rio Poxim volte à normalidade. Por enquanto a situação continua crítica. Segundo um técnico da empresa, há necessidade de chuvas torrenciais durante o equivalente a uma semana, para que o abastecimento volte à normalidade. Por enquanto não existem perspectivas para isso.
É fogo
Muita gente viajou na quarta-feira à tarde principalmente para o interior. Ontem a travessia pela balsa estava insuportável.
Desde quarta-feira que os hotéis e pousadas registram um bom movimento de turistas. Aracaju está movimentada.
O governador João Alves Filho deixou a cidade na terça-feira, quando retornou d Brasília, e descansa na fazenda Jundiahy.
São Cristóvão recebeu muitos turistas, ontem, para ver a encenação da Paixão de Cristo. Hoje terá a procissão do fogaréu.
O secretário de Comunicação de São Cristóvão, Antônio Leite, tem feito um trabalho para atrair turistas àquela cidade e está se saindo muito bem.
O vereador Fábio Henrique (PDT) já tem número suficiente para abrir a CPI dos parquímetros.
A retirada dos parquímetros, inclusive, foi uma promessa do prefeito Marcelo Déda na primeira campanha como candidato à prefeitura.
Fábio Henrique diz que as ruas são conservadas com o dinheiro público, que paga outra vez se quiser estacionar um veículo.
O deputado federal João Fontes (PDT) já está trabalhando para a reunião do seu partido com o PPS, que acontecerá e Aracaju, dia 29 de novembro.
O deputado federal Ivan Paixão (PPS) vai continua no partido, mas sem deixar de acompanhar o governador João Alves Filho.
A promotora e Justiça Euza Missano destacou a necessidade da criação do Procon
Municipal.
Já estão faltando ovos de páscoa nas lojas e supermercados, embora este ano, para manter a tradição, o consumidor pagou mais caro.
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