Você é um protagonista? (*)

 

“É uma característica marcante dos pessimistas se inclinarem a pensar que o desagradável durará para sempre ou, pelo menos, por muito tempo”.

Martin Seligman (Autor de Aprenda a ser otimista)

 

É comum ouvirmos respostas no mundo organizacional que estão associadas a um sujeito inexistente ou bandido, do tipo: “O sistema caiu” ou “o projeto não foi terminado a tempo“ ou ”não foi possível se estabelecer uma boa comunicação” ou “a reunião não foi concluída porque se perdeu o foco”.

 

Constatamos que todas as frases têm como característica essencial à ausência de um sujeito com poder de ação. Ou em outras palavras, não está claro o elemento (ou elementos) que é o responsável (ou responsáveis) pelo desencadeamento do processo em busca das soluções necessárias.

 

Os estudos realizados sobre potencial humano nos mais diferentes centros mundiais nos apontam para uma solução, ou seja, se quisermos verdadeiramente reverter esses resultados negativos o primeiro passo essencial é modificarmos a nossa linguagem, que por sua vez é a expressão da nossa atitude mental e nos encaminharmos rapidamente para o “protagonismo”, ou seja, assumirmos o papel de responsável. E, quando isso acontece o nosso linguajar também muda para: “eu cometi um erro e o sistema caiu” ou “o projeto não terminou a tempo porque não acompanhei o seu cronograma” ou “não prestamos atenção ao tempo e perdemos o foco na reunião” e etc.

 

Portanto, é preciso ficar claro que o fundamental não são as palavras, mas na verdade a atitude mental que elas refletem porque quando falamos na primeira pessoa assumimos o papel de protagonistas, ou melhor, de sujeito da ação descrita ou desencadeada. Só quando isso acontece é que começamos a adotar ações geradoras de soluções porque nos colocamos no papel de protagonistas e não de vítimas.

 

Tudo isso, de certa forma é herdado da nossa educação. Desde a nossa infância somos condicionados a deixar no mesmo patamar a responsabilidade com a culpabilidade. É só lembrar que quando alguma coisa era encontrada errada em nossa casa a pergunta que sempre ouvíamos era: ”Quem é o responsável por isto?” Assim sendo, fomos traduzindo para a nossa mente de criança que responsabilidade e culpabilidade são sinônimos. Portanto, a tradução na mente que ficou foi que responsabilidade está associada à culpabilidade e ser culpado de alguma coisa não é nada bom.

 

Por outro lado, não percebemos, muitas vezes a importância de sermos responsáveis, porque só sendo responsável poderemos ter o poder de influir positivamente para resolver um problema e se não formos esse responsável não sou parte do problema e, conseqüentemente, não tenho nada com ele.

 

Em todos os processos que estamos envolvidos temos o poder da escolha que é a consciência essencial do papel de protagonista. Por exemplo, escutamos muitas vezes no meio de uma reunião um telefone celular tocar e uma pessoa dizer, desculpe, tenho que atender. Na verdade, essa pessoa pode atende acreditar que “precisa atender” ou até pode estar mentindo porque na realidade ela não precisa atender nenhum telefonema. O parar a reunião está basicamente fundamentado nos seus modelos mentais. Logo é muito mais fácil jogar a culpa no telefone do que fazer a escolha de não atender naquele momento. Na realidade a pessoa não atende ao telefone porque precisa atender, ela o faz porque a sua escolha sobre o que faz está na resposta à situação que está percebendo e essa escolha lhe aponta ser esta a sua melhor decisão.

 

Assim sendo, a pessoa atende ao telefone porque quer se comunicar com quem a está chamando. Conseqüentemente, só quando conseguirmos desenvolver a nossa consciência e capacidade de escolhas é que estaremos imbuídos da essência da responsabilidade, uma vez que entre o estímulo e a reação existe um espaço de tempo a ser considerado e é justamente nesse espaço de tempo que está a nossa liberdade e o poder de escolhermos a respostas que iremos dar.

 

 

 

(*) Fernando Viana

Presidente da FBC

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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