Você já fez o teste do HIV alguma vez a vida?

O Teste do HIV agora é uma medida de prevenção

Antigamente, o teste para diagnóstico do HIV era apenas para diagnóstico e estatística. O teste era feito, no início da epidemia, fora do estado, às vezes demorava até 6 meses. Lembro-me de uma senhora que tinha mantido uma relação sexual com um homem que “diziam ser soropositivo”. Ela começou a ser discriminada onde morava. Um dia jogaram pedra na casa dela. Ela vivia em pânico. Foi colhida uma amostra de sangue e o resultado deu “inconclusivo”. Ele ficou 6 meses esperando pelo resultado, pois o sangue dela tinha sido enviado para o Rio de Janeiro. Ela me ligava sempre, contando o drama que estava enfrentando. Confesso que também comecei a sofrer junto a ela (sou médico mas às vezes sofro junto com o paciente – não consigo ser “frio”).

Na véspera do dia de Natal, há mais de 30 anos atrás, o resultado do teste de HIV chegou da Fiocruz: deu não reagente (negativo). Corri para dar essa notícia e chorei junto a ela. Ela pegou o exame, tirou cópias e saiu mostrando a todo mundo.

Conto este fato para mostrar a todos, como antigamente era difícil fazer o exame de HIV. Hoje o exame está disponível, através do SUS, em todos os municípios. Demora apenas 20 minutos. Trata-se do teste rápido, cujo diagnóstico é feito na hora do teste, na própria unidade de saúde. Infelizmente, por vários motivos, nem toda unidade de saúde ligada ao SUS tem o teste de HIV ou executa o teste. Umas unidades têm o teste e não executam. Outras não têm o teste embora o Ministério da Saúde ofereça. É um problema de gestão local de cada município.

Quem deve fazer o teste de HIV?

O teste de HIV deve ser feito com regularidade e sempre que a pessoa tiver passado por uma situação de risco, como ter feito sexo sem camisinha ou ter compartilhado seringas e agulhas. As gestantes e seus parceiros sexuais também precisam fazer os exames, incluindo os testes de sífilis e Hepatites B e C.

Hoje o teste de HIV está disponível até em farmácia, mas nas unidades de saúde que disponibilizam, ele é acompanhado de aconselhamento, que não significa dar conselho, mas orientar sobre as práticas sexuais de risco e estimular as medidas preventivas. O teste disponível na farmácia não é de diagnóstico. É de triagem e precisa ser confirmado numa unidade de saúde ou em um laboratório.

Há uma recomendação para que as pessoas que não usam o preservativo (a camisinha) nas relações sexuais, mesmo que tenha um(uma) parceiro (a) sexual, façam o teste pelo menos uma vez no ano. As pessoas que mudam de parceiros e não usam a camisinha, devem fazer o teste, no mínimo duas vezes no ano.

Janela Imunológica

Todos os testes possuem um período denominado “janela imunológica”, que corresponde ao tempo entre o contato com o vírus e a detecção do marcador da infecção (anticorpos). Isso quer dizer que, mesmo se a pessoa estiver infectada, o resultado do teste pode dar não reagente (negativo) se ela estiver no período de janela. Dessa forma, nos casos de resultados negativos, e sempre que persistir a suspeita de infecção, o teste deve ser repetido após, pelo menos, 30 dias após a última exposição ao risco do HIV.

Por que fazer o teste de HIV?

Hoje não é apenas para saber se tem ou não o HIV. É muito importante que a pessoa saiba se tem HIV, para buscar tratamento no tempo certo, possibilitando que ganhe muito em qualidade de vida. Esse diagnóstico também é uma medida de prevenção, porque, na medida em que a pessoa é diagnosticada e tratada, ela deixa de ter uma carga viral circulante e, consequentemente, reduz a possibilidade de transmitir o HIV para outras pessoas.

O teste é gratuito!

O SUS oferece gratuitamente os testes rápidos não apenas para diagnóstico do HIV. São disponibilizados os testes para a sífilis e hepatites B e C. É importante alertar as pessoas para buscarem a testagem. A procura é pequena. Ficar na dúvida e não realizá-lo, pode agravar a situação (diagnóstico tardio), além do que é mais provável que passe a infecção pelo HIV para outras pessoas.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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