Um acontecimento! Qualquer novo filme de Pedro Almodóvar não deixa de ser um acontecimento cinematográfico da maior importância. Este “Fale Com Ela”, produzido o ano passado, foi um enorme sucesso na Espanha, passou em dezenas de festivais e amostras e chega precedido de uma informação básica, fundamental: Almodóvar continua genial, embora mudando (ou, quem sabe?, aprofundando) sua temática. Desta vez o enfoque não é nas mulheres mas nos homens. As mulheres formam o pano de fundo, mas são elas, mesmo inertes, em coma, que denota o qui-pro-quo psicológico. Num espetáculo da performista Pina Bausch, “Café Muller’, dois homens, Benigno, um jovem enfermeiro e Marco, um escritor já passado dos quarenta, se encontram pela primeira vez. O segundo encontro já vai ser sob os olhos da tragédia. Na clinica particular El Bosque, Benigno trabalha e cuida de uma jovem bailarina, Alicia, que está em coma. Ele cruza com Marco e vem a saber que Lydia, a namorada dele, também está em coma. Toureira profissional, ela foi ferida por um touro. Esse encontro fortuito é o início de uma grande amizade.Sabe-se pouco sobre o caráter dos dois, mas fica claro desde o início que a solidão se abate sobre eles. Pedro Almodóvar é não só um dos melhores cineasta da Espanha e da Europa mas pratica um dos cinemas mais criativos do mundo de hoje. Os seus entrechos são absolutamente originais. Sempre cercado de atores notáveis, criados ao seu estilo, Almodóvar parece inovar aqui também no “cast”, formado por Javier Câmara, Dario Grandinetti, Leonor Watling e Rosário Flores. Imperdível. Fique de Olho – Integrando pela primeira vez um elenco de Pedro Almodóvar, Geraldine Chaplin foi a musa de Carlos Saura, então seu marido, por um certo tempo. Requisitando-a Almodóvar faz uma homenagem à filha de Chaplin que entregou boa parte de sua filmografia ao cinema espanhol.