Agressão no Centro: Deputada aciona Corregedoria e MP contra delegado

Agressão no Centro: Linda aciona Corregedoria e MP contra delegado (Foto: PM-SE)

Após o episódio de agressão no Centro de Aracaju, envolvendo um homem e três travestis, a deputada estadual Linda Brasil (PSOL) se manifestou nas redes sociais cobrando imparcialidade e o cumprimento do devido processo legal na apuração das investigações. Em seu pronunciamento, Linda também criticou as declarações do delegado André David, responsável pelo caso.

A assessoria da parlamentar  informou que Linda Brasil (Psol) entrou no sábado, 20, com uma representação na Corregedoria da Polícia Civil e no Ministério Público de Sergipe (MP-SE) para apurar a conduta do delegado André David que preside as investigações do caso.

“Protocolamos, no último sábado, 20, uma representação junto ao Ministério Público do Estado (MPE), na Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial, e à Corregedoria da Polícia Civil para que investiguem a conduta parcial, sensacionalista, autoritária e transfóbica do delegado”, diz a assessoria parlamentar.

No entendimento de Linda Brasil, o delegado agiu com “transfobia institucional”, além de usar um “tom ameaçador” contra as envolvidas na agressão. “Da mesma forma que repudiamos os atos de violência, também não aceitaremos e desde já denuncio a transfobia institucional cometida pelo delegado responsável pela investigação, ao ser entrevistado sobre o assunto. Nos causa preocupação o tom de ameaça dirigido às mulheres trans envolvidas nas cenas de agressão, que não é compatível a função de quem está como servidor da lei”, escreveu a deputada.

A parlamentar também reforça que é necessário apurar com rigor tudo o que aconteceu. “A verdade é que a Polícia precisa apurar os fatos de maneira imparcial, com respeito aos direitos humanos e, tendo em mente o devido processo legal, buscar a responsabilização a quem couber. É preciso explicar para a sociedade o que ocorreu, de forma séria e sem sensacionalismos. Nosso posicionamento será sempre contrário a todas as formas de violência”, assevera.

As declarações de André David também foram alvos de críticas do delegado Mário Leony, coordenador da Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI+.  Em uma rede social, Leony diz repudiar a tentativa de criminalização de corpos trans, em pleno mês da visibilidade. O delegado afirma que está na expectativa para que providências sejam tomadas pelos órgãos competente.

“Eu tive acesso a uma entrevista lamentável do delegado responsável pelas investigações em que tanto ele quanto o entrevistador se reporta a todo momento às investigadas, que são travestis, utilizando pronomes masculinos e ele também manda um recado para essas meninas. Ele diz que elas devem comparecer na delegacia, no dia seguinte, para se explicar e devolver o aparelho celular supostamente roubado. Ele não intima formalmente as investigadas. Ele se utiliza da imprensa para mandar um recado para essas meninas dizendo que, se elas não comparecerem no dia seguinte, ele vai atrás delas. Ele vai caçá-las durante a madrugada, lá no centro da cidade. O que pode ser entendido como uma ameaça em razão dele ser notoriamente conhecido aqui em Sergipe como um justiceiro”, afirma Leony.

O que diz o delegado

Em comunicado ao Portal Infonet, o delegado André David diz entender o lado da deputada, mas afirma que ele não defende “nicho”, mas sim a sociedade como um todo. ” O crime aconteceu, as imagens são claras, a vítima foi agredida, houve uma subtração, houve um roubo, eu tenho que apurar. Eu estou fazendo o meu papel e o meu papel vai ser esse, eu combato o crime, eu defendo a sociedade, eu não defendo um nicho específico da sociedade”, diz.

André David diz ainda que não vê como transfobia sua conduta. “Não vejo nada de transfobia. Eu sou policial, tenho que prender, independentemente de quem cometeu o crime. Só isso que eu tenho que falar. Inclusive, se um militante, for alvo de um crime aqui no centro, ele pode contar com o meu apoio, com o meu trabalho, com o meu profissionalismo, que eu vou pegar esse criminoso. O criminoso que machucar ou lesar ou cometer um crime contra um militante, pode contar com o delegado André David, pra prender esse criminoso, pra prender quem o lesou”, afirma.

Relembre o caso

De acordo com informações divulgadas pela SSP, no Boletim de Ocorrência registrado pela vítima, consta que o homem transitava em um veículo pelo Centro de Aracaju, com destino a um depósito 24h,  situado na região. Ao parar no semáforo, que estava vermelho, ele foi abruptamente abordada por uma travesti, que rapidamente tirou a chave da ignição do veículo.

Ao pedir a chave, o homem  foi agredido, até ficar desacordado, e teve seu celular levado. A Polícia Militar socorreu a vítima, encaminhando-a ao Hospital de Urgências de Sergipe (Huse). Levantamentos iniciais mostram que o trio é suspeito do ocorrido.

por João Paulo Schneider 

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