Animais contaminados podem prejudicar população, diz especialista

Manchas de óleo atingem litoral de Sergipe (Foto: Adema)
Professor doutor Gustavo Cardoso falou sobre os impactos das manchas de óleo (Foto: Portal Infonet)

As manchas de óleo, que atingem o litoral do Nordeste e com maior intensidade o estado de Sergipe, tem impactos incalculáveis. De acordo com o professor doutor Gustavo Cardoso, que leciona as disciplinas de avaliação de impactos ambientais, gestão de resíduos sólidos e gestão ambiental, as substâncias contaminam o ambiente aquático, animais e também a população. Cerca de 58 toneladas de óleo já foram retiradas das praias sergipanas. A principal preocupação é fazer a contenção para que o problema não chegue aos rios.

De acordo com o especialista, o óleo contamina a água e pode chegar ao fundo do mar, atingindo os plânctons, seres essenciais à sobrevivência de milhares de espécies. “Além da parte que a gente vê, existe a parte que fico dissolvida na água e contaminou o ambiente. Até agora, o óleo já está sendo visto de forma superficial na água, mas a partir do momento em que ele atinge uma densidade maior, ele começa a se coagular e descer para o fundo do mar, onde vai impactar outra área, contaminando os corais, os seres que ali vivem ou outras classes de animais. Até isso ser resolvido, todos os seres estão expostos. Os animais contaminados, como é o caso dos peixes, por exemplo, se consumidos podem trazer problemas à população”, detalha.

Adema diz que havia vestígios de óleo na região cervical e na cloaca da tartaruga (foto: Celse)

O especialista explica que além dos impactos ambientais, as manchas de óleo já estão causando impactos socioeconômicos e culturais. “Os pescadores já não podem mais manter sua cultura. Diversas praias já registram reclamações por causa do óleo. Comerciantes em Pirambu e na Praia do Saco já relataram queda no movimento de clientes. Atividades culturais ligadas à praia, como o surf e os campeonatos, estão proibidas”, pontua.

Na visão do professor, o primeiro passo para solução do problema é a cessão da fonte das manchas de petróleo. “Até o momento, não foi identificada a causa do dano. Não se sabe se isso ocorreu de forma pontual ou se o vazamento continua acontecendo. O primeiro passo é cessar essa fonte e em paralelo, fazer a remoção dessas substâncias, não deixando que ela se espalhe para outras áreas”, explica.

O especialista explica que é difícil estimar quanto tempo durariam os efeitos das manchas de óleo na natureza, mas destaca que já existem técnicas que auxiliam na remoção das substâncias. “A natureza consegue se recuperar, mas o grande problema é que a gente não deixa ela chegar ao ponto de recuperação. Por outro lado, nós temos aí diversas técnicas. Uma dessas técnicas enquanto as manchas ainda são superficiais é o uso de cordões absorventes. Também já existem estudos nos quais foram usados microrganismos para degradar o óleo. No entanto, há algumas regiões onde a situação é mais difícil, como o mangue e os corais, locais de desova e reprodução marinha, com acessibilidade difícil, que se atingidas por óleo, podem causar um impacto ainda maior”, detalha.

por Verlane Estácio

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