O vereador Marcélio Bomfim (PMN), que foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores em Sergipe, deixa nas entrelinhas que tem dúvidas, hoje, se o seu ex-partido avançou ou retrocedeu na política. Considera que o Governo do presidente Lula da Silva (PT), que está se iniciando agora, não trás as características do partido que ele ajudou a crescer e nem parece muito disposto a fazer as mudanças sociais que todos ansiavam. Acha, inclusive, que o perfil da atual administração é neo-liberal e que o Partido dos Trabalhadores está diretamente vinculado aos setores mais conservadores existentes no País. Aliás, não é de agora que se percebe a competência da direita brasileira, que sempre esteve forte – e com voz de comando – em todos os Governo que passaram pela República, desde a ditadura militar, passando pelos ditos democratas e agora invadindo o que se imaginava de mais progressista na vida brasileira. O Partido dos Trabalhadores realmente perdeu o perfil de antes… Marcélio Bomfim lembrou que em 1985, o Partido dos Trabalhadores se recusou a participar da chamada Aliança Democrática, que elegeria Tancredo Neves a presidente da República, porque o candidato à vice-presidente era o senador José Sarney. Ameaçou de expulsar quem participasse desse movimentou que agitou o país. O partido não podia votar em Tancredo Neves para presidente, porque ele tinha o apoio de José Sarney e de Antônio Carlos Magalhães (PFL), que ainda hoje são nomes fortes na cúpula decisória do Brasil. Neste período, lideranças reconhecidas como Bete Mendes, à época deputada, e outros integrante importantes do partido, deixaram o PT e se alojaram em legendas que apoiavam a aliança. Marcélio Bomfim também desfiliou-se e trabalhou pela Aliança Democrática, que poderia ter o apoio de Sarney e de ACM, mas com certeza derrotaria Paulo Maluf, que era o candidato da preferência dos militares. Se o Partido dos Trabalhadores abandonou a candidatura de Tancredo, que realmente era de uma direita mais avançada, indiretamente dava apoio a Paulo Maluf e à continuidade do regime militar. Segundo ainda Marcélio Bomfim, todo o Brasil assiste, de olhos esbugalhados e queixos caídos, a forma como o Partido dos Trabalhadores está tratando a senadora Heloisa Helena (AL), que continua pensando que ainda está em uma sigla que defende reformas sociais profundas no País. Lembrou que Heloisa Helena está sendo punida, pelo partido, não apenas porque deixou de votar em José Sarney para presidente do Congresso Nacional, “mas porque não compareceu à posse de Sarney, o que foi considerado uma desfeita ao novo comandante do Congresso”. A que ponto se chegou: um partido que chorou pela derrota das diretas, que foi às ruas pelo impeatchement do presidente Collor, que teve a coragem de movimentar a classe operária. Está punindo uma de suas mais autênticas representantes, porque não aceita um entendimento rasgado com a representação maior da direitona brasileira. Quê PT é esse que pune uma senadora progressista, como Heloisa Helena, para preservar um cidadão que veio das entranhas do conservadorismo? Não foi nesse Partido dos Trabalhadores que o povo confiou. Aqui em Sergipe, mais precisamente em Aracaju, o prefeito Marcelo Déda (PT) está sentindo na pele o que é uma composição com o grupo que está acostumado com os braços largos do poder. Escolheu nomes para compor sua administração e, porque não abriu espaço para todos os segmentos que estiveram com José Eduardo Dutra no segundo turno, terá que administrar a ira dos partidos que vieram da direita para a esquerda, por questões meramente paroquiais e sem qualquer convicção, ou pretensão, ideológica. O Partido dos Trabalhadores era realmente muito fechado, circulava em torno do seu próprio umbigo e se considerava o que existia de mais progressista na política brasileira. E até o era. Entretanto, quando resolveu abrir o leque, escancarou as pernas e se deixou estuprar por segmentos absolutamente contrários a uma doutrina que seus cardeais sempre pregavam para os fieis militantes. Está ai o PT e seu problema, extremado, e alicerçado pela direita que ele tanto combatia e que o derrotou por muitos anos. “Se o inimigo é forte, junte-se a ele”, ensinou Maquiavel. Será que foi isso? É, vamos tirar o chapéu: esse pessoal da direita. É muito competente… DECISÃO A senadora Maria do Carmo Alves (PFL) vai assumir a Secretaria de Erradicação da Pobreza e se afastar, através de licença, do Senado Federal. A decisão já foi tomada e é irreversível. Maria quer fazer um trabalho amplo em todo Estado, inclusive em Aracaju, para reduzir ao máximo a situação de miséria que vive parte de uma imensa legião de rejeitados. POSSE É possível que a senadora Maria do Carmo Alves já tenha data marcada para assumir a nova Secretaria, o que acontecerá imediatamente após o seu pedido de licença. O senador suplente Manoel Elias de Santana, conhecido por Renildo, será o novo senador. Ele é empresário do ramo da cerâmica e já foi prefeito de Itabaianinha. CONVERSA Renildo, inclusive, já teve uma conversa com a senadora Maria do Carmo Alves e marcaram um outro para hoje pela manhã, quando será definida a sua posse no Senado. Ontem, de sua empresa, ele disse que sabe que está assumindo por alguns meses e que o mandato estará à disposição de Maria do Carmo na hora que ela quiser retornar. REAÇÃO O deputado estadual Fabiano Oliveira (PPS) não ficou satisfeito em não ter sido pelo menos convidado para o anuncio da nova equipe do prefeito Marcelo Déda (PT). Fabiano vai ficar em stand by, mas sem pensar em ingressar no Governo. Ele deseja formar uma terceira via, para formação de um bloco independente. VOTAÇÃO Fabiano Oliveira diz que foi segundo deputado mais votado em Aracaju, perdendo apenas para Ana Lúcia (PT) e acha que não pode ficar fora da ação política da oposição. O deputado diz que não está atrás de cargos, mas quer espaço político: “Se não for assim, vou pegar o kit de outro bloco. O Com Amor, por exemplo”. JERÔNIMO O deputado Fabiano Oliveira disse que conversou com o ex-prefeito Jerônimo Reis, quinta-feira, por telefone. Ele também não foi convidado e nem escutado. Jerônimo acha que tem muita gente que apoiou o PT e que não pode ficar à margem, como foi o caso do seu partido, o PTB, e lideranças como Chico de Miguel, em Itabaiana. OUVIR Um dos experientes políticos que acompanhou Déda também ficou chateado e disse que ele precisa mudar, ampliar mais o espaço, para que assuma a liderança da oposição no Estado. Para conseguir isso, segundo a mesma fonte, o prefeito tem que olhar para todos os partidos que estiveram com ele no segundo turno das eleições estaduais. LIBERAIS Entre os liberais, na reunião que houve quinta-feira logo após o anuncio, o clima esquentou muito e houve até proposta de rompimento imediato, pela não participação na equipe. O pessoal considerava que, como aliado desde o início, o PL deveria ter sido um dos primeiros a ser convocado para discutir a formação da equipe e sugerir nomes. SILÊNCIO Quem conseguiu abafar os ânimos foi o deputado federal Heleno Silva (PL), para evitar que houvesse conseqüências desagradáveis na composição. O Partido Liberal vai evitar qualquer manifestação e ficar em silêncio para sentir o que poderá acontecer daqui para frente. COMUNICAÇÃO O ex-secretário da Educação, jornalista Nilson Socorro, deve assumir a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Aracaju, a convite do prefeito Marcelo Déda. Nilson sempre exerceu sua atividade profissional, já foi diretor de jornalismo da TV-Sergipe e redator da Gazeta de Sergipe. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) viaja na terça feira para conversar com o seu colega Inocêncio Oliveira e discutir os problemas das comissões. Machado disse que estava atento à questão para Previdência Social e vai levantar tudo que se falar sobre o setor. Quer saber o que Lula pretende fazer para resolver o problema. INFRAERO A Infraero divulgou que, em janeiro, houve uma redução de seis mil passageiros que desembarcavam em Aracaju, em relação ao mesmo período de 2002. Em razão disso, a Varig e a Tam cancelaram vôos para Sergipe. A Tam, por exemplo, trocou os Air Bus pelos Folker 100, tendo em vista a redução da demanda. EXPLICAÇÃO O presidente da Emsetur, Ari Leite, informou que a queda é um reflexo do exercício anterior, que tinha à frente um membro do trade, Sérgio Oliveira. Ari diz que a partir de agora vai reiniciar um trabalho de recuperação do turismo em Sergipe, para que, até o final do ano, volte até a aumentar o número de vôos. REAJUSTE Depois de oito anos sem reajuste, os servidores estaduais já podem sonhar com isso. O governador João Alves Filho já encomendou estudo para avaliar os percentuais possíveis. Saiu na frente do presidente Lula da Silva, pois os servidores federais estão com o mesmo problema e o presidente não acenou o problema. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br