Catadoras de mangaba fazem ato contra redução de reserva extrativista

Abraço simbólico marcou ato da comunidade nesta quarta-feira (Foto: Enviada pela associação)

A reserva das mangabeiras, onde estão cerca de 11 famílias que vivem da atividade de extrativismo do fruto, foi o local de um ato simbólico da comunidade e outros grupos na manhã desta quarta-feira, 19, nas proximidades do bairro 17 de Março. A Associação das Catadoras de Mangaba tem demonstrado preocupação com o projeto da Prefeitura de Aracaju de construção de um conjunto habitacional na região, que estaria colocando em risco parte da reserva que é o sustento das famílias.

De acordo com Uilson de Sá, presidente da associação, o projeto da Prefeitura prevê a retirada de algumas mangabeiras e vai colocar em risco toda reserva. “O projeto diz que a reserva vai permanecer, mas o que a gente observa é que essa área de reserva será um quadrado, como uma praça. Quando a gente considera a área que temos hoje (com 6 mil mangabeiras), vamos ter uma perda de 1.800 pés de mangabeira, que estão em duas áreas grandes e em laterais que vão ser tomadas pelo conjunto. Além disso, a área da reserva vai ficar separada do conjunto por uma rua apenas, o que vai colocar em risco essa atividade tão importante para essas famílias”, explica.

Ainda segundo Uilson, algumas árvores já foram perdidas com a ocupação das Mangabeiras e durante o processo de derrubada dos barracos, mais recente. A comunidade diz que tem pedido compreensão da Prefeitura de Aracaju e, através do Ministério Público Federal, aguarda ações que resguardem a totalidade da reserva. O processo vem sendo mediado pelo MPF há cerca de 3 anos.

PMA

A PMA disse que Unidade de Conservação Extrativista das Mangabeiras será destinada à preservação e manejo da árvore símbolo do estado, de maneira que os catadores que sobrevivem desta cultura possam, ao mesmo tempo, ter acesso à moradia digna e desenvolvimento econômico sustentável.

Segundo a PMA, conforme aponta o decreto municipal número 6.175, promulgado em julho de 2020, a área de conservação atingirá 92.125,81 metros quadrados, ou quase um terço do tamanho total do terreno. O intuito é garantir a segurança tanto do patrimônio ambiental, quando dos costumes dos aracajuanos que tiram seu sustento das mangabeiras, conforme prevê a mesma legislação.

A administração municipal explicou que tem se valido de estudo minucioso das características do local. “Nós contratamos uma empresa especializada em análise ambiental, que está, inclusive, catalogando as espécies que existem no espaço. Não se trata de uma aproximação, mas uma contagem de árvore por árvore, para que se possa preservar. Além disso, temos acesso à imagens por satélite, de 2009 a 2020, ou seja, uma análise de 11 anos, que nos apontou o local específico onde a reserva precisa ser criada para reduzir o número de perdas, bem como os efeitos da ocupação desordenada que vigorava até a intervenção da Prefeitura”, explica o presidente da Empresa Municipal de Obras e Urbanização, Sérgio Ferrari.

Além de apontar a quantidade exata de árvores no local, o relatório da empresa contratada distingue também as espécies, de maneira que se poderá preservar também cajueiros, mangueiras, bananeiras, amendoeiras e até mesmo dicuris da praia (espécie em extinção no país).

A PMA disse também que houve uma consulta pública entre os dias 31 de julho e 14 de agosto, que reuniu um número importante de sugestões, que serão avaliadas por uma comissão composta por técnicos da Emurb e Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema). “Recebemos propostas muito interessantes, inovadoras, inclusive, sobre o formas de melhorar tanto o manejo das mangabas quanto sua reprodução, de maneira que agora a comissão se reunirá e discutirá as melhores maneiras de colocar as sugestões em prática na área de conservação”, comemora Ferrari.

Ainda segundo a PMA, devido ao recebimento de sugestões interessantes, que demandam uma análise criteriosa, assim como pela complexidade dos temas abordados, a audiência pública marcada para o dia 26 de agosto será remarcada. O objetivo é permitir à comissão um estudo cuidadoso de todas as propostas, antes de abrir mais um canal de debate.

 

Por Ícaro Novaes

 

A matéria foi alterada às 17h55 para acréscimo de nota enviada pela PMA. 

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