Desmatamento traz consequências drásticas para vida das espécies

Engenheiro Florestal, Thiago Roberto Soares, fala sobre consequência do desmatamento (Foto: Portal Infonet)

Os índices de desmatamento no país vem aumento muito durante os últimos anos. Só na Amazônia, uma das poucas florestas tropicais que restam de pé no mundo, de 2000 a 2007, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram desmatados mais de 200 mil km², uma área que corresponde ao território da Alemanha. Os impactos desse desmatamento é sentido por todos no Brasil, e no mundo.

“É uma área muito grande, e isso impacta profundamente na vida não apenas do ser humano, mas na vida de muitas espécies. Temos espécies de plantas na Amazônia que ainda sequer foi catalogada, e essas espécies podem sumir sem sequer ser conhecidas. Sem contar muitos animais que estão criticamente ameaçados de extinção por conta do desmatamento que acontece em todos os biomas do país. A água brota no asfalto? Não! As nascentes estão nas áreas de mata, e tudo está ameaçado com o desmatamento”, afirma Thiago Roberto Soares, engenheiro florestal.

Em Sergipe restam apenas cerca de 12% de mata nativa, um valor muito abaixo do que preconiza os órgão ambientais. “Temos dois biomas em Sergipe: metade mata atlântica e metade caatinga. O que sobrou de mata atlântica no estado corresponde a cerca de 9% e de caatinga 25%, mas o estado de Sergipe como um todo, segundo dados da Secretaria de Meio Ambiente, tem em torno de 12% de vegetação nativa, é muito pouco. O mínimo admissível seria 20%. Esse desmatamento interfere na produção agrícola, no clima, na fauna, na flora, ou seja, na vida como um todo”, ressalta.

O desmatamento acontece tanto pela ação humana que desmata para extrair madeira, fazer pastos, plantações, para construção civil, quanto pelas queimadas. O desmatamento provoca um estrago enorme no âmbito local, regional e nacional tanto para a população quanto para os biomas. “Muitas comunidades da Amazônia vivem do extrativismo do látex, açaí, cupuaçu, e cada vez os recursos naturais ficam mais escassos. Já ficou comprovado que a Amazônia tem uma relação íntima com as chuvas da região sudeste, ela interfere na chuva de São Paulo, por exemplo. A Amazônia é considerada o pulmão do mundo, ela é uma das pouquíssimas florestas que ainda estão de pé e é a maior floresta tropical do mundo, e as florestas têm o papel de regular o clima, então ter uma situação dessa na floresta é um prejuízo para o mundo”, diz.

O engenheiro lembra que a população tem que entender que preservar as áreas de mata, é preservar a vida de muitas espécies, inclusive a do ser humano. “As queimadas são muito prejudiciais para população em termos de saúde, mas para vegetação em si ela é terrível. O papel da mata é fornecer serviços ambientais, como conforto térmico, captação de carbono, regulação do clima, então tudo é fornecido pelas áreas verdes. Na Amazônia, que é uma floresta adulta, madura, com árvores de até 300 anos, essas vegetações demoram anos para se recuperar. É preciso que a sociedade entenda e se conscientize que quem vai pagar essa conta não somos apenas nós, são nossos filhos e netos daqui a 30, 50 anos, e vão pagar com juros altíssimos pela forma como lidamos com essa mata hoje em dia”, alerta Thiago.

Prevenção

Todos podem contribuir para preservar o meio ambiente. O primeiro passo, segundo Thiago, é a educação e a conscientização da população, em especial das crianças, para que elas se tornem adultos conscientes. “As pessoas devem se engajar e participar de campanhas de prevenção e educação ambiental; participar do plantio de mudas, cultivar as árvores, praças e a vegetação local; incentivar as crianças desde pequenas para formamos adultos mais conscientes; não jogar lixo em locais inadequados; e os fumantes, não jogar birra de cigarros pelas janelas para evitar as queimadas”, orienta.

Outra forma de contribuir para redução do desmatamento é se certificar de que aquela madeira do móvel novo que vai ser comprado para a casa é legalizada, e denunciar sempre que se deparar com irregularidades. “Quando a população compra um móvel de madeira, ou estaca, lenha, tem que procurar saber se essa madeira é certificada. Sem os instrumentos legais para a comercialização desse produto, quem compra contribui para a desmatamento, porque o desmatamento acontece em área que não são manejadas, que não tem o acompanhamento dos órgãos do governo federal e dos órgão de licenciamento, então saber a procedência do que se leva para casa é uma forma de combater o comércio ilegal e o desmatamento”, adverte o engenheiro ambiental.

Por Karla Pinheiro

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