Famílias retiradas de Invasão acampam na sede da Prefeitura

Famílias estão acampadas em frente à sede da Prefeitura desde a madrugada (Fotos: Portal Infonet)

Cerca de 50 pessoas que residiam na Invasão da Água Fina, no bairro Santa Maria, acamparam durante todo o dia desta quinta-feira, 26, na frente do Centro Administrativo Professor Aloísio Campos, sede da Prefeitura Municipal de Aracaju. Metade desse grupo vai dormir no local. Eles foram retirados dos barracos na última quarta-feira, 25, em uma das últimas ações de desocupação executadas pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc). Todos os barracos da área foram demolidos.

As famílias alegaram que se dirigiram à sede da Prefeitura porque depois da retirada das famílias daquela área, elas invadiram a creche João Batista Douglas, no mesmo bairro, mas foram retiradas de forma truculenta por agentes da Guarda Municipal.

“Jogaram spray de pimenta, deram choques, mostraram armas. Uma menina de sete anos chegou a fazer xixi na roupa tamanho foi o medo da ação deles. A toda horas nos chamavam de marginais”, relatou a desempregada Josefa de Jesus Santos, que vivia na Invasão da Água Fina com o marido e três filhos há seis meses.

Josefa exibe o comprovante do cadastro. "Sem garantia alguma", disse

Segundo ela, às famílias retiradas por último restou apenas a inclusão em um cadastro para programas residenciais. Nenhum deles recebeu auxílo-moradia. “Tiraram as famílias de lá à força. Mandaram apenas que a gente fosse para casa de familiares”, criticou Josefa. “Eles disseram que a gente tem casa, mas isso não é verdade. Porque eles não verificam o CPF de cada um pra ver quem tem e quem não tem?”, indagou a moradora.

Sem benefícios

Adriano Vital foi um dos integrantes do grupo de moradores recebido pelo secretário Bosco Rollemberg no início da tarde. Deficiente físico, ele morava na invasão há dois meses, com a esposa e os três filhos. Ele confirmou que a Prefeitura não incluirá nenhuma dessas famílias no auxílio-moradia. Também não há previsão de quando eles serão contemplados com uma moradia.

Adriano diz que famílias não terão direito nem a se alojar em um galpão

“Não querem nem alugar um galpão para que a gente fique alojado. A única garantia que temos é o cadastro, mas também não há qualquer previsão de quando vamos receber as casas. Eles disseram que todos aqui tem uma casa, mas não apontam quem é. Também disseram que a Prefeitura não tem mais dinheiro para nos dar auxílio-moradia”, lamentou Adriano.

A Semasc confirmou que essas famílias não receberão auxílio-moradia e nem serão contempladas no programa residencial nos próximos projetos, pois estes serão destinados às mais de três mil famílias já cadastradas anteriormente. Essas famílias não receberão as casas porque chegaram na Invasão da Água Fina depois que a Prefeitura já havia cadastrado quem morava no local há mais tempo. Por este mesmo motivo elas não terão direito aos demais benefícios, informou a assessoria do órgão.

O diretor-geral da Guarda Municipal de Aracaju, major Edenisson Paixão, negou que houve truculência na ação de retirada das famílias da creche invadida. Ele disse que a invasão ao prédio foi “manipulada por quem não precisa para influenciar

Invasão foi completamente desocupada na quarta-feira, 25 (Foto: Ascom/Semasc)

quem precisa”. Ele disse que a Guarda foi informada da invasão no momento em que ela ocorria. “Pedimos que saíssem e deixamos que, em dupla, eles retirassem do prédio os pertences. A diretora da creche disse que eles levaram os brinquedos das crianças e estragaram os livros que elas utilizam. Também tivemos informações de que eles já haviam arrombado o cadeado da sala de merenda”, disse.

Paixão acrescentou que em todas as ações de retirada das famílias das invasões não houve qualquer incidente. “Eles vão alegar tudo, mas nós fomos tranquilos na ação. Agimos com prudência, apenas conversando, mas sendo incisivos para garantir a segurança”, explicou.

A Guarda Municipal tentou fazer com que as famílias saíssem da frente da sede da Prefeitura, mas apenas metade delas atendeu ao pedido. “A outra metade vai dormir lá”, confirmou o major.

Por Diógenes de Souza

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