Jovens dizem que foram agredidas por PM

Jaqueline e patrícia alegam que foram agredidas(Foto:Portal Infonet)
Jovens que alegam terem sido agredidas por um tenente da Polícia Militar na noite do último domingo, 26, estiveram no Instituto Médico Legal (IML), na manhã dessa terça-feira, 29, para realizar exames de corpo e delito.

De acordo com Jacqueline Alves, 26 anos, o tenente identificado como ‘J. Lima’ foi o autor das agressões sofridas pelas jovens. “Meu carro estava estacionado na rua C do final de Linha do Bugio, próximo ao bar Tropeiro e próximo a casa nº40, de onde saiu esse policial”, explica Jaqueline.

Ela explica que foi em seu carro para pegar um documento e presenciou um homem com uma arma na cintura, reclamando com algumas jovens que estavam nas imediações. “A impressão que tive foi que as outras meninas estivessem fazendo xixi atrás de um do carro dele e por essa razão ele estaria chateado, reclamando e mandando-as saírem”, relata.

Jaqueline disse que no momento em que foi se aproximando do seu carro, o homem, já com a arma em punho iniciou as agressões verbais. “Ele não deixou que a gente fosse até o carro e foi chamando todo mundo de vagabunda, dizendo que era para sair dali que ali não era lugar para cheirar”, revela a jovem, acrescentando que ele as incluiu no problema só por que estava passando pelo local.

Diante das primeiras agressões, Jaqueline junto com a amiga Patrícia Santos de Pádua, 21 anos, e gestante resolveram ligar para o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública(Ciosp). “Até então a gente não sabia que se tratava de um policial. Pensamos que era algum louco com uma arma na mão querendo ser o dono da rua”, pontua Patrícia.

Jovens foram até ouvidoria da PM registrar ocorrência
A gestante ainda relatou que cerca de trinta minutos após a ligação, chegou ao local uma viatura da Rádio Patrulha. “Relatamos o que havia acontecido e apontamos para os policiais quem era o agressor, daí fomos surpreendidas”, ressalta Patrícia.

De acordo com as jovens os policiais foram até o suposto agressor e todos se cumprimentaram. “Nesse momento tentei anotar a placa do carro que estava estacionado, porque percebi que quando ligamos para a polícia ele escondeu a arma dentro desse carro”, explica Patrícia.

As jovens ainda relataram que ao perceber que elas haviam anotado a placa do carro, o homem partiu ao encontro das duas e deu início as agressões físicas. “Ele chegou e deu um murro na cabeça de Patrícia e ela caiu no chão, então perguntei aos policiais da RP se eles não iriam fazer nada, foi então que eles disseram que não podiam nos ajudar, já que se tratava de um policial”, revela Jaqueline.

Jaqueline ainda explicou que ao tentar argumentar recebeu um tapa no rosto e foi obrigada a deixar o lugar. “Ele me deu um tapa, me chamou de vagabunda e mandou que fôssemos embora dali”, continua ela.

Jovens registraram ocorrência às 8h45 de domingo,26
Ainda segundo Jaqueline, ao ser agredida acabou perdendo o aparelho celular, o que resultou em outro problema. “Sabia que meu aparelho tinha caído no meio da confusão, então entramos no carro e fomos direto para a Delegacia Plantonista onde registrei a ocorrência, inclusive falando do celular”, explica

A ocorrência foi registrada pelas jovens às 8h45 do domingo, 26, e segundo Jaqueline inúmeras ligações foram realizadas da própria delegacia para o número do seu celular. “Ligamos algumas vezes, mas só chamava e ninguém atendia o que significa para mim que não foi roubado e nem achado por uma pessoa qualquer, se não já teriam retirado o chip”, ressalta.

Jaqueline ainda revelou que por volta das 2h30 da madrugada de segunda-feira, 27, um homem ligou para residência dela e mandou que a mesma fosse buscar o celular na delegacia. “Minha mãe atendeu e a pessoa perguntou onde eu estava. Com medo, eu esperei dia amanhecer e fui até a delegacia saber dessa história”, explica

Segundo Jacqueline o tenente J. Lima esteve na delegacia e entregou o celular alegando que havia apreendido junto com duas trouxas de maconha e cocaína. “Ele informou que o celular e a droga estavam com duas meninas e que ele havia prendido. Mas que tipo de policial é esse que prende as drogas e não prende em flagrante as duas meninas?”, questiona Jaqueline.

A jovem explicou que não recebeu o aparelho de volta e que foi aconselhada procurar a ouvidoria da polícia e registrar a ocorrência. “Já fomos até a ouvidoria e ainda hoje vamos ao Ministério Público Estadual conversar com o promotor Deijaniro Jonas. Não queremos que isso tudo fique impune e que esse homem continue abusando da autoridade”, salienta a Jaqueline.

Policia Militar

Segundo o assessor de comunicação da Polícia Militar, capitão Donato, a polícia já conseguiu identificar o policial, que explicou o ocorrido. “ Conversamos hoje cedo ele nos mostrou o boletim de ocorrência que foi registrado às 00h30 após ele ter encontrado quatro trouxa do que pode ser cocaína e um aparelho celular, com o visor quebrado.

Segundo o capitão Donato, o policial explicou que estava na casa dos pais na companhia da esposa e do filho de oito meses. “Segundo ele a sua mulher foi até a frente da residência e constatou que haviam algumas mulheres urinando na frente da casa, nesse momento ele teria pedido, de maneira firme, que ela  se retirassem” relata.

O policial teria relatado ainda ao capitão Donato que as mulheres se dirigiram ao Bar Tropeiro e a esposa do policial teria acionado o Ciosp. “A informação que ele nos passou foi que ao perceberem a presença da viatura as mulheres se aproximaram. Mas como não houve nenhum tipo de situação que levasse a ação dos policiais, a equipe teria se retirado”, relata Donato.

O policial ainda explicou ao capitão Donato que em seguida as jovens entraram no carro que estava estacionado próximo a casa do policial e foram embora. “Ele nos revelou que apenas nesse momento percebeu que o carro pertencia, então resolveu ir até o local que o veículo estava estacionado e acabou encontrando as trouxas que podem ser cocaína e o aparelho celular”, relata.

Donato ressaltou que o policial foi até a Delegacia Plantonista e entregou os objetos encontrados. “ Ele fez o que deveria ser feito. Ele encontrou na rua, no local onde o carro estava estacionado, entregou e registrou tudo. Não acusou ninguém até porque ele não encontrou dentro de veículo nenhum”, pontua Donato.

O assessor ainda questionou o fato do exame não ter sido feito no dia da ocorrência. “ O que não estamos entendendo é porque só hoje[28] essas meninas foram ao IML fazer exames. Elas não receberam uma guia de solicitação de exames? Porque não na segunda-feira pela manhã? Tudo isso deve ser analisado” indaga Donato

Capitão Donato ainda ressaltou que o tenente nega as agressões. “Cabe a elas comprovarem essas agressãos. A corregedoria já vai através do setor de investigação prévia saber se há necessidade de se abrir uma sindicância”, finaliza.

Por Alcione Martins e Raquel Almeida

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