Juiz inicia júri de acusados pela morte de procurador do Estado

Sessão de julgamento deve durar três dias (Fotos: Portal Infonet)

O juiz Alício de Oliveira Rocha, da 5ª Vara Criminal, iniciou o julgamento dos três réus acusados pela morte do procurador do estado aposentado e ex-delegado de polícia Antonio de Melo Araújo, atropelado no dia 6 de abril de 2014 na Rodovia dos Náufragos, na zona de expansão de Aracaju. Três réus são acusados de articular a morte do procurador do estado aposentado, entre eles a viúva Anoilza Santos Gama Melo de Araújo, que enfrenta o júri popular no 1° Tribunal do Júri no Fórum Gumersindo Bessa, em Aracaju.

Luanda Araújo: sem dúvida que foi crime de mando

Antonio de Melo divorciou-se da primeira esposa e passou a conviver maritalmente com Anoilza, que foi presa acusada como mandante do crime. Além de Anoilza, que é a única pessoa presa nesse processo, também estão sendo julgados Manoel Nogueira Neto e filho Gabriel Ernesto Nogueira de Oliveira. Conforme os autos, Gabriel teria tido um relacionamento amoroso com Anoilza Gama e seria o responsável pela contratação de supostos pistoleiros para matar o procurador do estado aposentado.

Conforme a investigação, o veículo utilizado para o suposto crime foi abandonado no local e os condutores nunca foram localizados. O veículo era um Polo de placa MUY 6989, licença do Estado de Alagoas. O carro havia restrição de roubo e, dentro dele, os policiais encontraram documentos de Manoel Nogueira, pai de Gabriel.

Julgamento

Isabelle Fontes e Jairo Alves apontam falhas processuais

O Conselho de Sentença foi formado, pela manhã, no início da sessão de julgamento e a primeira esposa de Antonio de Melo, divorciada desde que ela descobriu o relacionamento da vítima com Anoilza, foi a primeira testemunha a prestar depoimento na manhã desta quarta-feira, 28. Emocionada, a ex-esposa da vítima falou que tinha boa relação com o procurador, apesar do divórcio, e teria observado nos últimos encontros que teve com ele [como amigos] a tristeza do ex-companheiro.

O julgamento segue, com a previsão de ter duração de três dias. Conforme o processo, 17 testemunhas foram arroladas, incluindo aquelas apresentadas pelo Ministério Público e pelas respectivas defesas dos réus. Mas o advogado Francisco Carlos de Moura, que não tem grau de parentesco com Anoilza e atua na defesa de Gabriel Nogueira, dispensou a oitiva de três testemunhas que prestariam depoimento. Francisco Carlos não tem dúvida que o cliente é inocente, tese também apresentada pelos advogados que atuam na defesa de Anoilza. “Temos uma tese, mas precisamos preservar essa tese porque parte do processo está em segredo de justiça”, explicou o advogado, assegurando que os conceitos serão apresentados durante a sessão de julgamento. Procurado pelo Portal Infonet, o advogado Ricardo Henrique Nogueira de Oliveira, que atua na defesa de Manaoel Nogueira, o pai de Gabriel, preferiu não se manifestar.

Francisco Carlos: tese da defesa preservada para garantir sigilo do processo

Já os advogados Jairo Alves e Isabelle Fontes atuarão de forma conjunta na defesa de Anoilza Gama. Os advogados não têm dúvidas de que os três réus são inocentes e apontam falhas nas investigações. Eles apontam como falha o fato do condutor do veículo que atropelou o procurador aposentado ainda não ter sido localizado, que seria peça chave para desvendar o mistério que rodeia aquele episódio. “O condutor e o ocupante do carro que podiam elucidar, mas não foram localizados”, observa Jairo Alves.

Na ótica da defesa, os responsáveis pela morte do procurador aposentado são aqueles que se encontravam no veículo que o atropelou. “E eles não estão aqui. Isso já comprova que houve falha na investigação”, complementa a advogada Isabelle Fontes. O advogado Jairo Alves também coloca como falha na investigação a forma como um outro suspeito, Felipe Dias Gomes, foi incluído na investigação policial.

No primeiro momento, conforme o advogado, Felipe chegou a ficar preso por um período de um ano e onze meses, acusado de ter criado uma carta creditada ao procurador, informando sobre o interesse de não mais viver. A carta foi classificada como falsa, Felipe chegou a ser indiciado, mas foi impronunciado e retirado do rol dos réus. “Ele [Felipe] foi vítima das falhas da investigação, isso é inequívoco. Foi provado que a carta não foi ele quem escreveu, mas o próprio Antonio”, observa Jairo Alves.

Disputa pelos bens

São teses contestadas pela acusação. O Ministério Público apresentou a denúncia contra os acusados e está representado na sessão de julgamento pela promotora de justiça Suzy Mary de Carvalho Vieira. Filha do primeiro casamento do procurador aposentado, Luanda Almeida Araújo acompanha a sessão de julgamento, chorando, amparada por amigos e familiares.

Ela não tem dúvida que Anoilza articulou a morte do pai dela por meros interesses patrimoniais e garante que a carta atribuída à vítima não foi escrita pelo procurador aposentado, antes da morte. “Eles alegam que a carta foi escrita por meu pai, mas não foi. A letra não é dele e há muitos erros de português clássico, que meu pai não cometeria”, rebate.

Quanto ao fato dos ocupantes do veículo que atropelou o aposentado não terem sido localizados durante o processo de investigação, Luanda de Araújo não vê problemas. “Isso não atrapalha de forma nenhuma a investigação. São contundentes as provas de que ela [Anoilza] foi mandante do crime”, enaltece.

por Cassia Santana

A matéria foi alterada às 13h17 do dia 29/08 para acréscimo de informações

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